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Lembra dele? Aos 39, Fábio Júnior segue na ativa e se inspira em Zé Roberto

Fábio Júnior comemora gol pelo América-MG em 2010 - ALEXANDRE GUZANSHE/FOTO ARENA/AE
Fábio Júnior comemora gol pelo América-MG em 2010 Imagem: ALEXANDRE GUZANSHE/FOTO ARENA/AE

Vanderlei Lima e Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

10/07/2017 04h00

Ele chegou a ser comparado a Ronaldo Fenômeno quando apareceu no Cruzeiro, foi vice-artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1998 e conquistou a Copa do Brasil de 2000 pelo time mineiro. Duas décadas depois, a carreira acabou não atingindo as alturas prometidas, mas o centroavante Fábio Júnior, de passagens por outros grandes times do país como Palmeiras e Atlético-MG, avisa: aos 39 anos, ainda não parou e procura time para jogar.

Em conversa com o UOL Esporte, o centroavante explicou que se afastou do futebol por um problema particular. Sua esposa, Fernanda, teve dificuldades durante a gravidez da segunda filha, Lorena, que nasceu no mês passado e passa bem. Agora, ele se sente pronto para voltar aos gramados.

Fábio Júnior - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Fábio Júnior com a esposa, Fernanda, e a filha recém-nascida, Lorena
Imagem: Arquivo pessoal

"Fiquei parado para me dedicar ao nascimento da minha filha. A minha esposa estava grávida e eu tive que acompanhar mais de perto, então fiquei grávido junto com ela. A gravidez tinha certos cuidados, também, e eu tinha que estar junto", contou Fábio Júnior, que também é pai de Kamille, Enzo e Isadora.

"Estou pronto para voltar a jogar. Eu me sinto ainda em plenas condições físicas e psicológicas, motivado também para jogar mais um período. Apesar de estar com 39 anos, sempre me cuidei muito, nunca tive lesão séria. Estou buscando no mercado, conversando com as pessoas, buscando um clube para quem sabe disputar ainda um Brasileiro neste ano", completou.

O último clube profissional de Fábio Júnior foi o Villa Nova-MG, pelo qual jogou o Campeonato Mineiro do ano passado. Mesmo há um ano sem atuar, ele se inspira na longevidade de outro atleta para retomar a carreira.

"Eu pretendo jogar esse ano e ir sentindo a cada final de ano como eu estou. Enquanto eu tiver condições de jogar e me sentir motivado ainda... o Zé Roberto do Palmeiras, com 43 anos, é um exemplo para a gente, com 39. Ver o Zé Roberto correndo e jogando como ele está jogando, em altíssimo nível, não deixa de ser uma motivação. A idade é só um número", riu.

Centroavantes em falta

Fábio Júnior 2 - Juliana Flister/Light Press/Cruzeiro - Juliana Flister/Light Press/Cruzeiro
Imagem: Juliana Flister/Light Press/Cruzeiro

Para Fábio Júnior, hoje em dia é raro encontrar um jogador com o seu perfil nos clubes. Centroavante típico, daqueles que saem pouco da área e são especialistas em finalizar com um toque só, ele considera que o futebol praticado atualmente pede que os camisas 9 participem mais do jogo, tanto na construção de jogadas quanto na marcação sem a bola.

"O que tem acontecido é que alguns treinadores neste chamado 'futebol moderno' têm trabalhado pouco essa questão do centroavante. A gente treinava muito essa questão de finalização, e hoje a gente tem realmente tido uma safra muito pequena de centroavantes. No meu entender, uma equipe não pode ficar sem centroavante, porque quem é que vai fazer os gols?", avaliou.

"A gente tem visto pouco isso no mercado, centroavante de ofício mesmo, de área, aquele homem que está ali perto o tempo todo para finalizar. Hoje o atacante tem que se adaptar, porque com a modernidade que virou o futebol, o atacante tem que estar ajudando, marcando, se movimentando também. Não tem que ser aquele 9 só lá na frente, é o contrário, você tem que buscar outros meios, outros recursos".

Gols marcantes

Fabio Jr 2000 - André Fossati/Fotosite - André Fossati/Fotosite
Imagem: André Fossati/Fotosite

Fábio Júnior despontou bem no Cruzeiro e participou de um dos principais títulos da história do clube, a Copa do Brasil de 2000. Na final contra o São Paulo, ele fez o primeiro gol celeste aos 35 do segundo tempo, abrindo caminho para a reação que seria completada com um gol de Geovanni no último minuto. O time mineiro venceu por 2 a 1.

"A Copa do Brasil se tornou um título especial, inesquecível. Nós empatamos em São Paulo, 0 a 0, e em casa saímos perdendo de 1 a 0 no segundo tempo. Tivemos que correr dobrado para virar o jogo. Hoje, todo torcedor que me encontra na rua diz que esse título é um dos que eles mais comemoram, e olha que depois disso [em 2003] o Cruzeiro ganhou a Tríplice Coroa [Mineiro, Brasileiro e Copa do Brasil]", lembrou.

Ele também passou um ano emprestado ao Palmeiras, em 2001, após ver seu espaço diminuir na Roma e ter problemas de relacionamento com o técnico Fabio Capello. A temporada pelo time paulista foi de altos e baixos. E apesar da eliminação na semifinal da Libertadores contra o Boca Juniors, ele lembra bem daquelas partidas.

"No Palmeiras, para mim, o ano foi muito bom. A cobrança era sempre muito grande, mas eu consegui fazer gols. Na Libertadores, nos saímos em casa para o Boca Juniors, os torcedores sempre lembram dessa semifinal. Eu consegui fazer gols tanto na Argentina [empate por 2 a 2] quanto em São Paulo [também 2 a 2, e vitória do Boca nos pênaltis]. Mesmo não conquistando títulos, considero que minha passagem pelo Palmeiras foi boa individualmente".