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Jogadores do Hertha se unem a times da NFL e ficam de joelhos durante hino

Michael Sohn/AP
Imagem: Michael Sohn/AP

Do UOL, em São Paulo

14/10/2017 17h32

No século 21, graças à internet, um ato isolado não precisa mais se limitar a um único país, continente ou esporte. É por isso que os jogadores do Hertha Berlim estão se inspirando nos atletas da NFL, a principal liga de futebol americano, em protestos que pedem mais diversidade e tolerância.

“O Hertha pede tolerância e responsabilidade. Por uma Berlim mais tolerante e um mundo de mentes mais abertas, hoje e para sempre!”, escreveu o clube em seu perfil oficial do Twitter.

A manifestação aconteceu antes da derrota por 2 a 0 para o Schalke 04, mas isso não impediu a torcida e os jogadores de se emocionarem no Estádio Olímpico. “O Hertha sempre se posicionou contra o racismo. Se podemos lutar contra isso como um time e como a cidade de Berlim, então é algo que queremos fazer”, disse Kalou.

O atacante negro da Costa do Marfim confirmou que a inspiração vem da NFL, mas deixou claro que a atitude dos atletas do Hertha tem contexto próprio. “O racismo não deveria existir no esporte, seja na NFL, no futebol americano ou no soccer, como eles chamam o nosso futebol nos EUA. Não pode existir no esporte e ponto”, prosseguiu.

Hertha - Annegret Hilse/AP - Annegret Hilse/AP
Imagem: Annegret Hilse/AP

A imagem foi compartilhada pela conta da Bundesliga. “Nós somos Berlim. Somos uma cidade de mentes abertas e defendemos a diversidade, e é isso o que o time e o clube querem transmitir com a atitude de hoje”, afirmou o diretor Michael Preetz, funcionário do Hertha há 21 anos.

Entenda os protestos na NFL

NFL - AP Photo/Matt Dunham - AP Photo/Matt Dunham
Imagem: AP Photo/Matt Dunham

As manifestações se iniciaram em 2016, após o ex-San Francisco 49ers, Colin Kaepernick, se ajoelhar contra a violência sofrida pelos negros nos EUA. O presidente Donald Trump sugeriu aos donos das franquias que demitissem os jogadores que repetissem o gesto, mas a sugestão do republicano não foi vista com bons olhos. A maioria dos atletas tem aderido aos protestos, até mesmo amigos do presidente dos EUA, como o quarterback Tom Brady, do New England Patriots.

No jogo entre Jacksonville Jaguars e Baltimore Ravens, todos os jogadores e o dono do Jaguars, Shad Khan, se ajoelharam durante a execução do hino americano. Khan, inclusive, foi um dos apoiadores de Donald Trump durante a disputa eleitoral e chegou a doar um milhão de dólares para a campanha. Dan Snyder, dono do Washington Redskins, foi outro que apareceu de braços dados com seus atletas.

Na partida entre Tennessee Titans e Seattle Seahawks, nenhum jogador foi a campo para a execução do hino nacional. Já os atletas do Pittsburgh Steelers também permaneceram no vestiário e não cumpriram o protocolo contra o Chicago Bears.

Jogadores do Steelers deixaram o campo na hora do hino - AP Photo/Charles Rex - AP Photo/Charles Rex
Imagem: AP Photo/Charles Rex

Amigo pessoal de Trump, o dono do New England Patriots, Robert Kraft, também se pronunciou contra as palavras do presidente. "Não existe um jeito maior de unificar este país do que pelo meio do esporte e, infelizmente, não há nada mais divisor do que a política", disse.

Repercussão em outros esportes

Bruce Maxwell - LM Otero/AP - LM Otero/AP
Imagem: LM Otero/AP

Desde o pronunciamento de Donald Trump, muitos dos principais astros das ligas americanas têm se manifestado contra o presidente por meio das redes sociais. São os casos de LeBron James, Stephen Curry e Kobe Bryant. O time inteiro do Golden State Warriors, atuais campeões da NBA, foi desconvidado pelo presidente na protocolar visita à Casa Branca. 

Na partida ente Oakland Athletics e Texas Rangers, no sábado (23) o catcher Bruce Maxwell se tornou o primeiro jogador da liga de basebol americana (MLB) a se ajoelhar durante o hino nacional.