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Brasil perde muitos gols, só empata na altitude e não alcançará recorde

Evo Morales - Ministério de Comunicação da Bolívia - Ministério de Comunicação da Bolívia
Imagem: Ministério de Comunicação da Bolívia

Dassler Marques

Do UOL, em La Paz (Bolívia)

05/10/2017 19h02

O Brasil tentou, insistiu, persistiu, mas não venceu o duelo com o goleiro boliviano Carlos Lampe. Sem conseguir marcar na altitude, a seleção deixa La Paz nesta quinta-feira com um empate em 0 a 0 contra a Bolívia em um Estádio Hernando Siles repleto, com quase 30 mil espectadores, pela penúltima rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo.

Tite esperava por uma vitória que deixaria o Brasil em condições de quebrar o recorde da Argentina de Marcelo Bielsa, que alcançou 43 pontos nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002. Com o empate, porém, a seleção brasileira não vai ter esse gostinho. Hoje com 38 pontos, encerrará sua campanha contra o Chile na terça (10). A Bolívia, já eliminada, tem 14 pontos.

O resultado ampliou para 20 anos a invencibilidade dos bolivianos contra o Brasil, em La Paz. Desde a decisão da Copa América de 1997, a camisa amarela não consegue deixar a capital andina com a vitória. Em nove jogos no Hernando Siles até hoje, são duas vitórias brasileiras, dois empates e cinco derrotas.

Lampe frustra 1º tempo do Brasil

Neymar x Carlos Lampe - Leo Correa/AP - Leo Correa/AP
Imagem: Leo Correa/AP

Jogador do Huachipato-CHI e único ‘estrangeiro’ do time titular além de Marcelo Moreno, o goleiro Carlos Lampe foi a grande figura da etapa inicial. Neymar, que vem de jejum na última convocação, teve quatro finalizações, mas não conseguiu vencer o camisa 1, que ainda foi auxiliado por Valverde – o zagueiro boliviano ainda evitou uma bola sobre a linha. Gabriel Jesus foi outro com ocasião clara, mas não venceu Lampe.

Empurrados pelos torcedores que encheram o Hernando Siles, os jogadores da casa se desdobraram para tentar vencer mais uma grande seleção em La Paz depois de chilenos e argentinos. Um chute forte de Machado, que passou perto da meta, e outro ainda mais violento de Bejarano, que acertou o travessão, assustaram Alisson.

Defesa até com o rosto no segundo tempo

Depois do intervalo, a partida não mudou de tom, e o Brasil se manteve no campo de ataque. Lá atrás, Marquinhos e Miranda não deram chances aos bolivianos, e liberaram a equipe de Tite para insistir. Paulinho acertou a trave, Neymar teve pelos menos mais duas ocasiões claras e Gabriel Jesus, em uma linda cabeçada, também parou em Lampe. 

O melhor: Lampe

Neymar e Lampe - David Mercado/Reuters - David Mercado/Reuters
Imagem: David Mercado/Reuters

Não poderia haver outro nome. Não foi por falta de tentativa que o placar ficou zerado nesta quinta-feira (5). A atuação excelente do goleiro garantiu o 0 a 0 ao final do jogo. O Brasil finalizou 13 vezes e viu o arqueiro rival fazer pelo menos quatro grandes defesas. Ao final, recebeu muitos cumprimentos de brasileiros e até a camisa de Neymar. 

O pior: Marcelo Moreno

Marcelo Moreno e Miranda - Nelson Almeida/AFP - Nelson Almeida/AFP
Imagem: Nelson Almeida/AFP

Jogador mais badalado da Bolívia, o centroavante que atua no futebol chinês praticamente não criou riscos para a defesa do Brasil. O ex-corintiano Arce até deu trabalho para Daniel Alves, mas nem ele, nem Moreno conseguiram tirar o zero do placar.

Preparação e estratégia especiais para o duelo em La Paz

Neymar - Leo Correa/AP - Leo Correa/AP
Imagem: Leo Correa/AP

O Brasil chegou a La Paz duas horas antes do apito inicial depois de uma escala de um dia em Santa Cruz de la Sierra, ao nível do mar. A estratégia visa minimizar os efeitos da altitude de mais de 2 mil metros e foi definida pela comissão de Tite, que levou oxigênio extra em cilindros aos jogadores. Além disso, a proposta de jogo brasileira foi adaptada às condições locais.

Com 68% de posse de bola no primeiro tempo, o Brasil tentou desacelerar o jogo para equilibrar as ações com os bolivianos, em vantagem na parte física, e também se postou de forma cautelosa em alguns momentos.

Gramado prejudica a partida em La Paz

gramado - Dassler Marques/UOL - Dassler Marques/UOL
Imagem: Dassler Marques/UOL

Duas semanas depois de ser palco de shows, o gramado do Hernando Siles se mostrou castigado. Antes da bola rolar, funcionários tentaram amenizar o terreno irregular com ajuda de máquina e de uma funcionária que tapava os buracos. A trajetória da bola, porém, foi prejudicada pelas condições ruins

Evo Morales marca presença

Fã de futebol, o presidente da Bolívia, Evo Morales, marcou presença no estádio Hernando Siles. O chefe da nação local esteve em um camarote, repetindo 2013, quando também acompanhou um duelo entre as duas seleções. Muito ligado à equipe, ele tenta viabilizar recursos para a construção de um CT para o time nacional.

Teste com Thiago Silva não dá certo; com Alex Sandro, sim

A ideia de Tite em escalar Thiago com Miranda foi frustrada por uma lesão na coxa direita ainda no primeiro tempo, aos 33min. O zagueiro do PSG foi substituído por Marquinhos, seu colega de clube, e será reavaliado na volta a São Paulo, na sexta (6). Alex Sandro, escalado por lesões de Marcelo e Filipe Luís, cumpriu bem o papel e teve atuação segura. 

Alisson completa dois anos como titular do gol brasileiro

Ainda sob alguma contestação, Alisson chegou ao 21º jogo no gol do Brasil logo depois de completar também dois anos como titular da posição. Desde então, ele só não atuou em duas partidas na Austrália, quando Tite testou Diego Alves e Weverton. Na Bolívia, praticamente não trabalhou e contou com a sorte em uma bola que explodiu no travessão.

BOLÍVIA 0 x 0 BRASIL

Data: 5 de outubro de 2017 (quinta-feira)
Local: Hernando Siles, em La Paz (Bolívia)
Árbitro: Fernando Rapallini (Argentina)
Auxiliares: Diego Bonfa e Gabriel Chade (ambos da Argentina)
Cartão amarelo: Valverde (BOL)

Bolívia
Lampe; Raldes, Bejarano, Valverde, Raldés, Gutiérrez e Morales; Justiniano, Fierro (Álvarez) e Christian Machado (Raúl Castro); Marcelo Moreno e Arce (Saucedo). Treinador: Mauricio Soria

Brasil
Alisson; Daniel Alves, Thiago Silva (Marquinhos), Miranda e Alex Sandro; Casemiro; Coutinho (Willian), Paulinho (Fernandinho), Renato Augusto e Neymar; Gabriel Jesus. Treinador: Tite