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Com salários atrasados, jogadores do ABC não se apresentam e decretam greve

Após jogo contra o Náutico (foto), jogadores do ABC não se reapresentaram no clube - Foto: Guga Matos/ JC Imagem
Após jogo contra o Náutico (foto), jogadores do ABC não se reapresentaram no clube Imagem: Foto: Guga Matos/ JC Imagem

Roberto Oliveira

Colaboração para o UOL, em Recife

23/10/2017 19h07

Há três meses sem receber salários, os jogadores do ABC cruzaram as pernas. O elenco do time potiguar deveria se reapresentar no clube às 15h desta segunda-feira (23), mas declarou greve em coletiva de imprensa comandada pelo Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado do Rio Grande do Norte. 

Os jogadores estipularam prazo de 48 horas para que a direção do clube quite as dívidas ou, pelo menos, apresente uma proposta de pagamento, o que será discutido em nova assembleia marcada para a próxima quinta (26). O clube será notificado pelo Sindicato. 

Caso não haja solução, os jogadores do ABC ameaçam não entrar em campo no próximo sábado (28), contra o Londrina, pela Série B - o que implicaria derrota por W.O..

Com 25 pontos, o clube está na lanterna da competição e praticamente rebaixamento, alimentado apenas possibilidades matemáticas de escapar da Série C: precisa vencer todos os jogos que lhe restam. 

Em contato com o UOL Esporte, a assessoria de comunicação do ABC informou que o clube passou a manhã desta segunda tentando contato com a direção do Sindicato, sem sucesso, e que ainda não foi notificado. No mais, acrescentou que a diretoria foi surpreendida pela não reapresentação dos jogadores no período da tarde e está reunida para discutir uma solução para o problema.  

Direitos atrasados e atletas passando necessidade

A reportagem também obteve a ata da reunião dos jogadores com o sindicato, na qual os atletas relatam estarem com diversos direitos sociais e esportivos com pagamentos atrasados. Entre eles, auxílio-moradia, direito de imagem e previdência, além de premiações da Copa do Brasil e do Campeonato Potiguar.

Ainda de acordo com a ata da reunião, alguns jogadores do ABC estão vivendo em situação financeira crítica, com ameaça de despejo de suas moradias e cobrança de padarias e restaurantes onde são clientes. 

Caso a situação entre elenco e diretoria não seja resolvido pela mediação do Sindicato, os jogadores decidiram também acionar o Ministério Público do Trabalho e cogitam entrar com ação civil pública pedindo a rescisão coletiva dos seus contratos de trabalho e recebimento de todas as verbas rescisórias.

Vale lembrar que, segundo o artigo 32 da Lei 9.615/98, também conhecida como "Lei Pelé", jogadores profissionais de futebol estão autorizados a não entrarem em campo após o segundo mês sem receber salário.