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Garantido na Série A, Enderson usa Chape como exemplo no América-MG

Enderson Moreira, do America-MG, em partida na Arena do Grêmio - Jeferson Guareze/AGIF
Enderson Moreira, do America-MG, em partida na Arena do Grêmio Imagem: Jeferson Guareze/AGIF

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

14/11/2017 04h00

Enderson Moreira é segundo técnico mais longevo entre as Série A e B do Brasil. Há 481 dias no clube, ele conduziu o América-MG à elite do futebol nacional nesta temporada e já projeta 2018.

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o comandante do Coelho utiliza a Chapecoense como exemplo para os seus comandados e revela qual o objetivo do time para o ano que se aproxima:

"Cito a Chapecoense pelo período que já está disputando uma Série A. Chegou da Série B e conseguiu se manter ali. É a manutenção numa Série A. O América não pode ter sonhos mirabolantes, não pode ser assim. A gente precisa entrar muito forte na Série A, principalmente no primeiro turno. Com o objetivo claro de ficar. O valor de uma Série A em termos de receita em dois, três anos de repente te dá um orçamento mais interessante e maior. Ter a consciência do que é disputar a Série A. A Chapecoense mudou um pouquinho o patamar. Eles estão em um processo muito competitivo", declarou.

No bate-papo com mais de 40 minutos de duração, o treinador do Coelho falou sobre a recusa às ofertas de Chapecoense e Atlético-GO, a temporada pelo Coelho, as suas referências na profissão, o desempenho de Matheusinho e outros aspectos. Confira, abaixo, alguns trechos da conversa:

Por que recusou Chape e Atlético-GO?

É uma coisa pessoal. Em qualquer contrato que você faça, há cláusulas especificando coisas sobre saída. Mesmo com isso, eu gosto de cumprir contratos e gostaria de terminar esse projeto no América-MG. Foi isso que me fez ficar acima de tudo. Fico feliz por ter trabalho reconhecido por outro clube. É o motivo de objetivo mesmo, quero terminar esse projeto. Não achei interessante, mesmo sendo propostas muito boas. Achei que fosse interessante.

Longevidade no América-MG

É uma série de fatores. O Tencati é um ponto fora da curva. É um clube empresa, então é diferente. Eu estou no meio dos clubes da maneira que a gente consegue conceber no Brasil, que tem conselho, presidente, é diferente. Tenho a visualização de resultados, a gente foi muito contestado também. O que é diferente às vezes é que a direção não roda na mesma rotação que a imprensa e os torcedores rodam. Às vezes, a imprensa e a torcida querem demissão imediata, mas o diretor vislumbra outras coisas. A gente esteve muito pressionado, todos dando como certa uma saída, até a gente teve muita simpatia da imprensa, mas o torcedor quer vitória. Quando conseguimos resultados, tivemos menos dificuldades. A equipe estava jogando bem, com futebol vistoso. Teve um empate com o Goiás em casa, a gente massacrou, perdeu chances.

Referências na profissão

Tenho várias referências, mas tenho dificuldades para nomes. O Ricardo Drubscky sem foi uma referência muito forte. Eu tenho outras referências como o Telê Santana, o Ênio Andrade. Há vários treinadores que passam coisas interessantes, o Guardiola me atrai muito a forma de pensar o jogo. O Thomas Tuchel, o treinador do Napoli é sensacional. Tem um treinador novo do Hoffenheim que é sensacional. O Pochettino, o Conte com a ideia do Chelsea. A gente tem bons treinadores e treinadores com um pensamento muito bacana. O Zidane no Real Madrid. Eu acho que ele tem conseguido ir muito bem.

Momento de Matheusinho

O Matheus deixou de ser uma promessa e virou nessa temporada uma grande realidade. É um jogador que fez uma grande Série B, a gente lamentou a lesão dele. Ele tem jogado muito, em uma Série B, que é bastante difícil. A gente viu esse menino como uma promessa. Nada foi dado para o Matheus que ele não merecesse. Ele saiu do time quando não merecia. Ele foi tratado como a gente trata um menino que sobe e como qualquer outro atleta do elenco. Além de tudo, o Matheus é muito respeitado. Esse reconhecimento da revista é muito bacana.

Volta à Série A

A gente sempre fala o seguinte: os momentos ruins dentro do clube devem servir. Não pode modificar tudo, mas pode ajudar a mudar. O América se preparou desde o ano passado e pensando no que queria para a temporada seguinte. O América tinha que procurar o acesso com um jogo mais próximo de um time de Série A. Com esse perfil, torna mais viável a continuidade na Série. O grande objetivo do América é dar uma sequência nisso, porque aí muda o patamar de investimento.

Na minha concepção, eu vejo o América um time extremamente organizado, que põe bola no chão, troca passes, faz gols trabalhados, não por acaso. Time com tabelas e triangulações. Eu vejo times de Série A que não têm feito isso até. O Fulano de Tal, às vezes, tem um jogador com capacidade técnica maior, o que é diferencial. Mas o perfil é um time que joga com imposição e não pela força.