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Dorival dá estabilidade que a defesa queria, mas números só pioram

Com Dorival Júnior, São Paulo venceu apenas três partidas - Daniel Vorley/AGIF
Com Dorival Júnior, São Paulo venceu apenas três partidas Imagem: Daniel Vorley/AGIF

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo (SP)

04/09/2017 04h00

Apontada como o principal defeito do início do trabalho de Rogério Ceni como técnico do São Paulo, a organização defensiva segue distante do esperado no time que ocupa a 19ª colocação do Campeonato Brasileiro. Dorival Júnior até tenta dar à defesa uma sequência que não se via nos tempos do ex-goleiro, mas um problema que aparentava estar corrigido voltou a incomodar o clube do Morumbi. Os gols sofridos não param de aumentar.

Com Ceni, no Brasileirão, a equipe paulista foi vazada 11 vezes em 11 partidas. Em quatro duelos, contra Avaí, Palmeiras, Vitória e Sport, conseguiu terminar sem levar nenhum gol. A melhora defensiva, embora tenha ocorrido ao mesmo tempo de uma drástica queda ofensiva, era atribuída à mudança implantada pelo então treinador no sistema de jogo. Entrou em ação o 3-4-3, com os zagueiros jogando mais adiantados, próximos dos meio-campistas, e os laterais aliviados na marcação pelas dobradinhas com os pontas e maior área de cobertura da primeira linha de três.

Campinho 3-4-3 do São Paulo - Arte/UOL Esporte - Arte/UOL Esporte
Com Ceni, linha de três zagueiros jogava adiantada, bem próxima do meio
Imagem: Arte/UOL Esporte

Era uma tentativa de tornar o time mais compacto, corrigindo problemas do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil. Os adversários passaram a chegar com menos frequência à meta do São Paulo, que tampouco conseguia incomodar os rivais na frente. Os jogadores acreditavam que ainda havia tempo para evoluir com Ceni, por mais que houvesse certo incômodo com o excesso de trocas no trio de zaga. Ceni, com calendário mais apertado à época, optava por rodízio no setor, e ainda viu Maicon ser negociado e Lucão, afastado. Foram seis formações diferentes usadas.

Desde a saída de Ceni, foram mais 11 compromissos do São Paulo no Brasileirão: dez com Dorival Júnior e um com o ex-auxiliar Pintado. O número de gols sofridos subiu para 22 no período, o dobro do que Ceni havia apresentado. E em apenas uma ocasião o time terminou sem ser vazado, na vitória por 1 a 0 sobre o Vasco da Gama. Embora o atual técnico tenha dado a segurança de uma dupla de zaga fixa - Rodrigo Caio e Arboleda estiveram juntos em dez jogos desde então -, os buracos entre defesa e meio de campo e a falta de proteção aos laterais reapareceram.

A derrota por 4 a 2 para o Palmeiras é um exemplo dessa dificuldade são-paulina. Quando os seis atletas mais ofensivos saíam para tentar marcar pressão, aproveitando a falta de confiança da defesa rival, a linha formada por Buffarini, Arboleda, Rodrigo Caio e Edimar não avançava. Assim, se os passes alviverdes eram encaixados, havia espaço de sobra para construir as jogadas, como no segundo, no terceiro e no quarto gol.

Dorival reconhece as dificuldades e testa alternativas. Contra Cruzeiro, por exemplo, posicionou seus jogadores muito mais no campo defensivo, para sair em contra-ataques. Ainda assim, como nos tempos de Ceni, viu falhas individuais colocarem o resultado em xeque. Contra Avaí e Palmeiras, a volta de uma marcação mais adiantada foi notada, mas ainda com os velhos defeitos. Por isso, no treino da última quinta-feira, o técnico aplicou trabalho específico para que os atletas corram de forma mais sincronizada.

Um time foi formado com Militão, Lugano, Aderllan e Edimar; Petros; Marcos Guilherme, Jucilei, Hernanes e Lucas Fernandes; Gilberto. Dorival iniciava as jogadas e pedia toques rápidos, firmes e que mudassem o jogo de direção o tempo todo, mesmo que fossem apenas quatro defensores rivais parados na entrada da área. Quando o ritmo dos passes caía, o técnico pegava outra bola, jogava para essa linha defensiva reserva tentar sair jogando e forçava os titulares a apertarem a marcação. Dorival ficava ao lado da defesa titular e obrigava os atletas a avançarem junto com os demais, evitando buracos entre as linhas.

O exercício foi repetido com uma formação reserva, que teve Buffarini, Bruno Alves, Douglas e Júnior Tavares; Gómez; Marcinho, Denilson, Thomaz e Maicosuel; Shaylon. A ideia é deixar todos no elenco acostumados e preparados para esse tipo de situação. Afinal, agora restam apenas 16 partidas para o Brasileirão terminar e a briga contra o rebaixamento permitirá cada vez menos erros.