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Por que Balotelli mostra que amadureceu ao seguir em Riviera Francesa

Pascal Rossignol/Reuters
Imagem: Pascal Rossignol/Reuters

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

28/06/2017 04h00

Mario Balotelli disse sim ao Nice no início da temporada passada e muita gente decretou o fim da sua carreira. Agora, o atacante rejeitou sondagens de grandes clubes do futebol mundial para continuar morando na Riviera Francesa. E, ao contrário de quando chegou ao Nice, dessa vez a decisão mostra ambição e maturidade em relação a sua carreira.

Quer a prova? É só comparar os dois momentos. Em 2016, quando ele chegou à cidade do sudeste francês, vinha de duas temporadas fracassadas: em 2015, foi emprestado para o Liverpool e marcou só três vezes, e em 2016, de volta ao Milan, foram 20 jogos e só um gol. Naquele momento, o Nice parecia o início do fim da carreira do jogador.

Após arrumar confusão em Manchester, Liverpool e Milão, ele estava, pela primeira vez, em um clube pequeno. O Nice não era, nem de longe, um dos favoritos no Campeonato Francês e sua chegada à região foi muito mais comentada lembrando da ativa vida social da Riviera Francesa, onde a cidade está localizada, do que em relação aos ganhos esportivos.

O irônico é que ele se adaptou muito bem a essa realidade. Ao lado do brasileiro Dante, outro que chegava à França em busca de uma redenção no futebol (marcado pelo 7 a 1 e após duas temporadas apagadas na Alemanha), ele encontrou um elenco jovem e rápido e um técnico inovador.

O suíço Lucien Favre chegava à França após impressionar com o Borussia Monchengladbach (foi terceiro colocado na Bundesliga em 2015). Entre suas convicções táticas estavam o jogo em velocidade, a marcação forte na defesa e a aposta no contra-ataque. Esse estilo se adequou a Balotelli, que nos primeiros meses de futebol francês chegou a ter média de um gol por jogo – até as lesões o obrigarem a diminuir o ritmo.

Mesmo assim, Balotelli fechou a temporada com 17 gols. Ele só marcou mais vezes em 2014, quando ainda era jogador do Milan. A média atual, porém, é muito superior: desta vez, foram 17 gols em apenas 28 jogos, enquanto há três anos ele precisou 41 jogos para chegar a 18.

Esse renascimento, claro, fez com que o nome do italiano voltasse a aparecer no mercado de transferências. Times da Inglaterra e da Espanha chegaram a especular sua contratação e seu empresário, o italiano Mino Raiola, chegou a dar a troca do Nice pelo Borussia Dotmund como certa. Por influência de Balotelli, o negócio não saiu.

Ir para o Borussia significaria trocar de clube pelo quinto ano seguido, encarando um novo treinador, companheiros desconhecidos e lidando com torcida e um campeonato diferentes. Mais do que isso, ele teria de aprender a morar em uma cidade nova, com um clima bem diferente da Riviera Francesa ou de Milão, cidades em que viveu suas melhores fases, e lidando com um assédio da imprensa completamente diferente.

Ao optar por dizer não para uma troca de time (e deixar de lado ofertas mais lucrativas), Balotelli optou por seu futuro esportivo. Para Mino Raiola, o segredo é a Copa do Mundo: “Continuar em Nice, com Favre, é o correto. E se ele marcar 20 gols na temporada, tem de jogar a Copa do Mundo”. Olhando o que o técnico da Itália, Giampiero Ventura, tem à disposição em sua posição, é possível.