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Derrotas do Corinthians põem foco em Gabriel e sua dificuldade no passe

Gabriel conduz a bola diante do Atlético-GO: dificuldade como passador - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Gabriel conduz a bola diante do Atlético-GO: dificuldade como passador Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Dassler Marques e Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

29/08/2017 04h00

As duas derrotas nos últimos três jogos fazem o líder Corinthians buscar explicações e maneiras para reencontrar sua melhor condição no Campeonato Brasileiro. Entre os itens diagnosticados por Fábio Carille e sua comissão técnica, a participação do volante Gabriel tem levado a reflexões sobre sua dificuldade como passador.

Nos últimos três jogos [derrotas para Atlético-GO e Vitória e triunfo sobre a Chapecoense], Gabriel não terminou nenhum como volante, sua posição inicial. No primeiro desses confrontos, a lesão de Balbuena durante o segundo tempo fez com que ele fosse à zaga para que um jogador mais ofensivo participasse da construção. Já em Chapecó, Fábio Carille também abdicou do jogador para a entrada de outro meio-campista, Camacho. No sábado passado, essa troca se repetiu, mas no intervalo.

A avaliação da comissão do Corinthians é que os adversários, de um modo geral, têm deixado Gabriel com a posse de bola e concentrado a marcação em outros jogadores. Embora tenha um índice relativamente pequeno de passes errados [aproximadamente 3,4 por jogo], ele não oferece muita qualidade na criação. Camacho, embora também seja considerado um volante, tem um repertório melhor quando a missão é furar as retrancas adversárias, situação recorrente nesses últimos jogos.

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte e que vai ao ar nos próximos dias, o treinador Fábio Carille comentou a situação. "Considero o Camacho mais meia que volante. No ano passado, ele atuou como primeiro volante, mas mais por necessidade. De acordo com o adversário, com os jogos, gosto de ter um jogador com as características do Gabriel. Se eu tiver de montar um time sem olhar o adversário, vou ter um Gabriel, um Ralf. Com esse jogador de contenção para a defesa, a gente consegue liberar mais os outros jogadores", disse.

Dados do Footstats referentes ao último jogo mostram que Gabriel, nos 45 minutos em que esteve em campo, foi o líder em passes de toda a equipe, com 38 tentativas. A decisão de sacar o volante no intervalo foi diretamente ligada ao que os passes representavam na criação. Camacho, que assumiu a posição, chegou mais na frente, como já havia ocorrido diante da Chapecoense, na quarta passada. A jogada do gol de Jô, nos acréscimos, nasceu justamente de uma arrancada dele a partir do meio-campo.

Ao menos por enquanto, esse raciocínio não ameaça a titularidade de Gabriel, um jogador bastante valorizado pelo que oferece, sobretudo sem bola. Ele é o terceiro principal desarmador do time, também de acordo com o Footstats, e recebe elogios pela evolução ao longo do ano em aspectos defensivos. Reduziu seu ímpeto para cometer faltas, e por consequência, os cartões recebidos diminuíram.

Reforço mais caro do ano marcado por poucos investimentos, Gabriel custará R$ 6,5 milhões ao Corinthians quando for pago definitivamente - parcelas estão em atraso. A contratação foi indicada ainda por Oswaldo de Oliveira, mas referendada por Carille a partir de um dado interessante. No ano em que perdeu Ralf (2016), o clube sofreu aproximadamente 70% dos gols porque faltou pressão dos volantes ao adversário portador da bola.

Não à toa, Cristian e Willians saíram dos planos a partir dali, e o vigor do ex-palmeirense Gabriel se tornou uma das virtudes do time. Agora, atrás de um equilíbrio que permita sua presença no time sem comprometer o processo criativo nos jogos contra rivais mais defensivos.