Topo

Vasco no STJD teve Eurico aos gritos, ex-diretor como relator e ataque à PM

Eurico Miranda se exaltou durante julgamento do Vasco no STJD - Bruno Braz/UOL
Eurico Miranda se exaltou durante julgamento do Vasco no STJD Imagem: Bruno Braz/UOL

Bruno Braz e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

18/07/2017 04h00

Uma das audiências mais aguardadas deste Campeonato Brasileiro, o julgamento do Vasco pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) por conta dos graves incidentes ocorridos no clássico com o Flamengo, em São Januário, tiveram ingredientes que dimensionaram a grandeza da sessão. Durante 4h, numa sala bem mais cheia que a habitual, o tribunal contou com um relator que foi ex-diretor jurídico do Cruzmaltino e também presenciou o presidente Eurico Miranda surgindo como “elemento surpresa”, atacando aos gritos a Polícia Militar.

A sessão foi marcada para às 11h. Quando todos estavam a postos e a porta do tribunal já estava fechada, eis que surge Eurico. O dirigente sentou na primeira fila e ficou ao lado de seus pares, os advogados vascaínos Paulo Rubens Máximo e Daniel Reis, filho do ex-vice-jurídico vascaíno Paulo Reis, que deixou o cargo recentemente. Enquanto outras audiências em pautas eram julgadas, ele trocava informações com a dupla e com outros membros da diretoria do Vasco.

Na outra fileira, surpreendeu a presença do presidente do Conselho Fiscal cruzmaltino, Otto Carvalho, que se insurgiu contra Eurico e se lançou como pré-candidato de oposição na eleição de novembro do clube. Os dois não se cumprimentaram.

Gustavo Pinheiro em meio aos advogados de Vasco e Fla: já foi diretor do Cruzmaltino - Bruno Braz / UOL Esporte - Bruno Braz / UOL Esporte
Relator Gustavo Pinheiro já foi diretor-jurídico do Vasco
Imagem: Bruno Braz / UOL Esporte

Entre os membros da Primeira Comissão Disciplinar do STJD, chamou a atenção o relator do processo. Gustavo Pinheiro foi diretor-jurídico do Vasco na gestão de Roberto Dinamite. Ele deu o voto com a pena mais branda ao clube, sugerindo uma punição de quatro jogos com São Januário parcialmente interditado, fechando somente o setor de arquibancada e liberando a social para sócios. A multa indicada foi de R$ 40 mil.

Questionado pelo UOL Esporte se, por ter trabalhado no Vasco, enxergava motivos para se declarar impedido de participar do julgamento, ele destacou o que diz a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

“Não era necessário [se declarar impedido] porque já sai de lá há três anos. A OAB manda guardar um período de dois anos. Acho que o fato de eu ter trabalhado em clube ajuda porque entendo a operação. Já me declarei impedido para outros casos por terem relação com prestação de serviço do meu escritório”, disse ele.

Tão logo a sessão se encerrou, vascaínos divulgaram nas redes sociais uma foto do sub-procurador da audiência, Luciano Hostins, num suposto jogo do Flamengo de 2013. Ele foi o responsável por oferecer a denúncia contra o Vasco no julgamento.

Torcida do Vasco invade gramado, briga e atira rojões após derrota

Gols UOL Esporte

Eurico volta a atacar PM e nega envolvimento com organizada

Ao ter a permissão do presidente da mesa, Lucas Rocha, para se pronunciar durante parte do tempo de defesa do advogado Paulo Rubens Máximo, Eurico Miranda, aos gritos, voltou a atacar a Polícia Militar e o seu Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe), como já havia feito no último domingo após a partida entre Vasco e Santos.

“Ela (PM) foi a causadora da tragédia. Como se atira bomba indiscriminadamente no meio da torcida? Atirou nas crianças, nos idosos. Chegando ao ponto de um (policial) se vangloriar que atirou. Isso não se leva em consideração. O Vasco é o maior interessado em que se apure rigorosamente. Foi o primeiro a ingressar na delegacia. O Vasco tem câmeras, laudos... Interessa à PM ver isso? Não. Foi fornecido tudo à delegacia. Querer atribuir ao Vasco, dizer que tem ligação com sua torcida, pelo amor de Deus!”, exclamou o dirigente.

Eurico também negou as acusações de estar empregando membros da organizada Força Jovem, que está suspensa dos estádios. O Ministério Público instaurou um inquérito para apurar o caso:

“Querer atribuir ao Vasco, dizer que o Vasco tem ligação com a sua torcida. Pelo amor de Deus. Aquilo não é torcida do Vasco, são meia dúzia de vândalos. Aquilo vem de fora para dentro. O Vasco não tem nenhuma associação com vândalos, nenhuma associação com 'black blocks'. A quem interessava que alguma coisa acontecesse ali? Ao Vasco? É coisa externa. Isso que deve vir a ser apurado pelas autoridades. Mas a instituição? Pelo amor de Deus. Não pode pagar severamente pelo que vem acontecendo”.

O Vasco foi punido em primeira instância com a perda de seis mandos de campo e uma multa de R$ 75 mil. Além disso, a liminar de interdição de São Januário segue mantida. A procuradoria irá recorrer da decisão no Pleno. Se esta decisão prevalecer, o clube não poderá mandar em seu estádio os jogos contra Atlético PR, Cruzeiro, Palmeiras, Grêmio, Chapecoense e Botafogo.