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Nada de novo Suárez. Por que Liverpool fez força e manteve Coutinho no time

Klopp com Coutinho na assinatura do novo contrato: as estrelas da companhia - Divulgação/Liverpool
Klopp com Coutinho na assinatura do novo contrato: as estrelas da companhia Imagem: Divulgação/Liverpool

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

02/09/2017 04h00

O dia 25 de janeiro tem um significado simbólico muito grande na relação de Liverpool e Philippe Coutinho. Foi nesta data, em 2013, que representantes da equipe inglesa selaram com os proprietários do clube que investiriam 8,5 milhões de libras pelo garoto que não recebia oportunidades na Inter de Milão. Entender as razões dessa aquisição é importante para se chegar ao que pode parecer loucura: uma oferta de aproximadamente 160 milhões de euros (mais de R$ 590 milhões), feita pelo Barcelona, foi recusada na sexta-feira.

Quando se dirigiram a Milão para adquirir Coutinho, inicialmente os representantes do Liverpool esperavam um negócio por empréstimo, mas a confiança era tão grande que aceitaram comprá-lo. A aposta era de que ele se tornaria efetivamente um jogador importante, apesar de ter então apenas 21 anos e menos de 50 partidas em três temporadas de Inter. Um dos temores era que Pochettino, seu treinador no Espanyol-ESP, o levasse para o Southampton, uma equipe talhada para desenvolver talentos e então dirigida pelo hoje técnico do Tottenham. 

Até hoje, o 'ok' dos proprietários para o inesperado investimento é celebrado como um símbolo para a equipe de profissionais que, em conjunto com o treinador Jürgen Klopp, devolve a seus torcedores o direito de sonhar grande na Inglaterra.

No mesmo dia 25 de janeiro, agora de 2017, o Liverpool colocou no papel com Coutinho um novo contrato com duração até junho de 2022. Os salários de 200 mil libras por semana [mais de R$ 800 mil] são o reconhecimento para o jogador que não para de crescer com a camisa do clube, e que se tornou a grande aposta para se almejar voos maiores. Tal qual o Barcelona, vale lembrar, o Liverpool tem cinco títulos da Liga dos Campeões e está entre os clubes mais populares e tradicionais da Inglaterra. 

Para o Fenway Sports Group (FSG), que também o time de beisebol Boston Red Sox e comprou o Liverpool em 2010, manter Coutinho representa também preservar essa ambição e enviar uma mensagem para seus torcedores. Diferentemente de outros anos, quando os proprietários se tornaram vilões por venderem os ídolos Fernando Torres ao Chelsea e Luis Suárez ao Barcelona, a camisa 10 não precisará de um novo dono na atual temporada.

Coutinho terá nova posição. Se espera que seja o líder

Firmino e Salah: time de jovens em Liverpool - Jason Cairnduff/Reuters - Jason Cairnduff/Reuters
Time de jovens em Liverpool tem destaques com menos de 26 anos
Imagem: Jason Cairnduff/Reuters

Essa decisão é muito anterior às recentes tentativas de somar outros jogadores ao elenco. Seja a infrutífera por Lemar, do Monaco, que seria alternativa pelos lados do campo, ou a concluída por Naby Keita, volante destaque do RB Leipzig que se somará em um ano. Nenhum deles é ou seria substituto de Coutinho, por quem só se admite uma conversa pela venda em 2018.

O pensamento de longo prazo é uma marca dentro da atual gestão do clube. Não à toa, o treinador Jürgen Klopp tem contrato assinado até 2022, um prazo superior ao de todos os seus principais adversários. Casos de Pep Guardiola [2019 com City], Pochettino [2021 com Tottenham], Antonio Conte [2019 com Chelsea] e Mourinho [2019 com Manchester United].

Esse pensamento também se reflete no jovem elenco liderado por Klopp, com destaques como o egípcio Salah, 25 anos, o brasileiro Firmino, 26 anos, o senegalês Mané, 25 anos, e o alemão Emre Can, 23 anos. Além deles, evidentemente, tem Coutinho, que atinge 25 anos e o momento ápice de um jogador na carreira, se espera será a estrela da companhia.

Depois de atuar preferencialmente como meia aberto pela esquerda nas últimas temporadas, ele deve ser colocado por Klopp em uma posição mais central, ao lado dos volantes, para ser cada vez mais protagonista no jogo de sua equipe. Agora, trata-se de um time mais veloz pela chegada de Salah e do provável reserva Chamberlain, ex-Arsenal. 

Dentro dessa ideia, manter Philippe era fundamental e custou uma verdadeira batalha contra o empresário iraniano Kia Joorabchian, sempre lembrado no Brasil por sua posição à frente da empresa MSI no Corinthians. Ele tem um histórico difícil com a atual cúpula do Liverpool e uma reputação controversa no futebol inglês, onde seu maior parceiro é o Chelsea do russo Roman Abramovich.

De nada adiantou a lesão acusada por Coutinho em suas costas, e que se comprovou praticamente inexistente na chegada à seleção brasileira nos últimos dias. A imprensa inglesa ainda ventilou que a relação do treinador com o jogador não estava bem, mas nada que mudasse a decisão de reter sua saída. Klopp, aliás, é um personagem chave dentro dessa história. O treinador alemão, duas vezes campeão nacional e vice europeu pelo Borussia Dortmund, é visto como alguém perfeito para trabalhar com jogadores como Coutinho.

Além de carismático, ele prefere lidar com jovens ascendentes e impor sua personalidade forte, o que seria mais difícil em um grupo de estrelas prontas. Por mais uma temporada, o Liverpool e Klopp não precisaram ir ao mercado. O principal destaque já estava em Anfield Road.