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Os desafios de Beckham para conseguir criar um time em Miami

Estádio para 25 mil pessoas sem estacionamento está nos planos de Beckham - AFP PHOTO / Eduardo Munoz Alvarez
Estádio para 25 mil pessoas sem estacionamento está nos planos de Beckham Imagem: AFP PHOTO / Eduardo Munoz Alvarez

Do UOL, em São Paulo

04/08/2017 04h00

Faz tempo que David Beckham está tentando criar seu time de futebol em Miami. Embora conte com investidores e tenha apoio político, o astro inglês encara uma série de obstáculos para investir na liga que ele ajudou a subir de patamar quando se transferiu para os Estados Unidos, em 2007. Da dificuldade em comprar terreno para o estádio até a pressão de associação de moradores, Beckham enfrenta de tudo para fazer o Miami Beckham United sair do papel.

A Major League Soccer, principal liga norte-americana de futebol, deve votar em breve a criação do time. A ideia favorece a liga e seu plano de contar com 28 equipes até 2020 – a de Beckham, se aprovada agora, seria a 24ª. Mas até outras cidades que querem investir em franquias na MLS reclamam de Beckham.

O motivo? Quando se transferiu para o Los Angeles Galaxy em 2007, Beckham teve a promessa de que, se ficasse cinco temporadas no futebol do país, poderia investir em um novo time na liga pagando uma taxa de US$ 25 milhões. Na época, o valor animava os dirigentes. Atualmente, com o campeonato muito mais valorizado em relação há dez anos, essa taxa está em US$ 150 milhões para os demais interessados.

Dirigentes, no entanto, argumentam junto aos insatisfeitos que, assim como fez nos tempos de jogador, o inglês poderia alavancar ainda mais o sucesso da MLS, atraindo investidores e jogadores estrangeiros.

Outras dificuldades surgiram de Miami. Primeiramente, Beckham não conseguiu concluir a compra do terreno para a construção do novo estádio nas três opções que mais lhe agradavam. Restou, então, Overtown, bairro à beira do Rio Miami conhecido por sua força no comércio local entre a população negra.

Mas um bairro vizinho já está reclamando. A associação dos moradores de Spring Garden, região residencial e silenciosa, prevê trânsito e barulho por culpa dos jogos e possíveis shows no novo estádio. “As pessoas do futebol dirão que são só 15 jogos por ano, mas achamos que haverá muitos eventos e não queremos isso no nosso quintal”, protestou Ernest Martin, ex-presidente da associação local, ao “The New York Times”.

Para superar esses problemas, Beckham precisará de apoio dos políticos locais. E está indo bem. Afinal, desde o início de seu projeto, o inglês foi avisado que não teria nenhum centavo de incentivo público para o novo estádio. E mesmo assim, contando com fortes investidores, garante que levantará o estádio para 25 mil pessoas apenas com financiamento privado.

Outro desafio referente ao estádio está no projeto do mesmo: ele não prevê estacionamento. A ideia é que os torcedores usem as três estações de trem da região ou caminhem 15 minutos vindos de outras regiões com estacionamento.

O plano enche os olhos de urbanistas, mas tem um porém: o carro está fortemente enraizado na cultura da população de Miami, acostumada a se locomover com veículos privados. Além disso, há as altas temperaturas durante o ano e as pancadas de chuva. Mas os responsáveis pelo estádio apostam no perfil jovem do torcedor que seria atraído pelo novo time.

E aí está o último obstáculo para o sucesso do Miami Beckham United: o baixo interesse da população local pelo futebol. Boa parte dos moradores de Miami é de origem latina, mas desprezam o futebol norte-americano, acompanhando seus times de coração. Beckham, no entanto, confia no time que pode montar para levar a torcida ao estádio. E poucos duvidam do seu poder para negócios.