Kempes diz que não tinha noção da ditadura e que nunca jogou por militares
A Copa do Mundo de 1978, sediada pela Argentina, ainda levanta muita discussão sobre o título conquistado pelos anfitriões. Nesta segunda-feira (13), o ex-atacante Mario Kempes afirmou que não tinha consciência da magnitude da ditadura que assolava o país.
“Nós não tínhamos nem ideia da gravidade do que estava acontecendo”, disse o ídolo argentino ao jornal Página/12. “Os meus gols não eram para o Videla [Jorge Videla, ex-ditador], mas para a seleção. Nós nunca jogamos pelos militares que estavam no poder”, acrescentou.
Na época, a Copa do Mundo era disputada em diferentes fases de grupos. Na segunda delas, os primeiros colocados dos grupos A e B se enfrentariam na final. O Brasil teria se classificado em condições normais, mas uma rodada específica levanta suspeitas até hoje.
A desconfiança começa no fato de que os dois jogos deveriam acontecer no mesmo horário, mas acabaram tendo um intervalo de quase três horas. Ou seja, a Argentina soube que a seleção brasileira tinha vencido a Polônia por 3 a 1 e que, então, teria que golear o Peru.
E o fez por 6 a 0. Os peruanos contam que o ex-ditador Jorge Videla chegou a entrar no vestiário visitante naquele 21 de junho de 1978, e alguns relatam terem recebido ameaças a seus familiares se não entregassem a partida. Diversos jogadores teriam subido ao gramado tremendo de medo.
Com a goleada, a Argentina se garantiu na final contra a Holanda e, quatro dias depois, se sagrou campeã. A imensa comemoração acabou por ofuscar protestos como o das Mães da Praça de Maio, que exigiam informações sobre seus filhos desaparecidos.
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