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De "Super-homem" a questionado, Valentim lida com sombras para 2018

Valentim sofre pressão dentro do clube e vê Abel e Roger como "sombras" para 2018 - Cesar Greco/Ag. Palmeiras
Valentim sofre pressão dentro do clube e vê Abel e Roger como "sombras" para 2018 Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

José Edgar de Matos

Do UOL, em São Paulo (SP)

14/11/2017 04h00

A vitória sobre o Flamengo no último domingo, depois de forte protesto de membros de organizada na porta da Academia de Futebol, serviu apenas para aliviar a pressão sobre Alberto Valentim na disputa pela efetivação no cargo de técnico. Elogiado pelo início de trabalho com três triunfos consecutivos, o treinador, agora questionado pelo desempenho ruim nos jogos com Corinthians e Vitória, convive com duas sombras: Abel Braga e Roger Machado.

Como mostrou o blog do Mauro Cezar Pereira e o UOL Esporte confirmou com pessoas ligadas à diretoria do Palmeiras, o treinador do Fluminense e o antigo comandante do Atlético-MG têm sido monitorados, enquanto Alberto Valentim é avaliado internamente - são os três nomes mais fortes no momento para dirigir o time na próxima temporada. O clube segue aguardando a definição do Campeonato Brasileiro para acelerar a negociação com o escolhido para 2018.

Passada a empolgação inicial com as três vitórias (Atlético-GO, Ponte Preta e Grêmio), o trabalho do interino, que recebeu de torcedores nas redes sociais o apelido de “Super-Homem" pela semelhança com o personagem Clark Kent, gerou críticas e abriu espaço para a concorrência de nomes mais consolidados no mercado nacional.

A falta de experiência pesa contra Valentim na avaliação, ainda mais após fracassar nos dois compromissos que poderiam colocar o Palmeiras na briga pelo título nacional. O empate diante do Cruzeiro e as derrotas para Corinthians e Vitória - duelos em que a defesa ficou exposta (oito gols em três duelos) praticamente eliminaram as chances de a equipe "salvar" a temporada com um título. São 10 pontos de diferença para os corintianos, que podem assegurar a taça nesta quarta-feira com uma vitória sobre o Fluminense, time de Abel Braga.

Entre os concorrentes, Abel é avaliado positivamente pela questão da experiência e capacidade de administração de “grupos”, especialmente de um elenco caro como o do Palmeiras. Já Roger Machado, assim como Alberto Valentim, tem como principal virtude o perfil estudioso e moderno, algo que o clube testou no início do ano com Eduardo Baptista, por sinal. Não houve qualquer contato do clube alviverde com Roger até o momento, de acordo com a assessoria de imprensa do antigo comandante do Atlético-MG.

Os questionamentos de Valentim vão desde conselheiros, torcedores e membros das principais organizadas do clube. Além de questões técnicas como a demora em promover o retorno de Felipe Melo ao time titular na vaga de Bruno Henrique, a postura do treinador – alguém que crê muito nas próprias convicções - na última semana, após as duas derrotas, incomodou pessoas de dentro do clube.

Na quarta-feira, depois da queda por 3 a 1 em Salvador, Valentim propôs à diretoria reunir todos os atletas para a entrevista de sexta-feira. Mauricio Galiotte e Alexandre Mattos aceitaram o ato, que o comandante julgava importante para mostrar a “união” do grupo no momento mais difícil desta curta passagem do interino.

Entretanto, a ação de Valentim repercutiu de maneira negativa. A Mancha Alviverde, por exemplo, tratou a “coletiva da união” como a “coletiva da tiração”. No protesto de domingo, o interino, que evitou falar sobre o assunto depois do jogo com o Flamengo, foi chamado de “pamonha”. Pessoas do clube enxergaram a entrevista como uma atitude "desnecessária". Até pessoas ligadas ao treinador entenderam a cena como um ato "infeliz" para gerenciar a então crise da semana passada.