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Ele tem 10 anos, milhares de seguidores na web e vai jogar na base da Roma

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Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

02/11/2017 04h00

Dez anos e muita expectativa. Esse é o cenário que cerca o menino Alessandro Cupini, americano que joga na Fusion Academy de Kansas City e foi selecionado no início de outubro para integrar as categorias de base da Roma a partir da primavera (do hemisfério norte) em 2018. No verão, a família toda se mudará para a Itália para que o jovem dê sequência à carreira.

Popular nas redes sociais, com mais de 43 mil seguidores no Instagram e mais de 116 mil visualizações, o menino exibe seus treinamentos e amor pelo esporte para o mundo. O pai, Edward, diz que o comprometimento chega até a preocupá-lo.

“Há momentos que eu desejo que Alessandro se desse uma folga e agisse como uma criança, mas isso apenas não é o desejo dele. Construímos um mini-estádio para ele debaixo da escada, onde ele treina basicamente todo dia depois da escola. Assim que ele chega da escola ele está trabalhando lá embaixo e procurando outras crianças que venham para treinar junto”, relatou em entrevista ao site da rede NBC Sports.

A fama repentina gerou comparações imediatas, na imprensa americana, a Christian Pulisic. Tanto a NBC quanto o “Bleacher Report” o compararam ao jogador do Borussia Dortmund, maior esperança do país na modalidade e destaque na reta final das Eliminatórias da América Central para a Copa do Mundo de 2018 – mesmo sem que os EUA se classificassem ao Mundial.

Pulisic fez aos 16 anos a mudança que Cupini planeja aos dez: deixar os Estados Unidos para treinar na base de um grande clube europeu. O menino escolheu a Roma apesar de ter feito testes no Empoli e na Atalanta. Segundo o pai, o avô de Alessandro é italiano nascido na capital, daí a opção pelo clube.

Apesar de anunciada, a mudança de país não é uma certeza. Segundo a revista “Sports Illustrated”, Cupini não recebeu um convite oficial da Roma – ainda. Isso porque o clube italiano receia de uma punição Fifa, que tem fiscalizado mudanças de país de atletas menores de idade. Como o menino é descendente de italianos, o pai mantém o plano de deixar os Estados Unidos, pois planeja tirar o passaporte da Itália.

 

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Uma publicação compartilhada por Alessandro Cupini AC7 (@cupini_ac7_official)

 

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Ao “Guardian”, Edward se explicou: “Vai ser uma grande mudança cultural para nós, uma mudança de língua. É uma grande mudança. Mas ele queria segui-la. Disse: ‘Pai, eu quero viver em Roma e jogar futebol na Europa. Lá é de onde saem os melhores jogadores e é onde eu quero estar.’”

A publicação inglesa ligou o alerta para a situação de Cupidini, comparando-a à do australiano Rhain Davis. Em 2007, aos 9 anos, Davis integrou a base do Manchester United após chamar a atenção em um vídeo compartilhado no YouTube. Aos 16 anos, foi dispensado após quebrar a perna e jamais repetiu o feito de quando criança nas etapas mais avançadas da carreira de jogador.

Histórias parecidas são conhecidas no Brasil. Jean Carlos Chera, por exemplo, chegou com status ao Santos aos 10 anos e foi apontado como nova cria das categorias de base do clube, um sucessor de Robinho (Neymar era apenas outra promessa, um pouco mais velha). A família de Chera se mudou toda a Santos, mas a promessa não vingou como esperado – se tornou um andarilho do futebol nacional e internacional.

A chance de fracasso não é descartada por Edward. “Nosso objetivo é que ele aproveite o esporte. Esperamos que ele alcance o nível mais alto, é claro. Se não, talvez ele consiga uma bolsa completa em algum lugar por causa do futebol”, afirmou.

Enquanto esse cenário não se aproxima, Edward continuará produzindo conteúdo para as redes sociais do filho, que vão de fotos a vídeos. Nesta semana, o Instagram oficial do menino recebeu apenas uma atualização: caneleiras customizadas com imagem de rosto, o número e o nome de Alessandro. As mais comuns, no entanto, são vídeos dele jogando nos EUA, driblando adversários e marcando belos gols – contra adversários de um nível difícil de aferir.

Outras atrações da página são imagens dos treinos no campinho caseiro da família, acompanhados de mensagens motivacionais, e fotos com jogadores do cenário local – o Sporting KC, time da MLS.

A família levará o sonho do garoto adiante. Dona de um restaurante italiano em Kansas City, ela tentará manter o negócio a distância, para ter uma forma de renda garantida. “É um peso financeiro, mas estamos esperando o melhor e, qualquer coisa, eu terei que voltar para casa. Alessandro sabe que talvez, no futuro, quando tiver 12 ou 13 anos, há academias que podem recebe-lo. Ele pode ficar e ir para escola. Ele pode ter que pensar seriamente se é o que ele quer, se separar da família tão jovem”, concluiu Edward ao “Guardian”.