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Fernando Diniz busca clube para 2018. Técnico admite que 'foi esquecido'

Fernando Diniz levou o Audax ao vice paulista no ano de 2016 - Rubens Cavallari/Folhapress
Fernando Diniz levou o Audax ao vice paulista no ano de 2016 Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress

Marcello De Vico

Do UOL, em Santos (SP)

10/11/2017 07h34

Em 2016, por conta do convincente futebol apresentado pelo Audax na campanha do vice-campeonato paulista, Fernando Diniz passou a ser um dos técnicos em maior evidência no Brasil. Figurou até entre os cotados para substituir Tite no Corinthians e recebeu proposta de outros clubes grandes do país. Não deu certo. Agora, mais de um ano depois, o treinador – que deixou o Audax há cerca de quatro meses – busca um novo clube para comandar no próximo ano.

Fernando Diniz admite que a procura de clubes para contar com o seu trabalho caiu bruscamente em relação a 2016. “Ano passado teve [proposta], esse ano, não. O pessoal é assim mesmo. Muito imediatismo. Só se importa com o resultado e não vê o trabalho”, diz o treinador em entrevista exclusiva ao UOL Esporte. “Eu estou esperando. Conto com a ajuda de vocês. O pessoal da imprensa está mais dócil em relação a mim do que o mercado de futebol. Mas na minha visão já era para ter acontecido alguma coisa”, brinca Fernando Diniz.

No ano passado, Fernando Diniz era o técnico em evidência, especialmente no primeiro semestre. Com uma ideia moderna de futebol em que priorizava o toque de bola e a saída para o ataque sem os tradicionais ‘bicões’, o treinador conseguiu levar o Audax à decisão do Paulistão, eliminando São Paulo nas quartas de final, Corinthians na semi e sendo parado apenas pelo Santos na decisão. Em seguida, por meio de uma parceria entre Audax e Oeste, Diniz comandou a equipe de Itápolis – que passou a jogar em Osasco – na Série B, mas o futebol apresentado pelo time, com jogadores totalmente diferentes do vice paulista, caiu de produção.

Mario Teixeira, proprietário do Audax, ao lado do técnico FErnando Diniz - Danilo Verpa/Folhapress - Danilo Verpa/Folhapress
Mario Teixeira, proprietário do Audax, ao lado do técnico Fernando Diniz
Imagem: Danilo Verpa/Folhapress
Na Série B, o Oeste foi mal e só conseguiu evitar o rebaixamento na última rodada. Durante este período, Fernando Diniz recebeu propostas, mas por lealdade ao ‘Seu Mário’, investidor do Audax, optou por recusá-las. “No ano passado eu tive propostas. Eu tinha fechado com o Seu Mário o projeto com o Oeste, para tentar fazer o time subir para a primeira divisão. Então, quando as propostas apareceram, eu estava comprometido com a palavra que eu dei para o Seu Mário”, conta o treinador, que chegou a ser cogitado até para a vaga de Tite no Corinthians.

“Do Corinthians eu era um dos nomes para assumir, mas acho que as pessoas sabiam que eu não ia aceitar naquele momento. Mas tive propostas de times grandes de outros estados”, recorda Diniz. Na apuração do UOL Esporte, porém, as ideias de trabalho deixaram o Corinthians inseguro quanto ao treinador, fazendo assim com que a negociação não evoluísse. Leia mais

Quando as propostas apareceram, eu estava comprometido com a palavra que eu dei para o Seu Mário"

“Nesse ano não tive as mesmas propostas que tive no ano passado. Aconteceu muita coisa de Série B, de time não só com a situação difícil na tabela, mas com problemas políticos, financeiros, então eu resolvi esperar um pouco mais”, acrescenta Diniz, tentando encontrar uma resposta para explicar o porquê de os clubes perderem o interesse no seu trabalho. Para o treinador, isso passa pelo fato de o Audax não ter apresentado nesta temporada, em que acabou rebaixado no Paulistão, o mesmo futebol de 2016, quando encantou os amantes do futebol.

Técnico do Audax, Fernando Diniz acompanha o treino do Corinthiasn - Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians - Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians
Fernando Diniz acompanha treino do Corinthians em junho de 2016
Imagem: Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians
“O fato de cair não tem muito problema nesse tipo de análise. É mais o fato de o Audax não ter repetido a mesma campanha... Eram nove jogadores diferentes no time titular, orçamento de 300 mil, e os caras acham que a gente tinha a obrigação de repetir a campanha. O que mais pegou foi isso”, afirma Fernando Diniz, que apesar do rebaixamento, viu pontos positivos na campanha feita pelo Audax no Campeonato Paulista deste ano.

“O trabalho em si, se você for ver, embora o Audax não tenha feito a mesma campanha, nos três jogos contra os grandes o Audax conseguiu dominar as três partidas. Para alguém que estava mais atento ao futebol, não só ao resultado, isso é uma coisa muito significativa”, diz.

Temperamento pode ter atrapalhado Fernando Diniz

Segundo o UOL Esporte apurou junto a alguns clubes de Série A, o forte temperamento de Diniz e o problema de relacionamento com alguns jogadores acabou fazendo com que a rejeição ao seu trabalho aumentasse. Outro problema citado por uma das agremiações é que a forma de jogar de seus times acarretaria na necessidade de muito tempo de treinamento, o que seria inviável no momento.

Visitas ao São Paulo e visão negativa sobre o futebol no Brasil

Já de olho em 2018, Fernando Diniz continua se preparando para voltar a trabalhar. Amigo de Dorival Júnior, o técnico hoje é figura carimbada nos treinos do São Paulo e, de semana em semana, aparece no clube tricolor para ‘trocar ideia’ sobre futebol com o treinador tricolor. E a análise que ele faz em relação aos times brasileiros não é das mais ‘positivas’.

O futebol está feio. Estou com uma visão bastante crítica em relação ao futebol praticado no Brasil"

“O futebol está feio. Estou com uma visão bastante crítica em relação ao futebol praticado no Brasil. Está ficando muito distante do futebol praticado nos grandes centros”, opina.