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Eurico isolado: vice geral rompe em carta dura e lança candidatura

Fernando Horta renunciou ao cargo no Vasco para concorrer nas eleições de novembro - Claudio Andrade e Thyago Andrade/RioNews
Fernando Horta renunciou ao cargo no Vasco para concorrer nas eleições de novembro Imagem: Claudio Andrade e Thyago Andrade/RioNews

Do UOL, no Rio de Janeiro

18/08/2017 19h32

O vice-geral do Vasco, Fernando Horta, renunciou ao cargo nesta sexta-feira (18). Ele entregou uma carta com palavras duras ao presidente Eurico Miranda e concorrerá à presidência do clube nas próximas eleições, previstas para novembro deste ano. A informação foi publicada pelo Globoesporte.com e confirmada pela reportagem do UOL Esporte.

O rompimento já era esperado há meses nos bastidores de São Januário. Horta é presidente da escola de samba Unidos da Tijuca e pode atrair outros aliados a partir de agora. Com a saída do dirigente, Eurico Miranda perdeu em sequência o apoio dos seus principais caciques. José Luiz Moreira (ex-vice de futebol) e Paulo Reis (ex-vice jurídico) já deixaram os respectivos cargos. Apenas Sylvio Godoi, presidente do Conselho Deliberativo, ainda não abandonou a gestão.

O cenário para as eleições, no entanto, é incerto. Eurico Miranda está isolado, mas a oposição não se mostra alinhada na tentativa de impedir a reeleição do polêmico cartola.

O ex-jogador e comentarista Edmundo é ligado ao candidato Julio Brant, mas já participou de duas reuniões com o grupo de Fernando Horta. O pré-candidato Otto de Carvalho pode se aliar ao agora ex-vice geral.

O certo é que José Luiz Moreira, ex-vice de futebol, está com Fernando Horta.

Confira a carta de renúncia de Fernando Horta:

"Ao Clube de Regatas Vasco da Gama

Aos cuidados do presidente Eurico Miranda

Carta de licenciamento

O Vasco precisa acabar com a “Era do Eu”. E iniciar a “Era do Nós”

Esta carta está na minha cabeça há anos. Eu já a escrevi em meus pensamentos muitas vezes. E ela nunca foi publicada para não criar uma crise institucional para o Vasco ainda maior do que o clube vive agora.

Permaneci em São Januário, a contragosto, como mero observador de tudo o que acontecia no nosso clube, incomodado, chateado. Mas essa experiência amarga decerto será de enorme valia para o futuro que nos aguarda.

É oficial: estou no dia de hoje, 18 de agosto de 2017, pedindo licença do cargo de primeiro vice-presidente geral do Vasco até dia 20 de novembro de 2017, para cumprir uma missão que é a nossa missão primordial: recolocar o clube na posição de gigante que sempre foi.

Minha ruptura com o presidente Eurico Miranda teve início logo na primeira semana de sua administração, após apoiá-lo nas eleições de 2014, convencido que fui por grupos, personagens importantes da história do Vasco e pelo próprio Eurico, que me asseguraram que ele se mostrava diferente, mais aberto, após tanto tempo afastado do nosso clube.

Mas isso, infelizmente, não se confirmou.

Nunca fui consultado pelo presidente para absolutamente nada, em nenhum momento, nem quando o Vasco estava próximo da queda para a segunda divisão.

Nunca tive acesso ao futebol, por exemplo. Eu tinha minhas opiniões, evidentemente, mas em todos esses anos sempre fui alijado das grandes decisões, certas ou erradas, do presidente.

Eurico se fechou. Ele se fechou para o Vasco, para mim e eu me fechei para ele.

O Vasco que eu desejo em meu coração e na minha mente é um Vasco em que os vascaínos possam participar efetivamente das decisões, com um conselho diretor ativo, no qual o futuro do clube seja decidido pelos vascaínos.

O Vasco precisa acabar com a “Era do Eu”. E iniciar a “Era do Nós”.

Convido os vascaínos de todo o Brasil, sócios ou não, a partilhar de nossos ideais.

Ideais que são coletivos: amor pelo Vasco, responsabilidade com as finanças do clube, modernidade, transparência e, principalmente, cuidado com as nossas origens.

Fernando Horta – vice-presidente geral do Vasco

Rio de Janeiro, 18 de agosto de 2017"