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Fominha e motociclista: o rebelde que fez história sem defender time grande

Imagem clássica de Garrafa Sánchez que ainda hoje ilustra homenagens - Reprodução
Imagem clássica de Garrafa Sánchez que ainda hoje ilustra homenagens Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

29/09/2017 04h00

Ele não defendeu as maiores equipes do país, não chegou à seleção argentina nem foi vendido para o futebol europeu. Mesmo assim, José Luis Sánchez, ou apenas Garrafa Sánchez, virou uma referência na Argentina. Tatuagens, pôsteres e até filme reforçam sua memória. No gramado, qualidade e ousadia fizeram do meio-campista um ídolo de diferentes torcidas; fora dele, rebeldia e personalidade forte se tornaram uma marca registrada.

Sánchez ainda jogava futebol profissional quando morreu em 2006, aos 31 anos, vítima de um acidente de moto. A velocidade era uma de suas paixões e, em janeiro de 2006, sofreu uma queda enquanto fazia manobras arriscadas. Seu amor pelas motos, inclusive, o impediu de ser contratado pelo Boca Juniors, segundo a imprensa argentina.

Na época, Carlos Bilardo tinha gostado do futebol de Sánchez, então com 22 anos, mas desistiu da contratação ao saber das motos. O meio-campista nunca se arrependeu por isso. Pelo contrário, manteve sua paixão até o fim.

E era assim que Sánchez fazia em campo também. Baixinho de 1,68m e canhoto, era habilidoso e tinha muita facilidade para o drible. Certa vez, em um jogo decisivo pelo Banfield, que buscava o acesso à elite argentina, ele chegou a ficar 20 segundos dando dribles nos adversários.

Ao fim da jogada, não conseguiu chutar a gol nem tocar. Alguns companheiros reclamaram, mas essa irresponsabilidade era sua característica. Tal estilo já renderam inúmeras comparações com Garrincha, além do apelido de “El Loco”.

Garrafa Sánchez também ficou conhecido por ser “fominha”. E até brincava com isso. “Não quero dar a bola para um companheiro porque tenho medo que ele não me devolva mais”, declarou certa vez.

Mas ele teve conquistas em campo. Ajudou o Banfield a subir para a primeira divisão e o El Porvenir, para a segunda. Também fez gol decisivo, saindo do banco, para manter o Banfield na elite. Sánchez recebeu até uma chance de disputar a Copa Libertadores pelo Bella Vista, do Uruguai, mas deixou o clube logo depois de chegar para ficar perto de seu pai, que estava doente.

Outra passagem extra campo que ficou famosa na vida de Sánchez foi nos tempos de Banfield, quando ele estava na reserva e passou em frente ao quarto de seu treinador e, achando que o mesmo não estava, bateu na porta e gritou: “Quando vai me escalar, filho da p...?”. “Quando seguimos, [o treinador] Falcioni saiu pela porta e berrou: “Nunca, gordo!”, contou Javier Sanguinetti, ex-companheiro de Sánchez.

Ao fim de sua passagem pelo Banfield, aos 31 anos, decidiu voltar para seu time de coração, o modesto Deportivo Laferrere. E aí terminou sua carreira, encurtada pelo acidente de moto, a paixão perigosa que lhe cobrou um alto preço.