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Madrugada e R$ 1,5 mil por jogo. Distantes, corintianos tentam seguir time

Torcedores de Campos do Jordão planejam assistir mais oito jogos do Corinthians em 2017 - Acervo pessoal
Torcedores de Campos do Jordão planejam assistir mais oito jogos do Corinthians em 2017 Imagem: Acervo pessoal

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

18/08/2017 04h00

Não importa o quão difícil seja acompanhar o Corinthians de perto. A distância para alguns torcedores é um mero acaso, fácil de ser domado diante da ânsia em assistir ao time alvinegro em ação da arquibancada de um estádio.

Diante do desafio de vencer centenas de quilômetros, corintianos se reinventam a fim de conseguir fazer parte da festa. Em caravana, pequenos grupos, duplas ou até mesmo sozinhos, o sonho vira realidade.

Para contar a história desses torcedores, a reportagem do UOL Esporte conversou com pessoas que moram em Campos do Jordão (no interior paulista), Combinado (cidade do Tocantins) e Brasília. 

Devido à distância, os corintianos de Campos do Jordão conseguem ser mais assíduos na Arena Corinthians. Já os torcedores de outros estados buscam acompanhar o Corinthians nos jogos como visitante disputados no Centro-Oeste do Brasil.

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Lucas ao lado do irmão no Mané Garrincha
Imagem: Acervo pessoal

Engana-se, entretanto, quem pensa pensa que há facilidade na rotina dos habitantes de Campos do Jordão. A viagem é longa, cheia de paradas e o horário vira um empecilho muitas vezes.

"Chegamos de volta às 22h30 quando o jogo começa às 16h. Quando o jogo é à noite, saímos de Campos umas 17h, dependendo do horário que o pessoal sai do trabalho. E só voltamos às 4h", conta o web designer Jefferson Aparecido, conhecido como Gamarra.

O torcedor de 35 anos é o fundador da torcida intitulada de "Fiel", mas sem vínculo com qualquer organizada. O grupo passou a se juntar com frequência a partir de 2012 e só vê mais adeptos.

"No ano passado, a gente fazia uma caravana por mês. Agora a procura aumentou muito, São 33 pessoas, vamos de micro-ônibus. Saímos daqui e passamos em outras cidades. A gente faz bate-volta", disse Gamarra, que ressaltou a facilidade para comprar ingressos por meio do programa de sócio-torcedor do Corinthians.

A ideia do grupo é viajar a São Paulo pelo menos mais oito vezes até o fim do ano. "Tem nove jogos em casa e oito caravanas programadas. Só não tem como o Avaí", disse Gamarra, que aproveitou a adesão para colocar em prática ações sociais - elas vão de visitas a asilos à arrecadação de mantimentos antes das viagens e doação de sangue (já são nove campanhas no total).

Corinthians só no Centro-Oeste

Para o sub-gerente comercial Lucas Fausto, as chances de ver o time do coração são raras e só ocorrem nos jogos disputados no Serra Dourada, em Goiânia, e no Mané Garrincha, em Brasília.

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Caravana de Campos de Jordão, com Gamarra ao centro, marca presença em Itaquera
Imagem: Acervo pessoal

"Ainda temos de fazer um esforço, porque Goiânia fica a 600 quilômetros daqui. Eu vou de ônibus e passo o fim de semana lá", explicou o torcedor de 24 anos, que não vê um jogo do Corinthians na capital paulista há oito anos.
 
A ideia, porém, é conhecer a Arena Corinthians ainda este ano. "Eu ia muito com o meu pai, mas parei de ir depois que ele faleceu. Estou fazendo planos para ir contra o Grêmio, numa quarta-feira, reta final do Brasileirão. Devo ficar uma semana, porque estarei de férias", disse o torcedor, que virá a São Paulo de avião.
 
Lucas assistiu à vitória do Corinthians por 1 a 0 sobre o Atlético-GO no Serra Dourada, em maio. No ano passado, viu a derrota corintiana para o Fluminense em Brasília.
 
"É complicado, porque fica meio virtual. Quando fui no jogo contra o Atlético-GO eu falei: 'cara, como isso é bom, tenho que viver mais isso'. Fico com inveja dos torcedores que vão com frequência. Como a gente vai menos vezes, aproveitamos como se fosse a última vez", ressaltou o torcedor, que pretende levar a São Paulo o irmão Otávio, de 16 anos: "Tenho esse sonho. Fazer igual ao meu pai fez comigo."
 
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O estudante Lucas viu 8 jogos em Itaquera
Imagem: Acervo pessoal

Um jogo custa R$ 1,5 mil


Morador de Brasília, o estudante Lucas Alberto Pereira, 17 anos, consegue fazer mais viagens que seu homônimo. Para isso, ele conta com a ajuda do tio, Edio Pereira, 40 anos, corintiano fanático.
 
A dupla também foi ao Serra Dourada ver o jogo contra o Atlético-GO, mas já foi também a dois jogos do Corinthians em Itaquera pelo Brasileirão 2017, contra o Cruzeiro (1 a 0) e o Flamengo (1 a 1).
 
"Sempre ficamos dois dias na cidade. Aproveitamos para ir ao centro de treinamento também [os torcedores ficam no portão e veem os jogadores nos carros] . A gente se hospeda na República e gasta em torno de R$ 1,5 mil cada por jogo", disse Lucas.
 
Para conseguir acompanhar o time, a dupla se planeja. "Eu vejo a tabela do campeonato antes e me planejo. Compro a passagem de avião com antecedência. Ainda pretendemos ir contra o Palmeiras e o Fluminense, além de um jogo da Sul-Americana", frisou.