Sem bilheteria, Corinthians vê série de prejuízos após abertura da Arena
O Corinthians vive uma intensa crise econômica, com uma série de prejuízos financeiros no departamento de futebol. Nos últimos quatro anos, sem receita de bilheteria e com o aumento de pagamentos de juros, a modalidade fechou no vermelho em três oportunidades.
O cenário de 2017 também não é animador: nos primeiros seis meses, o deficit acumulado chegou a R$ 17,9 milhões. Nesse mesmo período, a renda bruta de 18 jogos na Arena Corinthians marcou R$ 39,4 milhões, com líquida de R$ 15,5 milhões - sem esse valor, portanto, o rombo foi maior.
As dificuldades financeiras se intensificaram justamente no ano de abertura do estádio. A partir de maio de 2014, o clube precisou conviver sem a quarta maior fonte de receita do futebol. A bilheteria correspondia, em média, a 12% da receita total - ela era superada pelas cotas de televisão, patrocínios e venda de jogadores.
De 2008 a 2013, o dinheiro oriundo das rendas dos jogos disputados como mandante ajudou o Corinthians a aumentar a receita. As cifras ligadas à bilheteria passaram de R$ 16,6 milhões em 2008 para R$ 29,4 milhões em 2010, com recorde de R$ 35,1 milhões em 2012 (cerca de 11% da receita total).
Em 39 meses, o Corinthians já disputou 111 partidas em Itaquera. Nesse período, a renda bruta chegou a R$ 206 milhões, com líquida de quase R$ 120 milhões (pouca mais de R$ 3 milhões mensais). A quantia foi destinada a um fundo, responsável pelo pagamento do financiamento da construção do estádio.
Em entrevista ao UOL Esporte, o diretor financeiro do Corinthians, Emerson Piovezan, admitiu que a falta dessa receita traz impactos negativos às finanças do clube. Apesar disso, o dirigente considera o cenário positivo.
"Existe impacto sim, mas controlável. As atuais receitas são maiores que quando jogávamos no Pacaembu, e esse seria o valor que devemos considerar", disse Piovezan que deu ênfase à estratégia corintiana: "As saídas são sempre a busca de parceiros."
O Corinthians, de fato, conseguiu aumentar as receitas nos últimos anos. Elas passaram de R$ 149,4 milhões em 2009 para R$ 269,6 milhões em 2015, sobretudo devido ao repasse dos direitos de transmissão. A tendência, porém, é de queda, já que o futebol do Corinthians arrecadou R$ 128 milhões no primeiro semestre.
As despesas, por sua vez, saltaram de R$ 133,6 milhões em 2009 para R$ 250,3 milhões em 2015. Em 2017, ela parece mais controlada: o clube gastou R$ 112,4 milhões de janeiro e julho.
Juros e mais juros
Outro ponto de distorção em relação aos anos anteriores são as chamadas despesas financeiras - elas correspondem aos pagamentos de juros de empréstimos, que dispararam nos últimos anos.
Tal repasse passou de R$ 7 milhões em 2013 para R$ 29 milhões em 2014. Em 2015, ele ficou na casa dos R$ 75 milhões - o valor se repetiu no ano seguinte.
"É o crescimento dos juros, associados ao alongamento da dívida, via Profut [lei que refinanciou as dívidas fiscais dos clubes] nos últimos dois anos", explicou Piovezan.
Vale lembrar que o Corinthians só conseguiu superavit no futebol em 2016, quando turbinou as receitas com vendas de jogadores, com a entrada de R$ 144,4 milhões. O fato deu-se logo após o título brasileiro de 2015 e se estendeu até os primeiros meses da temporada seguinte.
Resultados do departamento de futebol nos últimos anos:
2012: superavit de R$ 12,9 milhões
2013: superavit de R$ 10,6 milhões
2014: deficit de R$ 48,9 milhões (ano de abertura da Arena)
2015: deficit de R$ 72,9 milhões
2016: superavit de R$ 59,2 milhões
Primeiro semestre de 2017: deficit de R$ 17,9 milhões
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