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Brasil visita Bolívia e altitude que já tirou Zé Roberto e Juan da Copa

Zé Roberto foi um dos substituídos por Felipão em La Paz e acabou fora do Mundial - AP Photo/Roberto Candia
Zé Roberto foi um dos substituídos por Felipão em La Paz e acabou fora do Mundial Imagem: AP Photo/Roberto Candia

Danilo Lavieri, Dassler Marques e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em São Paulo, La Paz (Bolívia) e Rio de Janeiro

05/10/2017 04h00

O Brasil enfrenta, nesta quinta, às 17h, a Bolívia e sua altitude. Se o jogo não será decisivo o Brasil em termos de vaga na Copa do Mundo de 2018, também não pode ser desprezado. Como ensina a história, os 3.600 metros de altura da capital boliviana podem ter papel importante na definição de Tite sobre quem estará, ou não, na lista final do Mundial.

Embora não seja uma grande força do futebol mundial, a Bolívia consegue meter algum medo no Brasil. Em La Paz, por exemplo, venceu os três últimos confrontos que fez contra a seleção, sempre em jogos oficiais, somando um jejum de 20 anos. Foi lá que, em 1993, o futebol verde-amarelo foi derrotado pela primeira vez nas Eliminatórias, em um jogo que marcou a geração do tetra.

É essa capacidade de machucar o Brasil que faz da Bolívia um adversário perigoso. Em 2001, um tropeço em La Paz não só colocou a seleção de Felipão contra as cordas, mas mexeu de forma significativa no elenco que disputaria a Copa do Mundo. Dois dos mais experientes jogadores do Brasileirão, Juan e Zé Roberto, hoje em Flamengo e Palmeiras, respectivamente, perderam vaga justamente após más atuações na derrota por 3 a 1.

Jogadores da seleção brasileira lamentam gol da Bolívia em jogo válido pelas Eliminatórias para a Copa de 2002 - AFP PHOTO/Antonio SCORZA - AFP PHOTO/Antonio SCORZA
Jogadores da seleção brasileira lamentam gol da Bolívia em jogo válido pelas Eliminatórias para a Copa de 2002
Imagem: AFP PHOTO/Antonio SCORZA

“Eu não tenho boas recordações daquele jogo de 2001 porque foi o que me tirou da Copa de 2002. Eu era convocado por todos os treinadores que passaram pela seleção até ali e estávamos em uma fase difícil nas Eliminatórias. Fomos mal no jogo, ficou aquela dúvida se iríamos ou não classificar e a gente precisava ganhar da Venezuela depois”, relembrou o lateral palmeirense.

O temor pela perda da vaga era tão grande que, depois do jogo em La Paz, a Folha de S. Paulo estampou “Mais sete dias de suplício” em sua capa, fazendo referência ao período de espera até o jogo decisivo contra a Venezuela. Na ocasião, a seleção até chegou a abrir o placar em La Paz com um golaço de Edílson, mas um escorregão de Juan à frente da área e uma cobrança de falta que encobriu Marcos deram a vitória à Bolívia, que ainda faria mais um de pênalti.

Se o goleiro palmeirense escapou, Juan e Zé Roberto, ambos substituídos no decorrer do jogo, não tiveram a mesma sorte. Do time titular daquele dia, só eles e Serginho, ex-Milan, não tiveram a chance de ir à Ásia – Émerson foi como capitão, mas acabou cortado na véspera. Era a reta final da preparação e Felipão montava seu grupo a dedo. Ainda que não tenha a pressão de uma briga por vaga na Copa, o cenário para Tite é parecido.

Como La Paz pode afetar o time atual

Como em 2001, o Brasil viaja para fazer seu penúltimo jogo nas Eliminatória Sul-Americanas. Com a vaga para o Mundial da Rússia definida, Tite aproveita os jogos finais das Eliminatórias para avaliar os jogadores.

“Não gosto de falar em testes, mas oportunidade. E eles precisavam aproveitar. Não adianta esconder. Eles estão disputando ali, sim. Mas uma disputa leal, coisa bacana. Estamos em uma fase de consolidar o time, preciso ver as opções que tenho”, explicou o técnico, mostrando que o jogo na capital boliviana não tem qualquer caráter amistoso, apesar da situação tranquila do Brasil nas Eliminatórias.

Tite comanda treino da seleção brasileira na Granja Comary - Pedro Martins/ MoWa Press - Pedro Martins/ MoWa Press
Tite comanda treino da seleção brasileira na Granja Comary
Imagem: Pedro Martins/ MoWa Press

Em relação à altitude, a preocupação vem principalmente do departamento médico. Com uma logística previamente montada para ficar pouco tempo em La Paz, a seleção treinou três dias na Granja Comary e chegará à capital boliviana pouco mais de duas horas antes do jogo. No total, não ficará mais que oito horas por lá.

“Não tem remédio para altitude, o que se tem são estudos. Percebemos que os efeitos começam a surgir após oito horas no local. Então decidimos montar a programação assim”, explicou o fisiologista da seleção, Luiz Antonio Crescente, que liderou a questão ao lado do preparador físico Fabio Mahseredjian e ainda separou um cilindro de oxigênio para cada um dos 11 titulares.

“O que falta lá em cima é ar. A densidade é menor, assim como a quantidade de oxigênio que entra no pulmão”, justificou.

Em campo, além das mudanças diante da altitude, o Brasil terá algumas trocas na equipe titular. Thiago Silva assume a vaga de Marquinhos na zaga, enquanto Alex Sandro herda a lateral esquerda dos lesionados Marcelo e Filipe Luis. Já Philippe Coutinho está de volta no meio campo.

Pelo lado boliviano, Marcelo Moreno, além da altitude, é a grande arma. Os donos da casa não poderão contar com os meias Jhasmani Campos, suspenso por levar dois cartões amarelos, e Alejandro Chumacero, expulso contra o Chile.

FICHA TÉCNICA
BOLÍVIA x BRASIL

Data e hora: 5 de outubro de 2017 (quinta-feira), às 17h (de Brasília)
Local: Hernando Siles, em La Paz (Bolívia)
Árbitro: Fernando Rapallini (Argentina)
Auxiliares: Diego Bonfa e Gabriel Chade (ambos da Argentina)
Transmissão na TV: Globo e Sportv
Bolívia
Lampe; Raldes, Valverde, Gutiérrez, Bejarano e Morales; Justiniano, Arce e Raúl Castro; Marcelo Moreno e Fierro
Técnico: Mauricio Soria
Brasil
Alisson; Daniel Alves, Thiago Silva, Miranda e Alex Sandro; Casemiro, Paulinho e Renato Augusto, Philippe Coutinho e Neymar; Gabriel Jesus
Técnico: Tite