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Revoltados, torcedores do Barcelona cantam "morra, Neymar" no Camp Nou

AFP PHOTO / PAU BARRENA
Imagem: AFP PHOTO / PAU BARRENA

Thiago Arantes

Colaboração para o UOL, em Barcelona (ESP)

07/08/2017 17h25

O amistoso entre Barcelona e Chapecoense, nesta segunda-feira, marcava uma das mais importantes homenagens ao clube catarinense, que viveu em novembro do ano passado a maior tragédia da história do futebol. Mas também teve um momento completamente fora do clima de confraternização e paz no Camp Nou.

O jogo era o primeiro do clube catalão desde a saída de Neymar, contratado pelo PSG pelo valor recorde de 222 milhões de euros (R$ 818 milhões). Por isso, tornou-se palco de manifestações contra o jogador brasileiro e o clube francês.

Durante o primeiro tempo da partida, um grupo de torcedores da “grada de animación”, uma espécie de torcida organizada do clube catalão, dedicou parte de seus cantos ao ex-camisa 11 do clube e a sua nova equipe. “Aquí no te queremos, Neymar muérete”, cantava o grupo de cerca de 100 torcedores. A tradução: “Aqui não te amamos, morra, Neymar”.

O canto foi uma adaptação de uma marcha tradicional da torcida. Com o mesmo ritmo, os culés pediam para Xavi não deixar o clube, em 2015 – “Nosotros te queremos, Xavi quédate’ (Nós te amamos; fica, Xavi). Pouco depois, outro grito saiu do mesmo setor: “Puta PSG”. A tradução é desnecessária. 

A manifestação do grupo de torcedores surpreendeu pelo caráter pacífico que o Troféu Joan Gamper – nome oficial do amistoso contra a Chapecoense – costuma ter. Pela época do ano (em agosto, em pleno verão europeu) e pelo fato de os sócios não terem entradas reservadas, a partida acaba sendo uma atração predominantemente para turistas, por isso não costumam haver incidentes.

A reação ao canto dos foi imediata: em outros setores do estádio, na área de imprensa e nas redes sociais, torcedores criticaram a atitude. “Falar na morte de um jogador em um amistoso de homenagem a 71 mortos é um grande absurdo”, disse à reportagem um dos 64.705 presentes ao Camp Nou. Outros, pediram que o clube tome providências.

O grupo de torcedores, responsável pelo único ponto do estádio que gritava e cantava durante todo o duelo, não dedicou-se apenas a insultar Neymar e o PSG. Aos 35 minutos, quando Alan Ruschel – um dos sobreviventes da tragédia – deixou o campo para dar lugar a Guerrero, eles gritaram o nome do time brasileiro, enquanto todo o estádio aplaudia de pé. Aos 36 do segundo tempo, o grito se repetiu e foi acompanhado por outras partes do estádio; o mesmo se repetiu aos 44 da etapa final, depois que Arthur pegou a cobrança de pênalti de Paco Alcácer.  

Polêmica

Nas últimas semanas, torcedores e imprensa em Barcelona não esconderam seu descontentamento com a negociação que tirou Neymar do clube. Mais do que a saída do craque brasileiro, questionava-se a maneira como o staff do jogador se comportou.

Um funcionário do clube catalão disse à reportagem do UOL Esporte que, entre os membros da na diretoria do clube, não houve revolta com o fato de Neymar ter aceitado a proposta francesa ou de ter optado por sair.

“O que causou problemas foi a forma como ele se comportou. Poderia ter feito um comunicado ou convocado uma entrevista para deixar as coisas bem claras, assim que aceitou a proposta”, afirmou.

Nesta segunda-feira, o presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, comentou sobre a saída de Neymar no Congresso Mundial de Torcedores do clube. “Neymar fez parte de nosso clube, mas agora ele é passado. Foi uma decisão dele, fizemos tudo o que pudemos para mantê-lo, mas chegamos ao nosso limite. Nenhum jogador que é maior que o Barcelona.” 

Barcelona vence Chapecoense por 5 a 0 em amistoso

UOL Esporte