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Falta de confiança em permanência e time sem padrão derrubam Cuca

Cuca deixou o Palmeiras após empate com o Bahia no Pacaembu -
Cuca deixou o Palmeiras após empate com o Bahia no Pacaembu

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

13/10/2017 18h40

Não foi exatamente o empate com o Bahia que fez Cuca sair do Palmeiras. O treinador acumulou alguns atritos com peças-chave do elenco, não demonstrou firmeza que gostaria de ficar na equipe no ano que vem e, dentro de campo, não conseguiu os resultados esperados para mais de R$ 100 milhões investidos em contratações.

Contratado em maio, o técnico quebrou uma promessa feita por ele mesmo para retornar ao clube. Depois de ser campeão brasileiro em 2016, ele ficaria um ano afastado do trabalho para tratar problemas pessoais. O projeto durou cinco meses. Em maio, ele voltou ao cargo e comandou a equipe até o último dia 12 de outubro: foram 34 partidas, com 16 vitórias, seis empates e 11 derrotas; eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores e uma campanha irregular no Brasileiro.

O técnico deixa a Academia de Futebol sem receber a multa após uma saída em comum acordo. O preferido da diretoria Alviverde é Mano Menezes.

Mauricio Galiotte Cuca Alexandre Mattos Palmeiras - Cesar Greco/Ag. Palmeiras - Cesar Greco/Ag. Palmeiras
Diretoria queria mais certeza do "fico" de Cuca
Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Faltou mostrar que queria ficar

A diretoria do Palmeiras estava incomodada com o comportamento do treinador. Sem ter certeza de que o comandante ficaria para 2018, Maurício Galiotte, Alexandre Mattos e companhia começaram a cobrar o técnico por uma posição definitiva. Ouviu de Cuca que a ideia dele era ficar e até iniciou o planejamento para a próxima temporada, mas uma entrevista dias depois da reunião colocou tudo por água abaixo. Na ocasião, ele se enrolou para explicar se ficaria ou não no Palestra Itália. No dia seguinte, até precisou vir a público para tentar dizer que havia se expressado mal.

Prejudicou “ativos” do Palmeiras

No dicionário econômico do Palmeiras, os jogadores são seus “ativos”. Cuca enfrentou dois dos principais investimentos do clube: Felipe Melo e Borja. O primeiro chegou por luvas de mais de R$ 8 milhões e salários que ultrapassavam a casa dos R$ 400 mil (com produtividade). Uma quebra na hierarquia fez o técnico pedir demissão logo após a eliminação diante do Cruzeiro. A diretoria entendeu que Cuca estava com a razão e afastou o atleta.

Ainda assim, tentou, em todo momento, conciliar a paz entre as partes. Melo era uma aposta pessoal de Alexandre Mattos, que não gostaria de ver o volante falhar. Três meses e uma notificação judicial depois, Felipe Melo voltou a campo justamente na despedida de Cuca.

Borja no banco do Palmeiras - Gazeta Press - Gazeta Press
Borja foi contratado por mais de R$ 30 milhões e virou banco
Imagem: Gazeta Press

Ficou órfão de Jesus

Com Borja, o entrevero não chegou ao nível do bate-boca, mas a diretoria entendeu que o atacante merecia uma sequência para justificar os mais de R$ 30 milhões investidos no seu futebol. O apego de Cuca ao estilo de jogo em que todos precisam marcar praticamente decretou que o colombiano ficaria apenas no banco.

A diretoria gostaria que Cuca entendesse que não conseguiria repor a venda de Gabriel Jesus e que nenhum atleta faria o mesmo papel. Para piorar, Deyverson, indicado por Cuca e contratado por R$ 20 milhões, não tem desempenhado um bom futebol, mas conseguiu a preferência do técnico.

Dudu lamenta oportunidade desperdiçada pelo Palmeiras contra a Ponte - Ale Cabral/AGIF - Ale Cabral/AGIF
Time não emplacou futebol que diretoria gostaria
Imagem: Ale Cabral/AGIF

Não encontrou padrão de jogo

Assim como aconteceu com Eduardo Baptista, a diretoria se incomodou com a falta de evolução do futebol do Palmeiras. No meio da temporada, Cuca chegou a sinalizar que mudaria a forma de jogar, dando cadência ao meio-campo formado por Moisés e Guerra. Dois jogos depois de falar que “velocidade era coisa do passado”, voltou a mudar de ideia e escalou a equipe novamente no 4-3-3, o esquema que deu certo em 2016.

E as eliminações, claro...

Cuca teve bastante questionada a estratégia de deixar o Brasileirão de lado para jogar a Copa do Brasil e a Libertadores. O projeto, no entanto, seria aprovado caso o Palmeiras conseguisse ao menos um dos títulos. Acabou eliminado nos dois e, quando percebeu, o Corinthians já estava longe demais para ser alcançado...