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Prejuízo não só ao Vasco: comerciantes sofrem sem São Januário

"Trayler do Vascão" arrecada com um jogo a renda de todo o restante da semana  - Bruno Braz / UOL Esporte
"Trayler do Vascão" arrecada com um jogo a renda de todo o restante da semana Imagem: Bruno Braz / UOL Esporte

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

28/07/2017 04h00

A pena imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva com a perda de seis mandos de campo e a medida do Ministério Público de interditar São Januário por 180 dias não afetaram somente o bolso do Vasco. O prejuízo com a falta de jogos no estádio tem atingido diretamente os comerciantes do entorno do local, que alegam que uma partida por lá equivale ao lucro do restante de toda a semana.

O UOL Esporte percorreu os bares e pequenos estabelecimentos que se situam na rua General Almério de Moura, a mais movimentada em dias de jogos. Por lá, o clima é de puro lamento.

Dona do “Trayler do Vascão”, que fica bem em frente a entrada principal, Denise Aparecida dimensiona o tamanho de prejuízo e torce por uma redução da punição no tribunal.

“O melhor, para mim, é em dia de jogo. Meio de semana é muito fraco. Faz muita falta mesmo ficar sem os jogos. Estou esperando que recorra e diminua a pena. Tem que punir somente aqueles que fizeram a briga. Aí sobra para quem? Para os torcedores comuns e os comerciantes. Um jogo aqui garante a minha semana toda. Estamos esperando. Vamos torcer para voltar a ter jogos para nós”, declarou em meio a uma tarde fria e de pouco movimento.

Patrick de Oliveira é dono do bar de maior movimento na frente de São Januário - Bruno Braz / UOL Esporte - Bruno Braz / UOL Esporte
Patrick de Oliveira é dono do bar de maior movimento na frente de São Januário
Imagem: Bruno Braz / UOL Esporte

O discurso é alinhado no “Bar do Patrick”, o mais movimentado e onde costumeiramente frequentam as organizadas “Guerreiros do Almirante”, “Força Jovem” e “Ira Jovem”. Por lá, engradados e mais engradados de cerveja são vendidos em partidas do Vasco.

“Foi muito prejudicial para nós. A gente conta bastante com os jogos para o nosso orçamento”, destacou Patrick de Oliveira, dono do bar.

Caminhando um pouco mais no sentido da barreira do Vasco, encontra-se o bar “Pedro e Léo”, que também costuma ter bom movimento. Os comerciantes de tal estabelecimento estavam felizes pelo fato deste ano estarem liberados para abrir e vender cervejas de garrafa. A barbárie no Vasco e Flamengo, porém, colocou tudo por terra.

“Até ano passado pediam para nós fecharmos. Este ano não proibiram nada. Estávamos abertos até o início do jogo, depois teve o quebra-quebra e tivemos que fechar tudo às pressas. Essa suspensão vai ‘quebrar’ a gente”, declarou o funcionário Antônio Ednaldo.

Houve também quem preferiu não se manifestar diante dos episódios de violência e toda polêmica que se seguiu. Foi o caso dos funcionários do bar “Black Beer”, que já fica situado próximo à rua Dom Carlos.

“Não quero falar nada sobre isso, não”, disse uma funcionária.

A organizada "Força Jovem", que está suspensa pelo Ministério Público e tem passado por investigações em função dos incidentes no clássico, tem se virado como pode. Em dias de jogos, ela transmite a partida num telão e promove festas em sua sede, situada na Rua do Bonfim, que fica a poucos metros de São Januário.

Bar "Pedro e Léo" com pouco movimento durante a semana na frente de São Januário - Bruno Braz / UOL Esporte - Bruno Braz / UOL Esporte
Bar "Pedro e Léo" com pouco movimento durante a semana na frente de São Januário
Imagem: Bruno Braz / UOL Esporte

Sem o estádio, o Vasco já agendou duas partidas para o estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda (RJ). São eles: Atlético-PR (31/7) e Cruzeiro (3/8).

O clube ainda aguarda um aval da CBF para atuar em outras praças fora do estado do Rio de Janeiro, mas antes avaliará como a equipe se sairá na “Cidade do Aço”.

Paralelamente ao fato, o departamento jurídico vascaíno segue trabalhando para tentar reduzir a pena imposta pelo STJD.