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Ronaldo pintou rua para Copa-82 e virou Dadado por não conseguir falar nome

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Imagem: AP

Do UOL, em São Paulo

03/08/2017 11h29

Ronaldo Fenômeno escreveu nesta quinta-feira (3) no site “The Players Tribune”, que reúne relato de atletas dos mais variados esportes. No texto, o pentacampeão mundial lembrou quando pintou as ruas do bairro Bento Ribeiro, no Rio de Janeiro, para acompanhar a Copa do Mundo de 1982.

“É um tipo de competição à parte para ver quem fica com os muros e as ruas mais bonitas. Então, na Copa do Mundo de 1982, assim como todos os moleques do Brasil, eu fui lá e pintei a minha rua junto com os outros meninos que eram meus vizinhos. Todo mundo na minha cidade participava disso, e então os murais estavam em todo  lugar … em todos os tipos de cores e desenhos – pássaros, a bandeira do Brasil e os jogadores da Seleção Brasileira”.

No depoimento, Ronaldo lembra momentos de sua infância até a aposentadoria. Em um dos trechos, o ex-atacante afirma não se lembrar quando ganhou o primeiro apelido: “Dadado”.

“Meu apelido vem de um tempo do qual eu não consigo me lembrar. Sempre que eu marcava um gol contra os meus irmãos mais velhos, eles gritavam ‘Dadadoooo!’. E quando eu era pequeno, eu tinha dificuldade em pronunciar Ronaldo. Sempre vinha com o som mais ou menos de Dadado … então, ficou Dadado”, explicou.

Conselhos de Romário e mudança no “jogador falastrão”

Ronaldo tinha apenas 17 anos quando foi convocado para sua primeira Copa do Mundo. Naquele ano de 1994, a principal estrela da seleção era Romário, um dos integrantes daquele elenco que mais próximo ficou do ainda “Ronaldinho” no torneio mundial.

“Ele era alguém que eu cresci assistindo jogar como atacante, e entre ele e Zico, eu simplesmente pensava é assim que um jogador de futebol se comporta, dentro e fora de campo. É estranho, mas eu sentia que ele via o esporte como eu via.  Que o esporte poderia ser essa evolução, uma série de passos que você dava até que pudesse alcançar o próximo nível. E o próximo. Até que você fosse o melhor dos melhores”.

Durante a Copa do Mundo de 1994, Ronaldo afirma ter conversado com Romário sobre o futuro. O conselho do “Baixinho” era claro: precisava se transferir para a Europa para seguir evoluindo.

“Pode soar engraçado, mas uma das coisas sobre a qual nós conversamos era a respeito da temperatura. Como era sair do Brasil para jogar na Holanda em gramados cobertos de neve? A maior adaptação, no entanto, seria em relação às competições. Ele me contaria sobre ganhar La Liga ou jogar a final da Champions League. E então eu soube, enfim … se eu realmente quisesse ser o melhor, eu precisaria seguir aquele mesmo caminho. Assim, eu assinei com o PSV”.

A inspiração com Romário fez com que Ronaldo apostasse no estilo “falastrão” em sua chegada na Europa. O “Fenômeno” falava que ia fazer e depois cumpria sua promessa.

“Eu me tornei ousado, vamos dizer assim. Eu estabeleci metas e saí atrás para alcançá-las. E fiz questão que as pessoas soubessem dessas metas. Quando eu fui para o PSV, eu disse que marcaria 30 gols na primeira temporada. Então, eu marquei 30. Aí eu disse que seria o melhor do mundo. Fui para o Barcelona e conquistei a Bola de Ouro”.

O estilo, porém, foi deixado de lado por Ronaldo mais tarde. De acordo com o “Fenômeno” a inspiração vinha de jogadores que ele acompanhava desde quando era pequeno e não fazia parte de sua personalidade.

“Eu estava somente fazendo o que outros caras faziam quando eu estava crescendo. Botando banca, me mostrando para os outros … Levou alguns anos, provavelmente mais do que deveria ser necessário, para que eu percebesse que eu não era aquele cara. Não era da minha personalidade ser o tipo de jogador que falava daquele jeito. No fim das contas, eu podia simplesmente deixar o meu jogo falar por mim”.