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Valverde já gera dúvidas sobre como Barça jogará na próxima temporada

REUTERS/Albert Gea
Imagem: REUTERS/Albert Gea

João Henrique Marques

Do UOL, em Barcelona

19/06/2017 04h00

O que Ernesto Valverde está pensando para o Barcelona é uma incógnita na cidade catalã. A imprensa local se esforça para entender os planos táticos do treinador. O grande problema é o fato de fixar o Athletic de Bilbao na temporada passada com um esquema 4-2-3-1, pouco utilizado pelo Barça.

O esquema de Valverde deixaria Luis Suárez isolado no ataque. Algo que acontecia no Bilbao com o centroavante Arduriz. A utilização do 4-3-3 característico do Barcelona há mais de 10 anos é uma incógnita.

“O 4-2-3-1 é sua base, ainda que utilize o 4-4-2 em muitos jogos fora de casa. A primeira inquietude por aqui é saber se vai ousar em modificar o 4-3-3”, destacou Juan Manuel Diaz, repórter do jornal catalão Sport.

“Em um primeiro momento não parece ser a contratação ideal. Mas o Bilbao do Valverde tinha uma marcação alta, e defesa adiantada. Isso sim casa bem com o estilo do Barcelona”, comentou Toni Padilla, repórter do jornal catalão Ara.

O 4-3-3 foi o esquema utilizado por Valverde no comando do Valencia na temporada 2012-2013. No Campeonato Espanhol, o time terminou na quinta colocação, com 65 pontos – Barcelona foi o campeão, com 100.

"O 4-3-3 é um esquema que o Barcelona veio adotando há muito tempo. É verdade que não foi exclusivo, já que jogou no 3-4-3 e, inclusive, no 4-2-3-1. Independentemente do esquema, o que deve permanecer é o estilo da equipe, que foi o responsável por transformá-la em uma lenda", destacou o treinador.

A análise foi uma resposta a uma pergunta de um torcedor em um programa da emissora do clube, a "Barça TV".

"É verdade que o esquema ajuda, mas o estilo não é marcado exclusivamente pelo esquema", reforçou o novo comandante da equipe catalã.

Goleadas contra o Barça

Messi encaixotado, Luis Suárez isolado e o Barcelona sob pressão. A cena é rara, mas encantou o próprio clube catalão. A goleada de 4 a 0 do Athletic de Bilbao na final da Supercopa da Espanha, em 2015, foi uma mostra do que Ernesto Valverde é capaz de promover.

O jogo em questão foi a partida de ida no estádio San Mamés. Na volta no Camp Nou, nada de 11 jogadores atrás da linha do meio-campo como no fiasco do PSG recentemente, e sim, marcação pressão. O resultado foi de 1 a 1 e um histórico título para o Athletic - Neymar esteve afastado dos jogos por conta de uma amigdalite.

"Em 2007, o Espanyol calou o Camp Nou com um empate incrível por 2 a 2. Isso fez o Barcelona perder o Campeonato Espanhol para o Real Madrid na última rodada. O Valverde fazia a temporada de estreia como treinador pelo Espanyol, e já mostrou ousadia ao atacar o Barça fora de casa", lembrou Toni Padilla.

"Buscar a intensidade, e não evitá-la. Essa é a maneira que gosto de ver o time se comportando contra o Barcelona. Obviamente a vitória é improvável. Mas se impor sempre será minha ordem", comentou Valverde antes de novo confronto contra o Barça no Camp Nou nesta temporada - Athletic perdeu por 3 a 1.

Valverde ainda tem no currículo o detalhe crucial para comandar o Barcelona: a passagem no clube como jogador. O ex-atacante atuou entre 88 e 90 sob o comando de Johan Cruyff e tinha como grande amigo Josep Guardiola. No total, foram 22 partidas disputadas e oito gols.

Na carreira como treinador, Valverde jamais foi demitido. Saiu amigavelmente dos times espanhóis Valencia, Villarreal e Espanyol. Na Grécia, pelo Olympiakos, conquistou três vezes a liga nacional (em 2008-2009, 2010-2011 e 2011-2012).