Fla completa 122 anos com turbulência na diretoria e promessa de debandada
O Flamengo celebra 122 anos de uma história gloriosa nesta quarta-feira (15). A torcida, no entanto, não tem tido muitos motivos para comemorar. Um time irregular patina na temporada e se vê em xeque para a reta final de 2017. Nos bastidores, o cenário político é cada vez mais turbulento, com o grupo do presidente Eduardo Bandeira de Mello - SóFLA (Sócios pelo Flamengo) - perdendo espaço e diante da promessa de uma debandada de vice-presidentes.
Alguns motivos são responsáveis diretos pelo “naufrágio” político da administração. Os principais estão na condução do atual mandatário, que centralizou o poder e fixou âncora no futebol, além do desempenho absolutamente aquém do investimento no carro-chefe da Gávea. Tradicionalmente, as gestões vistas como imunes sofrem quando a bola deixa de entrar e os títulos não são celebrados.
E a diretoria do Flamengo sofreu perdas importantes nos últimos tempos. O diretor financeiro Paulo Dutra deixou o clube. Na semana passada, os desligamentos do vice-presidente de secretaria, Edmilson Varejão, e do vice de administração, Rafael Strauch, se tornaram públicos. Aspectos profissionais e pessoais foram tratados como os motivadores das respectivas mudanças.
A saída de Rafael Strauch, porém, foi vista com estranheza até pelas correntes de oposição. Ele funcionou como o principal articulador da campanha que garantiu a reeleição ao presidente Eduardo Bandeira de Mello. É também considerado a principal liderança do SóFLA e sempre teve voz ativa na administração.
Strauch é muito próximo ao presidente, mas considerado um personagem controverso na política do clube, principalmente pelas opiniões intensas e os confrontos no dia a dia. Com temperamento forte, ele já teve discussões acaloradas com o vice-presidente Maurício Gomes de Mattos e figuras influentes do clube, como alguns Grandes Beneméritos. Até Mário Esteves, presidente do Conselho Fiscal e integrante do SóFLA, foi alvo da fúria do agora ex-dirigente.
A relação com a imprensa também nunca foi das melhores. A aposta nos corredores da Gávea é a de que Rafael Strauch saiu de cena em um momento absolutamente turbulento, mas que retornará no processo para a eleição presidencial de dezembro de 2018.
Situação exige mudanças. E isso pode acarretar em debandada

Há pouco mais de um mês na vice-presidência de futebol, Ricardo Lomba corre o risco de nem sequer emplacar 2018. A explicação está nos anseios do SóFLA de ter voz ativa no departamento. Como Bandeira não permite e está fechado no processo com os diretores executivos Fred Luz e Rodrigo Caetano, uma espécie de ultimato funciona de forma velada.
O grupo político quer fazer valer a sua vontade na formatação do elenco para 2018. Entre os desejos estão as negociações de jogadores como Alex Muralha, Gabriel, Márcio Araújo, Rafael Vaz e Romulo, por exemplo. Eles também desejam as demissões do coordenador de psicologia Fernando Gonçalves e do preparador de goleiros Victor Hugo. Sobre Fred Luz, o SóFLA quer que o executivo deixe de ter interferência no futebol e volte para a sede social.
Lomba foi colocado na vice-presidência por ser integrante do grupo e uma pessoa de confiança do mandatário. Mas ele já deixou claro nos bastidores que não aceitará ser uma figura decorativa, muito menos deixar de reunir autonomia para mudar o que está errado no departamento de futebol.
Se Bandeira mantiver a postura e as mudanças exigidas também pela maioria da torcida não acontecerem, o Flamengo deve sofrer perdas em cadeia no Conselho Diretor. Todas, obviamente, já com o intuito político para a eleição do próximo ano.
Vice-presidente ganha força por candidatura nos bastidores

Gomes de Mattos tem perfil conciliador, o que é procurado por integrantes influentes do clube para o processo eleitoral. Possível candidato, ele reuniu no casamento da filha membros da situação e do grupo dissidente na mesma foto.
Os atuais VPs Alexandre Wrobel, Cláudio Pracownik, Pedro Almeida, Daniel Orlean e Ricardo Lomba posaram com figuras importantes do grupo original, eleito em 2012: Wallim Vasconcellos, Rodolfo Landim, Rodrigo Tostes, Gustavo Oliveira e outros. A reportagem do UOL Esporte teve acesso ao registro em primeira mão e questionou o vice-presidente.
“Essa foto é sensacional. O Flamengo unido é imbatível”, limitou-se a dizer.
As articulações estão em curso e o cenário político se desenha diante de um SóFLA abalado, algo que era impensável na reeleição de Bandeira de Mello. Uma coalização surge forte nos corredores da Gávea com o desejo de colocar o Rubro-negro no caminho das vitórias. Nenhuma posição é assumida publicamente, mas o jogo já começou.
É assim que o Flamengo celebra os 122 anos. Sem praticamente nada a comemorar no futebol e já respirando a próxima eleição. Muita coisa ainda acontecerá até o próximo aniversário do clube mais popular do país, quando então faltará menos de um mês para que o novo presidente rubro-negro seja conhecido.
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