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Clubes baratos e negócios suspeitos: a 2ª divisão que atrai muito dinheiro

Jogadores asiáticos do Tubize, time comprado por empresa sul-coreana - Divulgação
Jogadores asiáticos do Tubize, time comprado por empresa sul-coreana Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

12/09/2017 04h00

Nada de glamour, poder ou direitos de transmissão milionários. A segunda divisão belga é um campeonato modesto, disputado por apenas oito times. E é justamente por isso que uma grande interrogação tem surgido em quem analisa o que está acontecendo por lá: afinal, por que há tantos estrangeiros investindo dinheiro nesse torneio?

Seis das oito equipes da segunda divisão hoje contam com dinheiro de fora da Bélgica. Injetam capital nesses clubes empresários de Coreia do Sul, China, Tailândia, Rússia, Alemanha e Egito.

O Oud-Heverlee Leuven, por exemplo, foi comprado pelo grupo tailandês King Power, o mesmo que é dono do Leicester City, da Inglaterra, e dá nome a seu estádio. Já o Cercle Brugge agora é controlado por Dmitri Rybolovlev, o russo que é proprietário do Monaco, atual campeão francês.

O que os atraiu? A segunda divisão belga, aparentemente, oferece diversos fatores irresistíveis para esses investidores: clubes baratos, a atual imagem do país em revelar bons jogadores, poucas restrições a atletas estrangeiros e impostos e taxas extremamente favoráveis.

Aqueles que possuem clubes em outros centros europeus ou africanos costumam usar as equipes da segunda divisão belga para desenvolver seus jovens jogadores, garantindo um time profissional em que eles ganhem experiência.

Além disso, como a federação exige que apenas oito jogadores de cada elenco sejam belgas, não faltam estrangeiros nas equipes. Soma-se a isso o fato de obter a cidadania europeia em território belga ser muito mais fácil do que em outros países, o que atrai principalmente jogadores da África.

Os torcedores de clubes recém-adquiridos podem se empolgar com o aporte financeiro, mas alguns já começam a desconfiar dos novos proprietários. É o caso do Lierse. Comprado em 2007 pelo empresário egípcio Maged Samy, o time atualmente é acusado pela torcida de te virado um balcão de negócios.

Isso porque foi feito um acordo com uma empresa francesa para fortalecer as equipes de base. Na prática, segundo as críticas da torcida, nenhum bom jogador é revelado e só os atletas dessa empresa são beneficiados, em detrimentos dos jovens locais. Atualmente, segundo o “The New York Times”, parte da torcida boicota os jogos do Lierse.

Com a segunda divisão praticamente dominada por investidores de fora do país, a federação local começa a analisar possíveis mudanças no regulamento. Enquanto isso, a Bélgica lida com essa “invasão” do dinheiro e dos interesses estrangeiros.