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Zagueiro virou vilão por culpa de fuso-horário, teste antidoping e cabelão

Giuntini foi jogador do Boca e depois virou treinador - Reprodução/Twitter
Giuntini foi jogador do Boca e depois virou treinador Imagem: Reprodução/Twitter

Do UOL, em São Paulo

07/10/2017 04h00

Alejandro Giuntini ganhou títulos pelo Boca Juniors e era um zagueiro eficiente nas roubadas de bola, mas ficou marcado por uma polêmica que fez dele um vilão. Seu atraso para aparecer em um exame antidoping lhe rendeu uma suspensão de quatro meses, a perda de um ponto pelo Boca e algo ainda pior: uma mancha no currículo que ele garante ser fruto de uma mentira. Até o longo cabelo que usava na época virou motivo para culpá-lo, já que uma versão apontava que ele havia demorado para se apresentar no controle antidoping porque estava tirando os nós do cabelo no banho.

“Essa história de que demorei no banho foi outra estupidez que inventaram. Insisto: naquele dia, fui para a sala antidoping dez minutos depois de Mac Alliseter [seu companheiro de time também escolhido] porque estava na maca me recuperando. Nada a ver com meu cabelo”, defendeu-se Giuntini anos depois em entrevista ao diário “Olé”. Ele morreu em 2016 com 49 anos.

O polêmico episódio aconteceu em 1993, após empate por 1 a 1 entre Boca e Vélez Sarsfield. Dois jogadores de cada time foram sorteados para fazer o antidoping ao fim da partida, que terminou por volta das 19h.

Segundo o médico da Associação do Futebol Argentino (AFA), Oscar Kermansky, ele esperou por Giuntini até as 20h42, ou seja, 1h42 após o fim do jogo. Esse, ao menos, foi o horário colocado no relatório oficial que mais tarde seria enviado ao tribunal disciplinar.

O ex-zagueiro do Boca, no entanto, diz que demorou menos de uma hora para chegar à sala do antidoping e, quando o fez, não havia mais ninguém por lá. Giuntini afirma que o relógio da sala estava uma hora adiantado, já que na noite anterior os relógios deveriam ser atrasados em uma hora devido ao horário de verão.

“Cheguei para o exame a tempo, mas o médico já havia ido embora e o relógio estava uma hora adiantado. Mesmo eu tendo mostrado diversas provas, não me deram atenção e recebi uma suspensão absurda. Aquele médico atrapalhou toda minha vida, pois eu estava prestes a ser chamado para a seleção e tinha chance de jogar na Europa”, argumentou o jogador.

Giuntini levou dois jornalistas como testemunhas ao tribunal. Ambos disseram que o viram saindo da sala do antidoping antes das 20h. O advogado do Boca presente no local, Emilio Klotzman, foi além e acusou o médico da AFA de agir de má-fé.

“Ele dizia que Giuntini era metido e que não era a primeira vez o que fazia esperar”, protestou Klotzman. Mas não teve jeito. A versão do médico da AFA foi considerada verdadeira e Giuntini se tornou um vilão, já que o Boca perdeu o ponto do empate e o tribunal considerou que o Vélez venceu por 2 a 0. O Vélez foi o campeão daquela edição à frente justamente do Boca.