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Presidente vai contra, mas desafetos assumem camarote na Arena Corinthians

Camarote de dois andares da Arena Corinthians foi aberto para torcedores - Reprodução
Camarote de dois andares da Arena Corinthians foi aberto para torcedores Imagem: Reprodução

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

05/07/2017 04h00

O lançamento do camarote do Fiel Torcedor na Arena Corinthians ampliou, nos últimos dias, a tensão entre o presidente Roberto de Andrade e o Grupo Omni, parceiro do clube em uma série de projetos no estádio e no Parque São Jorge.

À revelia de Roberto, que se mostrou contrário e inclusive manifestou sua posição por e-mail, a Omni assumiu um dos principais camarotes do estádio. O espaço passou por reforma antes de ser inaugurado no Campeonato Brasileiro. Ele ocupa dois andares da Arena e fica localizado próximo à bandeira de escanteio entre os setores Sul e Oeste. 

A justificativa do presidente do Corinthians para que o camarote não fosse inaugurado dizia respeito a despesas no projeto. Essa posição foi reforçada pelo diretor financeiro Emerson Piovesan, que também era contrário. Ambos preferiam que o espaço fosse comercializado: ao mercado, o preço do camarote vinha sendo apresentado por aproximadamente R$ 1 milhão/ano pelo aluguel.

A intenção da Omni em lançar o camarote para os torcedores mais assíduos está ligada à administração do programa Fiel Torcedor, feita pela empresa desde sua inauguração, há uma década. O mesmo grupo é responsável pelo acesso ao Parque São Jorge, pela operação e também administração do estacionamento, ambos da Arena Corinthians. Além disso, dá nome ao teatro do clube. 

Ao longo de sua administração, o presidente Roberto de Andrade tentou, sem sucesso, diminuir a participação da Omni internamente. Ele tentou renegociar e rescindir o acordo referente ao Fiel Torcedor, que deixa em média 50% de seus rendimentos para a empresa. Recentemente, chegou a anunciar a rescisão do contrato para a operação do estacionamento, mas não teve sucesso - a Omni conseguiu manter o acordo válido.

O ex-presidente Andrés Sanchez, por sua vez, defendeu a posição da Omni, segundo apurou a reportagem. As interferências de Roberto de Andrade em relação aos contratos citados acima estão entre os temas que ampliaram os atritos entre Andrade e Sanchez ao longo da atual administração. À reportagem, porém, Andrés negou participar da ocupação do camarote e disse que, se alugado, o espaço deverá ser pago ao Corinthians.

Corinthians diz que camarote não pertence à Omni e explica posição do presidente

Após a publicação da reportagem, o Corinthians enviou respostas sobre algumas das questões. A Omni também foi consultada, mas preferiu não se manifestar. 

Segundo a versão do Corinthians, embora a Omni tenha realizado a reforma, o camarote não pertence a ela. 

"A Omni não assumiu o camarote. Toda a gestão dos produtos da Arena é de responsabilidade do Corinthians e do Arena Fundo de Investimento. A proposta feita pela Omni era no sentido de a mesma finalizar toda a obra necessária para que o espaço do camarote 646 se tornasse uma área habitável, com todos os elementos de conforto e segurança necessários para uso do espaço. Assim, a Omni apresentou um orçamento ao Arena Fundo de Investimento, indicando que assumiria todo o custo necessário desta obra e com isso tornaria o espaço como uma área de convívio dos nossos torcedores que fazem parte do Programa Fiel Torcedor", disse o clube. 

"Foi construída uma cozinha planejada no local, que proporcionará um nível elevado de atendimento em dias de jogos e ainda será uma estrutura apropriada para atender outros eventos, como seminários, casamentos, palestras e outras atividades que ocorrem nos espaços corporativos em dia que não aconteça jogo na Arena", explicou por meio de nota. 

A posição do mandatário do clube também foi explicada. "O presidente Roberto de Andrade apenas exigiu que houvesse um alinhamento prévio com o Arena Fundo de Investimento, fosse elaborado um contrato estabelecendo direitos e deveres de todas as partes e, principalmente, que o Arena Fundo de Investimento participasse das discussões", declarou também o Corinthians. 

O clube, por outro lado, não informou se o aluguel do camarote é feito pela parceira. "Além do processo de melhoria e estruturas instaladas no espaço, a empresa Omni assumiu os custos operacionais do dia de jogo, ou seja, emissão de ingressos, equipe de atendimento, serviço de alimentação e bebida, além de serviços de entretenimento que são disponibilizados no local, como espaço Kids, grupos musicais, djs, entre outros. Ou seja, está criando valor em um espaço que tem por objetivo principal oferecer uma melhor experiência aos torcedores do programa Fiel Torcedor. As bases contratuais e valores envolvidos são assuntos tratados de maneira confidencial entre as partes, Omni e Arena Fundo de Investimento". 

O clube também não quis responder sobre a permanência da parceira na gestão do estacionamento do estádio - a rescisão chegou a ser anunciada por meio de nota oficial. "Este é outro tema, que está sendo conduzido pelo Arena Fundo de Investimento e a Omni e caminhando dentro da normalidade".