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PF faz operação contra fraude em VLT de Cuiabá; UOL expôs o caso em 2012

Trens do VLT de Cuiabá: um dos fracassos do planejamento estrutural da Copa 2014 - Divulgação
Trens do VLT de Cuiabá: um dos fracassos do planejamento estrutural da Copa 2014 Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

09/08/2017 10h26

Classificação e Jogos

Uma operação que investiga fraudes em obras do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) em Mato Grosso foi colocada em prática na manhã desta quarta-feira pela Polícia Federal do Estado. Ao todo foram 18 mandados de busca e apreensão, com epicentro de ação em Cuiabá, mas também em outras regiões do país. 

A construção do VLT de Cuiabá, em obra motivada pelos jogos da Copa do Mundo na cidade, foi cercada de polêmica desde das etapas de concepção. Em 2012, dois anos antes do evento da Fifa no país, o UOL denunciou que o vencedor da licitação do projeto era sabido um mês antes da entrega das propostas dos consórcios concorrentes e da abertura dos envelopes. Na época, a reportagem ouviu um assessor especial do governo de MT, que afirmou sobre as irregularidades no processo e admitiu que "pagaram R$ 80 mi em propina para vencer a licitação"

As obras do VLT estavam previstas para a Copa de 2014, mas estão paradas desde dezembro do mesmo ano, por força de decisão judicial – no total, elas já custaram mais de R$ 1 bilhão.

Deflagrada nesta quarta-feira, a Operação Descarrilho apura os crimes de fraude, associação criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de capitais, em tese ocorridos durante a escolha do modal do VLT e sua execução em Cuiabá.

Nesta quarta, estão sendo cumpridos 18 mandados de busca e apreensão, sendo dez em Cuiabá, um em Várzea Grande (MT), um em Belo Horizonte, um no Rio de Janeiro, um em Petrópolis (RJ), dois em São Paulo e dois em Curitiba. A Polícia Federal cumpre ainda um mandado de condução coercitiva na capital mato-grossense.

Durante a investigação de PF e Ministério Público, foram colhidos indícios de acertos de propina com representantes de empresas integrantes do Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, bem como desvio de recursos por intermédio de empresas subcontratadas pelo consórcio.

O impasse de conclusão do VLT

Em julho passado, o governo do Mato Grosso e o Consórcio VLT solicitaram à Justiça Federal um prazo de mais 30 dias para formularem uma nova proposta de acordo para a retomada das obras. O Ministério Público, tanto federal quanto em sua representação estadual, já se manifestou contrário ao acordo firmado entre as partes em março deste ano.

Segundo o governo mato-grossense, o dilema atual reside no custo de conclusão do projeto. O Estado alega já ter destinado pouco mais de R$ 1 bilhão para empresas ligadas à obra, desde a fase de concepção. O consórcio requisita mais R$ 1,2 bilhão para terminar os trabalhos, em montante total que faz com que o VLT de Cuiabá- Várzea Grande duplique seu orçamento inicial.

Veja o que o UOL já publicou sobre o caso:

17/08/2012
Vencedor de licitação do VLT de Cuiabá era sabido um mês antes; assessor acusa propina

17/08/2012
"Pagaram R$ 80 mi em propina para vencer a licitação", diz assessor do governo de MT

07/12/2012
VLT de Cuiabá não fica pronto até a Copa, aponta Tribunal de Contas da União

08/01/2013
Governo do MT consegue empréstimo de R$ 727 mi da Caixa para pagar VLT de Cuiabá