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Diego e Robinho dariam certo de novo? Personagens do Santos de 2002 opinam

Juntos, Robinho e Diego faturaram os Brasileiros de 2002 e 2004 pelo Santos - Almeida Rocha/Folha Imagem
Juntos, Robinho e Diego faturaram os Brasileiros de 2002 e 2004 pelo Santos Imagem: Almeida Rocha/Folha Imagem

Marcello De Vico e Vanderlei Lima

Do UOL, em Santos e São Paulo

10/08/2017 04h00

Ídolos da torcida santista, Robinho e Diego estão sendo estudados pela diretoria como possíveis reforços para a temporada 2018. Em baixa em seus atuais clubes, o atacante do Atlético-MG e o meia do Flamengo entraram na pauta de contratações do clube da Vila Belmiro, que pode utilizar o dinheiro da venda de Neymar para o PSG (cerca de 50 milhões de reais) para acertar com pelo menos um dos jogadores. Mas será que eles dariam certo em mais uma passagem pelo Santos?

Leão diz que situação financeira pode pesar contra

Técnico do Santos em 2002, quando o time foi campeão brasileiro justamente tendo as duas joias como destaques, Emerson Leão acredita que fazem-se necessárias análises e conversas antes de qualquer coisa, especialmente por questões financeiras. Porém, não hesita em dizer que qualquer treinador gostaria de contar com o futebol de ambos em suas equipes.

25.nov.2003 - Diego participa de treinamento do Santos sob olhares de Leão - Fernando Santos/Folha Imagem - Fernando Santos/Folha Imagem
Imagem: Fernando Santos/Folha Imagem
“Eles eram super jovens, então os dois já passaram dos 30 anos, as características evoluíram, e nenhum dos dois, hoje, tem o mesmo pensamento e nem tem a mesma condição que tinha nos anos 2001/2002, quando foram tudo isso. Agora eles têm uma técnica apurada, mas para se contratar os dois precisaria ter um bom diálogo inclusive com os dois e também ver o que o Santos pretende com a figura dos dois”, opina Leão em entrevista ao UOL Esporte.

Não são grandes definidores, eles acertam, mas também marcam, agora não tem o mesmo ímpeto, mas a técnica deles está mais aprimorada, é lógico. Só que o Robinho não vai pegar cinco vezes a bola seguida e ir para cima dando pedalada em alta velocidade e nem o Diego vai receber e correr para todo o lado. Eles são agora a cabeça, a inteligência a serviço do corpo, antes era o corpo a serviço da cabeça e da inteligência”, analisa o ex-técnico santista.

Questionado se faria o investimento nos jogadores caso fosse dirigente do Santos, Emerson Leão analisa alguns fatores para justificar se as contratações, hoje, valem ou não a pena.

“Depende, eu não sei como eles vêm jogar, vai vencer o contrato dos dois? Do Robinho, sim, do Diego, não, então o Robinho viria sem custo... Tem que ver os salários deles, a condição financeira dos clubes no Brasil hoje está muito perigosa. Eu não estou nem questionando qualidade, mas condição financeira. Eu acho que são duas contratações não de riscos técnicos, são de riscos financeiros. Agora, é lógico que todo o treinador gostaria de contar com os dois e prepará-los para compensar o custo benefício”, acrescenta.

Paulo Almeida: "fariam um bem danado ao Santos"

Volante e capitão do Santos no título brasileiro de 2002, Paulo Almeida, hoje já aposentado do futebol profissional, aposta que os dois seriam ótimas contratações para 2018 e até brinca que, caso fosse algum dirigente santista, "assinava o contrato deles agora".

Volante Paulo Almeida em jogo do Santos em 2002 - Almeida Rocha/Folhapress - Almeida Rocha/Folhapress
Imagem: Almeida Rocha/Folhapress
“Seria uma boa. Hoje, como torcedor do Santos, acredito que sim. É a casa deles, onde começaram... Eu acho que a motivação iria ser outra por tudo que eles já fizeram, e acho que tinha tudo para dar certo. O Robinho sempre que voltou para o Santos foi muito bem e sempre fez grandes partidas, passou por ótimas fases, tanto que ele voltava para o Santos e saía para fora [do Brasil] de novo porque ele ia sempre bem no Santos, é a casa dele. E o Diego ainda está em grande forma. Da nossa época é um dos mais novos e tem jogado muito bem no Flamengo. Eu acho que seriam duas contratações que ajudariam muito o Santos no próximo ano”, diz.

“[Se fosse o presidente] Assinava o contrato deles agora [risos], por toda a ligação com a torcida, por tudo o que representa Robinho e Diego no Santos, com certeza fariam um bem danado para a equipe. Não haveria nenhum arrependimento, de forma alguma”, acrescenta Paulo Almeida, que hoje mora em Itarantim (BA) e preside a Liga de futebol da cidade.

Para ex-presidente, dupla deveria estar na Vila

Outro que não pensaria duas vezes em trazer Robinho e Diego de volta é Marcelo Teixeira, presidente do clube na época. Segundo ele, ambos já estariam jogando novamente no time da Baixada Santista caso ele estivesse no comando do clube.

“Eu acho que eles deveriam estar aqui, não deveriam nem estar em outros clubes. A casa deles é a Vila, então acredito que eles mesmos, se talvez hoje não estão rendendo tão bem em outros clubes, aqui com certeza eles vão produzir, vão dar resultados. Se eu fosse o presidente eles já estariam aqui, eu não imaginaria eles defendendo outros clubes, com outras camisas”, diz.

Marcelo Teixeira, ex-presidente do Santos - Fernando Santos/Folha Imagem - Fernando Santos/Folha Imagem
Imagem: Fernando Santos/Folha Imagem
“Essa geração de 2002, Renato, Elano e todos eles, eles têm uma identidade e uma história que é muito forte, então eu acredito que, assim como foram lançados no meu pensamento, meu sonho particular é vê-los, se possível, encerrando as suas carreiras no Santos, apesar que tanto o Diego como o Robinho ainda têm muitos anos pela frente. Mas óbvio que, fazendo um contrato hoje, a tendência é que eles permaneçam até o encerramento da carreira”, opina.

Por fim, Marcelo Teixeira diz ter certeza que tanto Diego como Robinho seriam muito bem aceitos pelo torcedor em caso de investida do clube da Vila Belmiro.

“É lógico, isso é óbvio. Eles são ídolos, são atletas que fizeram história no clube e penso que até o clube pode explorar bastante a questão do marketing de novo com os dois reunidos, com projeto ambicioso de Libertadores do ano que vem. Acho que tem muitos ingredientes aí favoráveis a esse retorno”, completa Marcelo Teixeira, ainda hoje conselheiro do Santos.

Enquanto Diego deixou o Santos em 2004 e nunca mais voltou, Robinho já acumula outras duas passagens pelo clube, também vitoriosas: em 2010, conquistou o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil; quatro anos depois, voltou a defender a camisa santista e, em 2015, faturou mais um Estadual. Vale lembrar que Robinho tem contrato com o Atlético-MG até o fim deste ano, enquanto Diego assinou com o Flamengo até julho de 2019.