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Ter ídolos na função de técnico é uma roubada? Blogueiros opinam

Do UOL, em Santos (SP)

04/07/2017 04h00

Ídolo do São Paulo como jogador, Rogério Ceni não teve a mesma sorte como técnico, ao menos por enquanto. Ele não resistiu à derrota para o Flamengo no último domingo (2) e acabou demitido do comando tricolor nesta segunda-feira (3), após 37 jogos. Diante disso, o UOL Esporte convocou seus blogueiros a opinarem sobre a seguinte questão: 

- Após casos como os de Falcão e Ceni, os ídolos não deveriam mais virar técnicos de seus clubes?

ALEXANDRE PRAETZEL

Acho que o ídolo precisa mostrar competência e trabalho, antes de uma efetivação. Em 1993, Falcão viveu isso no Inter e Ceni repetiu no São Paulo, agora. Ninguém é maior que clube nenhum. Por isso, o ideal é se preparar em outros times, antes de assumir o time do coração, ainda sem garantias de resultados.

ANDRÉ ROCHA

Devem pensar duas ou três ou vinte vezes. Ainda mais se for a primeira experiência, como aconteceu com Ceni. Mas não exatamente por ser ídolo, mas pela lógica resultadista e moedora de carne do futebol brasileiro. A idolatria só é um complicador porque confundem o que era feito no campo com as possibilidades no comando técnico. Funções diferentes, atribuições diferentes, virtudes necessárias distintas. (leia mais no Blog do André Rocha)

AVALLONE

Para começar o caso Rogério Ceni: os resultados do São Paulo realmente estão péssimos. O tricolor está na zona do rebaixamento. Mas não considero Ceni o grande culpado da situação, ele trabalhou duro e até imaginou uma equipe ofensiva. Culpa maior é a entrada e saída de jogadores, vilã de a equipe não ter conjunto. Por exemplo, como vender um talento em explosão como Luiz Araujo? Acho que ídolos podem ser ténicos, sim. Depende do caso. Didi foi técnico de méritos, Falcão teve algumas boas passagens, Zidane (com está estágio) e Guardiola fazem sucesso, Leão mostrou bom serviço em seu começo. Outros fracassaram. Faz parte do jogo. Não considero culpado Rogério Ceni.

JUCA KFOURI

Zico jamais aceitou dirigir o Flamengo. Sempre diz que não suportaria ver a torcida rubro-negra chamá-lo de burro, com o que respondo a pergunta. (leia mais no Blog do Juca)

MARCEL RIZZO

São casos diferentes, Falcão teve experiência como técnico, inclusive seleção e exterior antes de ir ao Inter pela primeira vez. Ceni pulou etapas, e aceitou uma vaga claramente colocada a ele por questões políticas. Faltou a ele identificar que o clube ainda vive problemas políticos, e que por isso tem dificuldades financeiras e dificilmente teria como dar a ele bons jogadores e tempo para implementar as ideias. Ídolos podem ser técnicos de seus times, mas com todos os treinadores sofrerão com diretorias ruins. 

MAURO BETING

Se eles forem treinadores como o Guardiola, com o elenco que ele teve, sim. Ou mesmo o Zidane. Mas, no Brasil, melhor tombar pelo patrimônio histórico a ser demolido da noite para o dia como casarão da Avenida Paulista. (leia mais no Blog do Mauro Beting)

MENON

Acho que os ídolos devem, sim, continuar dirigindo os clubes. Os clubes é que deveriam respeitar mais os ídolos. (leia mais no Blog do Menon)

PVC

Os ídolos podem virar técnicos de seus clubes. Apenas precisam saber que os dirigentes respeitarão suas trajetórias como treinadores apenas pelo que fizerem como treinadores. Não é diferente do que acontece com outros técnicos. Nem em outros lugares. Zidane seria demitido se não fosse vencedor. 

RICARDO PERRONE

Ceni e Falcão não fracassaram por serem ídolos, mas por uma série de fatores que envolvem, e muito, as diretorias de seus clubes. Ídolos merecem chances em seus times, desde que as contratações sejam feitas de maneira criteriosa, não para agradar as torcidas. Claro que eles precisam se preparar para o cargo e, de preferência, ganhar alguma experiência antes. (leia mais no Blog do Perrone)

RODRIGO MATTOS

O problema não é um ídolo virar técnico, mas ele fazer isso sem se preparar para isso. Se tem como objetivo ser técnico, Rogério tem que roer o osso, passar um tempo como auxiliar, técnico da base. Foi arrogância sua achar que se daria bem na carreira sem a devida experiência. É um caso similar ao de Falcão. Neste tipo de situação, é melhor o clube não apelar para o ídolo que há grandes chances de desilusão.

VITOR BIRNER

Essa decisão é pessoal. Acima de tudo são seres humanos e têm direito de saber o que pretendem para si. O ídolo gera ao torcedor a ideia de que será treinador tão competente quanto foi como atleta, mas são missões distintas. Tite, por exemplo, foi jogador razoável, e alguns craques que se aventuraram como técnicos nunca brilharam.