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Plano de clubes grandes para transmissões divide futebol inglês

David Hellier e Scott Soshnick

Bloomberg

26/09/2017 15h55

Os clubes de futebol de elite da Inglaterra estão enfrentando a resistência dos rivais menores a seu plano para abocanhar uma fatia maior dos mais de 1 bilhão de libras (US$ 1,3 bilhão) por ano obtidos pela Premier League em direitos de mídia internacional.

As equipes menores, que querem manter o acordo atual de divisão de receitas, deverão se encontrar antes da reunião da Premier League, marcada para 4 de outubro, para elaborar uma resposta aos seis clubes grandes - Manchester United, Manchester City, Chelsea, Arsenal, Liverpool e Tottenham -, segundo pessoas familiarizadas com a situação, que pediram anonimato porque as deliberações não são públicas.

Equipes como Manchester City e Liverpool argumentam que sua popularidade ajuda a gerar receitas internacionais, por isso esses clubes deveriam receber uma fatia maior. Uma opção considerada pela Premier League, segundo uma das pessoas, é dividir o dinheiro com base no tempo em que a equipe se mantém na liga. O diretor executivo da Premier League, Richard Scudamore, apoia os clubes grandes, disse uma pessoa.

O compartilhamento de receitas está na pauta da reunião da semana que vem entre os 20 clubes da Premier League. A receita internacional atualmente é de 3 bilhões de libras a 3,5 bilhões de libras em três anos, enquanto o contrato doméstico da liga é de 5,1 bilhões de libras.

Liga dominante

Com os acordos de compartilhamento coletivo, aliados à enorme popularidade da Premier League, até mesmo os clubes de pior desempenho da primeira divisão inglesa geram receitas de transmissão maiores que as de alguns dos clubes de maior sucesso da Europa.

Por exemplo, no ano passado o Sunderland recebeu 93,5 milhões de libras depois de terminar em 20º lugar na liga e ser rebaixado. O montante é superior ao obtido pela Juventus na Itália, pelo Bayern de Munique na Alemanha e pelo Mônaco, apesar de todos esses clubes terem vencido suas respectivas ligas, segundo a Sporting Intelligence.

Um representante da Premier League preferiu não comentar. Para que uma alteração nas regras sobre o compartilhamento de receitas entre em vigor, pelo menos 14 clubes precisam votar a favor, segundo a liga.

Opção de streaming

Os direitos internacionais da Premier League são oferecidos regularmente a países individuais, dependendo do território, e até o momento foram comprados principalmente por emissoras. Mas, com o aumento da popularidade das transmissões on-line, as provedoras de serviços de streaming podem vir a competir nos próximos leilões.

Na semana passada, o vice-presidente-executivo do Manchester United, Ed Woodward, disse esperar que gigantes da tecnologia como Amazon.com e Facebook apresentem propostas pelo próximo contrato doméstico da Premier League. Os clubes ingleses esperam que o interesse de outros atores além da BT Group e da Sky eleve o preço dos direitos de transmissão.

Na reunião da Premier League da semana que vem, os diretores também deverão explicar aos clubes os termos do próximo leilão de direitos domésticos, que da última vez chegou ao valor de 5,1 bilhões de libras por três anos.

As receitas com transmissão da Inglaterra, tanto nacionais quanto internacionais, são muito superiores às das ligas rivais. A Premier League conta com oito dos 20 maiores clubes da Europa em receita total, segundo pesquisa recente da firma de serviços financeiros Deloitte. O West Ham United e o Leicester City, tradicionalmente deixados de fora da lista dos maiores clubes da Premier League, figuram entre os 20 maiores geradores de receita da Europa.