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Relator de denúncia contra Temer foi "juiz de tapetão" no Brasileirão

Sérgio Zveiter, ex-presidente do STJD e deputado federal pelo PMDB - Wilson Dias - 29.out.2014 /Agência Brasil
Sérgio Zveiter, ex-presidente do STJD e deputado federal pelo PMDB Imagem: Wilson Dias - 29.out.2014 /Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

05/07/2017 04h00

Deputado federal pelo PMDB do Rio, Sérgio Zveiter tem visto seu nome em manchetes após assumir a relatoria da denúncia contra o presidente Michel Temer, também do PMDB, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Mas isso não é novidade para ele. Há 18 anos, na condição de presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o advogado também se envolveu em outro caso de repercussão: o "caso Sandro Hiroshi" no Campeonato Brasileiro de 1999.

Por muito tempo, o sobrenome Zveiter foi praticamente sinônimo do comando da Justiça desportiva no Brasil. O irmão mais velho de Sérgio, Luiz Zveiter, presidiu o STJD entre 1996 e 1998, e depois entre 2000 e 2005. Nesse intervalo, entre 1998 e 2000, coube a Sérgio comandar os procedimentos que resultaram em um "tapetão" que salvou o Botafogo do rebaixamento e causou a criação da Copa João Havelange no ano seguinte.

A controvérsia começou em 1999, após uma denúncia de que o atacante são-paulino Sandro Hiroshi havia adulterado sua documentação para parecer mais novo havia anos. O Botafogo, que havia tomado 6 a 1 do São Paulo, e o Inter, que havia empatado, entraram com ações pedindo os pontos da partida. Sob o comando de Sérgio Zveiter, o STJD deu ganho de causa aos dois clubes.

Com os três pontos conquistados no tribunal, o Botafogo se salvou do rebaixamento e mandou o Gama em seu lugar para a Série B. Mas o time do Distrito Federal não se conformou e brigou pela vaga na primeira divisão na Justiça comum, ganhando em todas as instâncias.

Criou-se um impasse para a CBF, que ameaçou punir o Gama, mas acabou cedendo: passou a organização do Campeonato Brasileiro de 2000 para o Clube dos 13, sob o nome de Copa João Havelange. A elite não teria o Gama, mas, após mais uma vitória do clube na Justiça, não houve alternativa senão criar um torneio gigante, com quatro "módulos" em vez de quatro divisões, sendo que times de todos os módulos teriam a possibilidade de serem campeões no mata-mata.

Tanto o Gama quanto o Botafogo jogaram o Módulo Azul ao lado dos principais clubes do país, mesmo aqueles que não estariam na primeira divisão em condições normais (casos, por exemplo, do Fluminense, que havia subido da Série C para a B no ano anterior, e do Bahia, que não havia conseguido subir da B para a A). No fim, o Vasco foi o campeão ao vencer na final o surpreendente São Caetano, que veio do Módulo Amarelo (mais ou menos equivalente a uma "segunda divisão").

Botafoguense assumido, a família ainda reassumiu o comando no STJD entre 2012 e 2014, quando Flávio Zveiter, filho de Luiz, presidiu o tribunal. A passagem mais emblemática de sua gestão foi o "caso Héverton", que salvou o Fluminense do rebaixamento em 2013 e culminou com o rebaixamento da Portuguesa para a Série B pela escalação de um jogador irregular na última rodada - o Flamengo também foi punido pela escalação do suspenso André Santos. Agora, em Brasília, Sérgio recoloca o nome do clã sob os holofotes.