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Leco culpa resultados e 'preservação da imagem' por demissão de Ceni

Bruno Grossi e José Eduardo Martins

Do UOL, em São Paulo

04/07/2017 18h38

O presidente do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, explicou a demissão do treinador Rogério Ceni, anunciada na segunda-feira (3). Segundo o dirigente, a decisão foi tomada por conta dos resultados negativos do ex-goleiro, que entregou a equipe na 17ª colocação do Campeonato Brasileiro, abrindo a zona de rebaixamento. Na Copa Sul-Americana, foi eliminado ainda na primeira fase para o modesto Defensa y Justicia, no Morumbi. Antes, caiu também na quarta fase da Copa do Brasil, para o Cruzeiro, e na semifinal do Campeonato Paulista, diante do Corinthians. 

"Peço desculpa que a disponibilidade não é tanta porque estamos tratando das questões decorrentes da saída de Rogério Ceni, por quem tenho imenso respeito e apreço. A circunstância da saída dele não modifica em absolutamente esse aspecto. Ela se deu somente em razão de que o projeto desenvolvido sofreu percalços e pelo fato do São Paulo não ter conseguido os resultados desejados, com eliminações e a situação difícil em que nos encontramos no Brasileiro. Acabamos nos obrigando a uma decisão seguida de profunda reflexão que se desenvolveu ao longo dos últimos dez dias. Essa trajetória descendente precisaria ser interrompida. Foi serena e respeitosa com ele, inclusive com a segurança de estar, de uma certa forma, protegendo uma figura histórica, da tradição do São Paulo, um de seus maiores ídolos. Infelizmente, em razão de novo momento e trabalho, vinha sendo objeto de desgaste para a figura dele, algo que não merecia. Por essa razão é que ocorreu a deliberação que tomamos e ela, enfim, certamente causou comoção. Causou contrariedade, mas também compreensão a muitos. Posso assegurar diante de tantas manifestações que tive conhecimento", disse Leco, que chegou ofegante à sala de imprensa do CT da Barra Funda.

No total, foram 37 partidas de Rogério Ceni como treinador, começando pela estreia na Florida Cup com empate sem gols contra o River Plate e terminando com derrota por 2 a 0 para o Flamengo, pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro, no último domingo. O ex-goleiro somou 14 vitórias, 13 empates e dez derrotas, além de 55 gols pró e 42 gols contra e 49,5% de aproveitamento.

"A diretoria segue pensando que é apenas circunstancial, mas com responsabilidade de não ignorar que isso aconteceu com outros grandes e pode acontecer com a gente. Nunca aconteceu e a gente faz de tudo para evitar. A possibilidade de recuperação existe e há qualidade para isso", disse Leco. 

O dirigente fez o possível para tentar minimizar a culpa da diretoria na queda de Rogério Ceni. "A diretoria não tem nenhuma responsabilidade direta. A diretoria teve a coragem de contratá-lo sendo uma figura desconhecida e novata no tema da direção técnica. A diretoria confiou no trabalho, deu a ele todas as condições de realizá-lo, todas e um pouco mais. É inegável. A diretoria acabou concluindo que uma trajetória descendente para a história dele e do clube deveria merecer um enfrentamento. Entre agir e omitir, preferimos agir. E fizemos de forma segura", afirmou o mandatário.

Além de Ceni, a comissão técnica já havia perdido o auxiliar inglês Michael Beale, que pediu demissão na última sexta-feira. Outro que teve a saída confirmada foi o francês Charles Hembert, supervisor de futebol. "Certamente o tempo foi muito pouco, mas isso por si só não se mede pelo tempo, mas por tudo o que está acontecendo nesse processo. Dois anos, aconteça o que acontecer? Não pode ser dessa forma", ponderou.

O provável substituto de Rogério Ceni no cargo é Dorival Júnior. Nesta terça-feira, em Florianópolis, o diretor de futebol do São Paulo, Vinícius Pinotti, se reuniu com o treinador  para discutir a proposta. O dirigente ficou satisfeito com a conversa do técnico e agora vai discutir com o presidente do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, qual o desfecho da transação. A tendência é de que o contrato seja assinado com prazo até dezembro de 2018. 

Segundo apurou a reportagem, Dorival também ficou bem impressionado com o encontro. O treinador foi escolhido como o nome de consenso entre os dirigentes são-paulinos. Após deixar o Santos há um mês, o treinador havia recebido sondagens de Dubai e da China. Porém, deixou claro para o seu estafe a intenção de permanecer no Brasil. Por isso, a proposta do Tricolor  é vista com bons olhos pelo técnico.

No entanto, a tendência é de o treinador ser apresentado em São Paulo apenas na próxima semana. A mulher de Dorival tem um exame cardiológico agendado neste fim de semana e ele deve acompanhá-la até domingo. Enquanto o novo técnico não começa o trabalho no CT da Barra Funda, o cargo será ocupado de maneira interina pelo auxiliar Pintado, que deve comandar a equipe no domingo, na Vila Belmiro, no clássico com o Santos.

""Falado já foi, mas nada conclusivo. Houve manifestação recíproca de interesses, mas não é algo que se resolve num estalar de dedos. Exige mais relacionamento. Ainda não há nada concluído. E pretendemos fazer com ele, ou com outro, porque há outras opções, já nos próximos dias", disse Leco.