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Exaltados por Ceni, analistas do SP vivem "chuva" de indicações e pressão

Luiz Felipe Batista, ao centro, e Raony Thadeu, à direita, são analistas de desempenho  - Divulgação/São Paulo FC
Luiz Felipe Batista, ao centro, e Raony Thadeu, à direita, são analistas de desempenho Imagem: Divulgação/São Paulo FC

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo (SP)

24/06/2017 04h00

Não foram poucas as vezes em que Rogério Ceni exaltou o trabalho do departamento de análise de desempenho do São Paulo. A dupla Luis Felipe Batista e Raony Thadeu goza de alto prestígio com o técnico, que faz questão de dizer que "os meninos da análise entendem muito de futebol" e ajudam demais a comissão técnica. Mas há no clube quem torça o nariz e mine os profissionais.

O departamento é algo recente no Tricolor, iniciado na virada de 2015 para 2016. Batista foi o primeiro a chegar e o primeiro a sofrer. Fez carreira no Corinthians e, mesmo sem ter começado a trabalhar, viu conselheiros bradarem no Morumbi, protestando pelo passado ligado ao rival. Thadeu veio em 2016 e enfrentou a mesma resistência.

Há sempre alguém reclamando das origens da dupla se um reforço pouco produz, como nos casos de Robson e Jean Carlos, contratados de times da Série B no ano passado e logo dispensados.

A diretoria de futebol é defensora ferrenha do departamento, que ainda está em desenvolvimento, à espera de mais profissionais e equipamentos. Diante das reclamações vindas do Morumbi, reagem explicando que o trabalho de Batista e Thadeu vai além da observação de reforços. Acompanhar o rendimento dos atletas nos treinos e nos jogos, dissecar os adversários e auxiliar a comissão técnica na formulação de treinamentos táticos são as tarefas mais corriqueiras e determinantes do setor para que o time funcione. 

No caso de possíveis reforços, ninguém é contratado simplesmente com a escolha de um dos dois. Por mais que haja consenso por um nome, ainda é preciso atender exigências financeiras do clube. Nem sempre o melhor ou o preferido, neste cenário, será contratado. O processo é longo e varia. Ceni, por exemplo, gostou de Marcinho, acompanhou jogos e pediu que a dupla finalizasse a análise antes de efetuar a contratação, que acabou saindo do papel.

Com Cueva, no ano passado, o processo foi o inverso. Os dois encontraram o peruano enquanto analisavam Buffarini a pedido de Edgardo Bauza e repassaram a informação ao técnico, que deu o aval para os dirigentes agirem. 

Nas últimas semanas, entretanto, esse processo passou a ter mais envolvidos do que comissão técnica, analistas e diretoria de futebol. Conselheiros, acatando sugestões de amigos ou ofertas de empresários, repassaram dezenas de nomes para o departamento de análise com o pretexto de ajudar o São Paulo em um momento de crise.

A enxurrada de pedidos, muitas vezes totalmente fora dos padrões, aumentou a carga de trabalho e dificultou a filtragem de peças que realmente atenderiam às necessidades da equipe. A diretoria, ciente de que esta cobrança de conselheiros é algo antigo dentro do clube, considera que tem barrado esta invasão.

No meio da turbulência, os nomes de Arboleda e Gómez foram aprovados por Ceni. Outros tantos nem sequer chegaram ao técnico.