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Palmeiras faz acordo e leva R$ 20 mi a mais por Jesus em manobra jurídica

Gabriel Jesus balança as redes para o Manchester City contra o Bournemouth - AFP PHOTO / Glyn KIRK /
Gabriel Jesus balança as redes para o Manchester City contra o Bournemouth Imagem: AFP PHOTO / Glyn KIRK /

Danilo Lavieri e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

29/08/2017 04h00

Após uma longa briga judicial que durou 13 meses, o Palmeiras chegou a um acordo com o ex-agente de Gabriel Jesus, Fábio Caran. Pelo acerto, o clube alviverde ficará com cerca de R$ 20 milhões dos R$ 28 milhões aos quais o empresário teria direito pela venda do atacante ao Mancheste City - o aumento no lucro é resultado de uma manobra do departamento jurídico do clube.

O acordo foi realizado sob sigilo no Tribunal de Justiça de São Paulo, costurado pelo departamento jurídico palmeirense e com aval do setor financeiro. Tudo isso com autorização do presidente Mauricio Galiotte. Procurados, nem o Palmeiras nem Fabio Caran quiseram se pronunciar sobre o ocorrido. O Alviverde, que inicialmente teria direito a 30% da operação da venda de Jesus, acaba ficando com um percentual próximo dos 50% - inicialmente previsto para R$ 35,1 milhões, o lucro saltou para R$ 55,1 milhões, pela cotação da época da negociação.

O aumento já estava nos planos do Palmeiras, que imaginava ganhar algo além dos R$ 35,1 milhões iniciais. O acordo com Caran agora, no entanto, assegura o valor que ficará com o clube. Na prática, o ex-agente abriu mão de 70% do que dizia ter para não correr o risco de ficar sem nada após uma disputa nos tribunais.

Palmeiras foi à Justiça alegando quebra de contrato

Para renovar contrato com Gabriel Jesus em 2014, o Palmeiras teve de ceder 70% de seus direitos econômicos: 47,5% à CR Sports, do agente Cristiano Simões, e 22,5% a Naima Ferreira, mulher de Fábio Caran, que na época era empresário do atleta. Uma cláusula no contrato previa que ninguém poderia repassar ou vender seu percentual, sob pena de multa e perda dos direitos. Para o alviverde, Caran e sua mulher violaram essa cláusula.

Os 22,5% foram repassados pelo Palmeiras a Naima através de uma empresa individual, que levava seu nome e tinha ela como única sócia e proprietária. Naima, entretanto, depois de assinado o contrato, transformou a empresa individual em uma sociedade limitada, com mais dois sócios.

Nesta operação, Naima ficou com apenas 1% da empresa, agora chamada Naima Ferreira Ltda. Os 99% restantes do patrimônio da empresa, que inclui os direitos econômicos de Jesus, ficaram com dois sócios que chegaram: Reinaldo Muhammad Mahmud Ayesh e Marco Francisco Lopez Redondo. Para o Palmeiras, Caran e a esposa, com essa operação, repassaram os direitos sobre o atacante para estes terceiros sem autorização.

Com base nessa tese, o jurídico palmeirense acionou a Justiça e, antes que houvesse uma decisão, acabou firmando o acordo com Caran. Com o acerto, o faturamento do alviverde subiu de R$ 35 milhões para cerca de R$ 55 milhões.