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Não foi só Coutinho! Janela tem vários brasileiros que "ficaram no quase"

Philippe Coutinho, do Liverpool, acabou ficando no clube apesar de interesse do Barça - Clive Brunskill/Getty Images
Philippe Coutinho, do Liverpool, acabou ficando no clube apesar de interesse do Barça Imagem: Clive Brunskill/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

02/09/2017 04h00

A última janela de transferências do futebol europeu movimentou mais de 5,1 bilhões de euros (R$ 19 bilhões), valor recorde para um período de negociações. Brasileiros foram protagonistas – Neymar, por exemplo, tornou-se a transação mais cara da história ao trocar o Barcelona pelo Paris Saint-Germain. No entanto, não foram apenas histórias com desfecho positivo que direcionaram holofotes para atletas nascidos no país. Philippe Coutinho, que seguiu no Liverpool a despeito do interesse do Barcelona, é o caso mais claro de uma série que também foi marcada por jogadores que ficaram no "quase".

Revelado pelo Vasco, Coutinho tem 25 anos e defende o Liverpool desde 2013 – antes disso, havia acumulado passagens pouco notáveis por Inter de Milão e Espanyol. Carrega a camisa 10 e recebe um dos maiores salários do time inglês (algo em torno de 5 milhões de euros, ou R$ 18,7 milhões). Mesmo assim, animou-se com sondagem do Barcelona, que chegou a aceitar desembolsar 160 milhões de euros (R$ 596,7 milhões) para contar com o brasileiro.

Na última sexta-feira (01), contudo, o Liverpool bateu o pé pela última vez e rechaçou qualquer negociação envolvendo Coutinho. O contrato do brasileiro não possui multa rescisória estipulada e foi renovado recentemente – vai até 2022. Os ingleses, portanto, tiveram condição de vetar integralmente a transação, independentemente do montante oferecido.

O dinheiro, porém, é apenas um dos elementos na discussão sobre o futuro de Coutinho. O jogador afastou-se das primeiras partidas do Liverpool na temporada alegando dores nas costas, mas se recuperou rapidamente quando se apresentou à seleção brasileira. Começou no banco de reservas na última quinta-feira (31), contra o Equador, principalmente por questões físicas. Entrou no segundo tempo, na vaga de Renato Augusto, e foi um dos responsáveis por uma vitória por 2 a 0 – marcou, inclusive, o segundo gol.

O desempenho de Coutinho contra o Equador foi notícia em diversos jornais europeus. Na Espanha, o madrileno “Marca” disse que o meia “mostrou ao Barcelona que vale o investimento”; o catalão “Mundo Deportivo”, por sua vez, exaltou especialmente a jogada dele no segundo gol – fez um passe por elevação para Gabriel Jesus dentro da área e apareceu para receber de volta em condição de finalizar.

Existe um desgaste na relação de Coutinho com o Liverpool, portanto, em decorrência de toda a condução do negócio. Também há uma idealização do que o armador poderia ser no Barcelona. Na próxima temporada, esse cenário abre dois caminhos para ele: é possível perder prestígio na atual equipe (todos os erros, afinal, serão escrutinados a partir da lógica do “jogador que queria ter saído”); em contrapartida, dá para ser beneficiado justamente pelo distanciamento (os torcedores do Barcelona não verão necessariamente os erros cotidianos do camisa 10, mas serão impactados por passes e gols, por exemplo).

E outros brasileiros que ficaram no quase?

Fabinho se lamenta após perder pênalti para o Monaco contra o Borussia Dortmund - AFP PHOTO / PATRIK STOLLARZ - AFP PHOTO / PATRIK STOLLARZ
Imagem: AFP PHOTO / PATRIK STOLLARZ

Fabinho

A lógica de Coutinho também poderia descrever a situação de Fabinho, lateral e meio-campista do Monaco. O brasileiro de 23 anos foi sondado por clubes como Chelsea, Juventus, Manchester City e Manchester United. No fim, acabou permanecendo no time do Principado.

O desfecho da janela tem dois problemas para Fabinho. O primeiro é a situação do próprio Monaco, que foi campeão francês e semifinalista da Liga dos Campeões da Uefa na temporada passada. Alguns dos principais destaques, como Bernardo Silva, Benjamim Mendy, Tiemoue Bakayoko e Kylian M’bappé, acabaram negociados.

Mesmo em uma equipe enfraquecida, Fabinho deve seguir atuando como meio-campista. O jogador é lateral direito de origem, mas sua posição é atualmente dominada no Monaco por Djibril Sidibé, 25, titular da seleção francesa. A possibilidade de voltar ao lado do campo era uma das principais motivações do brasileiro para sair – a avaliação do atleta e de seu estafe é que é mais fácil brigar por uma vaga na seleção que disputará a Copa de 2018 se ele atuar como ala.

Felipe

Felipe, zagueiro do Porto - AFP PHOTO / MIGUEL RIOPA  - AFP PHOTO / MIGUEL RIOPA
Imagem: AFP PHOTO / MIGUEL RIOPA

O ex-corintiano é outro brasileiro que ficou no “quase” durante a última janela de transferências. O zagueiro de 28 anos foi um dos destaques do Porto na temporada passada, principalmente pela velocidade. Chamou atenção de times como Juventus e Real Madrid, mas acabou mantido apesar de atuar em uma equipe notadamente vendedora.

Malcom

Malcom do Bordeaux - Nicolas Tucat/AFP - Nicolas Tucat/AFP
Imagem: Nicolas Tucat/AFP

Outro ex-corintiano, o atacante Malcom também movimentou apenas especulações. O jogador de 20 anos chamou atenção de gigantes da Europa pelo bom desempenho na temporada passada. Teve o nome ligado a times como Borussia Dortmund e Manchester United, mas acabou seguindo.

No início da atual temporada, Malcom mostrou ainda mais credenciais. Fez dois gols nos quatro primeiros jogos com a camisa do Bordeaux (tinha anotado sete em 33 partidas da temporada anterior). Foi o suficiente para o nome do atacante ter sido incluído em muitas “tentativas de última hora” da janela de transferências.

Outros nomes e um brasileiro que negou transferência

Rafinha do Barcelona - Aitor Alcalde/Getty Images - Aitor Alcalde/Getty Images
Imagem: Aitor Alcalde/Getty Images

Há ainda os casos do lateral esquerdo Alex Sandro, que acabou ficando na Juventus apesar de ter sido assediado por outros grandes times da Europa, ou o meio-campista Rafinha, mantido no elenco do Barcelona. Ou o também ala Wendell, procurado pela Roma, que continuou no Bayer Leverkusen.

Entre os casos de negociações que não foram concretizadas, contudo, o que mais chamou atenção foi o do lateral esquerdo Douglas Santos, 23. O Hamburgo havia alinhavado a transferência do ex-jogador do Atlético-MG para o PSV Eindhoven, mas ele acabou dizendo não. Nesse episódio, o “quase” aconteceu por uma decisão do próprio atleta.

O que aconteceu com outros brasileiros na mesma situação

Felipe Anderson - MARCO BERTORELLO / AFP - MARCO BERTORELLO / AFP
Imagem: MARCO BERTORELLO / AFP

Em janelas anteriores também houve outros casos de brasileiros assediados que acabaram permanecendo em seus clubes. Um caso emblemático de "muita fumaça e pouco fogo" foi o do meia Felipe Anderson, que defende a Lazio. O armador revelado pelo Santos ganhou destaque especialmente em 2015. Foi procurado por clubes como Arsenal e Manchester United, mas acabou permanecendo no time italiano.

Desde então, a cotação de Felipe Anderson no futebol europeu caiu um pouco. O jogador hoje é mais velho, ainda não emplacou na seleção brasileira e tampouco “subiu de nível” como atleta decisivo na Lazio. Segue como um prospecto e se afasta cada vez mais da realidade que outras equipes vislumbravam quando fizeram sondagens.

O mesmo aconteceu com Alex Teixeira, meia que se destacou no Shakhtar Donetsk e chegou a ser o artilheiro entre todas as ligas da Europa. Chelsea, Liverpool e outros times ingleses fizeram propostas – o desejo inicial do brasileiro era atuar na Premier League. No início do ano passado, contudo, ele acabou negociado com o Jiangsu Suning, chinês que já havia contratado Ramires.

Ainda no Shakhtar, mas com desfecho diferente, houve o caso de Willian. O time ucraniano notabilizou-se por ser um negociador duro, o que acabou mantendo muitos brasileiros por lá. O meia revelado pelo Corinthians foi um exemplo: contratado em 2007, só saiu em 2013 porque o russo Anzhi Makhachkala pagou a multa rescisória e levou meses até seguir para o Chelsea, time que defende até hoje.