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Filme mostra futebol feminino que dá certo: "chega de ser coitadinho"

O time do Centro Olímpico foi campeão de uma torneio que disputou contra equipes masculinas - Reprodução Facebook
O time do Centro Olímpico foi campeão de uma torneio que disputou contra equipes masculinas Imagem: Reprodução Facebook

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

28/07/2017 04h00

A história do time feminino de futebol que foi campeão de um torneio masculino virou um documentário que será lançado em agosto. "Minas do futebol" conta a história da equipe sub-14 do Centro Olímpico, que sem competição feminina, disputou e venceu a Copa Moleque Travesso, tradicional competição de categorias de base em São Paulo. O diretor, Yugo Hatori, diz que a obra é diferente porque não foca nos problemas do futebol feminino e mostra um caso de sucesso da modalidade.

"Sentia falta de um filme com mais esperança e lembrei da história delas. Eu abordo as dificuldades, mas é menos sobre dificuldades e mais (sobre as) expectativas. Eu acho que a proposta do filme é dar uma animada".

O enfoque do filme foi aceito de imediato pelo supervisor do futebol feminino do Centro Olímpico, Lucas Piccinato. Ele concorda integralmente com a abordagem de que uma equipe feminina tem qualidade e condições de vencer até os grandes - a final foi contra o São Paulo. O dirigente acredita que narrativas de vitórias facilitam a atração de investimentos e público para a modalidade.

“Tem que mudar um pouco esta abordagem. Não ser uma coisa de coitadinho que está pedindo ajuda, como é toda Olimpíada. Uma abordagem mais positiva, que faça que empresas e pessoas olhem e queiram acompanhar um pouco mais. Chega de ser coitadinho”.

Piccinato avalia que o discurso de que precisa de apoio gerou pouca coisa para o futebol feminino. Ele prefere expor os êxitos e aproveitar que a CBF está promovendo a modalidade “pela primeira vez”. Acrescenta que vê esta estratégia mais atraente para conseguir patrocinadores.

“Se tivesse uma empresa eu apostaria em algo que está dando resultado, que está passando na TV. Quero botar meu dinheiro em coisa que está em franca ascensão”.

Atleta do Centro Olímpico disputa lance na final da Copa Moleque Travesso - Reprodução Facebook - Reprodução Facebook
Imagem: Reprodução Facebook

Primeira impressão agrada jogadoras

As atletas do Centro Olímpico só viram o trailer até o momento e compartilharam com gosto. A volante Ingrid Buzzini, 14 anos, afirmou que a impressão é muito boa porque mostra que as garotas batalham, comem direito, fazem trabalho físico e acompanhamento psicológico.

“A pessoa entende que o Centro Olímpico é um time muito guerreiro e que as atletas querem que a modalidade cresça”.

Ela conta que as jogadoras estão dispostas a sacrifícios para continuar na rota dos títulos. Revela que come uma marmita no carro porque não dá tempo de almoçar em outro lugar porque leva quase uma hora da escola para o local de treinamento. E tem dia que Ingrid treina à tarde em São Paulo e depois em São Caetano do Sul. Quando as datas coincidem, volta para casa às 23h.

O diretor do filme escolheu histórias assim para mostrar um outro lado não explorado do futebol feminino. Yugo começou as filmagens no início do ano e acabou a edição agora. Ele abriu um financiamento coletivo para divulgação do documentário.

A arrecadação será usada para distribuição. Ele não quis vender para uma televisão porque seria exibido uma vez e cairia no esquecimento. Preferiu disponibilizar em canais da internet como Facebook, YouTube, Vimeo.

“A proposta seria ter mais alcance na internet. Poder comprar publicidade para acessar públicos que não tenho acesso. Legendar em outras línguas".