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"Fui expulso pelo telão". Ex-Grêmio recorda vermelho em decisão do Mundial

Rivarola, ex-jogador do Gremio - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Marcello De Vico e Vanderlei Lima

Do UOL, em Santos e São Paulo

09/07/2017 04h00

Campeão da Libertadores em 1995, o Grêmio teve como adversário na decisão do Mundial a equipe holandesa do Ajax, que havia superado o Milan por 1 a 0 na final da Liga dos Campeões. Mesmo diante de um time recheado de craques como Litmanen, Kluivert, Davids e os irmãos de Boer, os comandados de Felipão fizeram jogo duro e, depois de um empate sem gols no tempo normal, foram superados nos pênaltis (4 a 3). A história, porém, poderia ter sido outra não fosse uma (ainda) polêmica expulsão do paraguaio Rivarola.

Rivarola, ex-zagueiro do Grêmio - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução
Aos 11min do segundo tempo, o jogador gremista entrou de carrinho em Kluivert, de forma ríspida, e acabou recebendo o cartão vermelho. Com um a menos durante quase toda etapa final, o Grêmio pouco conseguiu atacar e apenas conseguiu levar a decisão para os pênaltis. Rivarola até hoje contesta a expulsão e diz que o replay do lance no telão do estádio Nacional, em Tóquio (JAP), foi decisivo para que o juiz inglês David Ellery o mandasse para fora.

“Eu fui expulso pelo telão. No momento o juiz não apitou nada. Ele parou o jogo, viu o telão e deu o vermelho, porque eu já tinha o amarelo. Eu praticamente fui expulso pelo telão. Ele viu o lance e tirou o vermelho”, recorda Rivarola, que admite ter ficado muito revoltado com a decisão do árbitro – especialmente por se tratar de um jogo tão importante.

“Era uma final, uma competição muito importante para o Grêmio, para a minha carreira, para todo mundo. Eu não tive a intenção; futebol é para ir, né? Eu fui no lance e, pelo telão, acabei sendo expulso”, acrescenta o ex-zagueiro.

Apesar do lance que ficou marcado em sua carreira, Rivarola acumulou títulos pelo Grêmio e garante ter vivido mais momentos felizes que tristes com a camisa do Tricolor Gaúcho. “A gente ficou muito triste na época, mas eu fico feliz também de ter tido essa oportunidade de ganhar a Taça Libertadores, a Copa do Brasil de 97, Campeonato Gaúcho, Recopa Sul-americana... Eu tive mais momentos felizes do que ruins”, diz Rivarola.

A importância de Felipão em sua carreira

Boa parte da carreira de Rivarola, que jogou por cinco anos no Brasil, passa pelo técnico Felipão. Foi, inclusive, o próprio Luiz Felipe Scolari, aconselhado pelo também paraguaio Arce, quem fez a indicação do zagueiro para a diretoria gremista. Desde então, foram quatro anos defendendo as cores do Grêmio (de 1995 a 1998) e um ano no Palmeiras. Todos com Felipão.

Luiz Felipe Scolari comemora a conquista da Libertadores de 1995 abraçado com Adílson (esquerda) e Dinho - cyr Lopes Junior/Folhapress - cyr Lopes Junior/Folhapress
Imagem: cyr Lopes Junior/Folhapress
“Foi o Felipão [quem pediu sua contratação], ele mesmo quem pediu. Primeiro o Arce, que estava aqui no Paraguai, foi contratado, e aí o Arce falou de mim porque jogamos no Cerro Porteño. E quando o Arce foi para o Grêmio eu estava na Argentina, jogando lá na cidade de Córdoba [pelo Talleres], e naquela época tinha o Fábio Koff, que era o presidente do Grêmio. Ele foi para a Argentina e fez tudo, e então eu fui para o Grêmio”, conta Rivarola.

“Ele [Felipão] é uma pessoa excelente, um bom profissional e também tem caráter. Eu aprendi muito com ele, e até hoje estou falando com ele. Respeito muito o Felipão, um cara que já ganhou tudo no Brasil, então eu sempre admirei o trabalho dele no Grêmio e no Palmeiras. É uma pessoa que eu admiro muito, é bem honesto, sincero e, sobretudo, trabalhador”, diz.

Rivarola conta que, por Felipão, ficou até triste pelo vexame sofrido pelo Brasil diante da Alemanha (7 a 1), na Copa de 2014. “Eu também fiquei triste por ele. Eu conheço muito bem o Felipão, trabalhei muito tempo com ele, e é uma pessoa que não merecia este tipo de resultado. Mas você sabe como é o futebol, e depende muito do grupo, do momento... Eu não sou brasileiro, mas para o Felipão foi muito difícil aquele jogo contra a Alemanha”, acrescenta.

Brasil foi onde viveu melhores momentos da carreira

Com passagem vitoriosa especialmente pelo Grêmio, Rivarola admite que foi no Brasil onde passou os melhores momentos de sua carreira. “Principalmente no Grêmio. No Palmeiras não foi bem o que eu queria, mas também fomos campeão da Libertadores em 99. Mas sem dúvida o meu melhor momento foi no Grêmio, não tenho dúvida disso”, revela.

De acordo com o zagueiro, lesões o impediram de ter uma passagem mais marcante com a camisa alviverde: “Eu me machuquei. Fiquei três meses, e aí eu não jogava muito também. Depois eu voltei num jogo e me machuquei de novo, e fiquei triste, porque eu fui com a intenção de as coisas darem certo no Palmeiras e não foram muito bem. Mas futebol é assim”.

FICHA TECNICA: GRÊMIO 0 (3) X 0 (4) AJAX-HOL

Estádio: Nacional
Local: Tóquio (Japão)
Data: 28/11/1995
Horário: 20h10 (Japão) - 08h10 (Brasil)
Árbitro: David Ellery (ING)
Gols (pênaltis): Magno, Gelson e Adílson (Grêmio); R. de Boer, F. de Boer, Finidi e Blind (Ajax)

GRÊMIO
Danrlei; Arce, Rivarola, Adílson e Roger; Dinho, Luís Carlos Goiano, Arílson (Luciano) e Carlos Miguel (Gélson); Paulo Nunes e Jardel (Magno)
Técnico: Luiz Felipe Scolari

AJAX
Van der Saar; Frank de Boer, Reiziger e Bogarde; Blind, Ronald de Boer, Davids e Litmanen (Reuser); Finidi, Kluivert e Overmars (Kanu)
Técnico: Louis Van Gaal