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Willian não descarta sair do Chelsea; mais chances e Conte decidirão futuro

Reuters/Peter Cziborra
Imagem: Reuters/Peter Cziborra

Caio Carrieri

Colaboração para o UOL, em Manchester (ING)

23/11/2017 04h00

Nome praticamente garantido na convocação de Tite para a Copa da Rússia, Willian tem futuro incerto no Chelsea. Adorado pela torcida e pelos funcionários do clube, o meia sofre para encaixar uma sequência como titular desde a chegada de Antonio Conte para comandar a comissão técnica, no início da temporada passada. O destino do treinador, também impreciso, por turbulências internas, e o aumento ou não de chances devem pesar nos próximos passos da carreira do jogador de 29 anos.

Herói da classificação dos Blues para as oitavas de final da Liga dos Campeões na última quarta-feira (22) ao protagonizar excelente atuação na goleada por 4 a 0 sobre o Qarabag, no Azerbaijão, o brasileiro não figurava entre os 11 iniciais de Conte havia quatro partidas. No retorno ao time, a apresentação foi de gala, em que pese a pequena representatividade do adversário: para coroar a marca de 200 jogos vestindo azul, Willian participou de todos os gols ao anotar dois e sofrer os pênaltis dos outros.

Nos compromissos anteriores da Champions League, contra oponentes muito mais renomados, ele foi reserva e entrou no segundo tempo. Isso aconteceu nos dois confrontos com a Roma (derrota na Itália e empate na Inglaterra) e na vitória sobre o Atlético de Madrid, na Espanha. Na estreia no torneio europeu, com triunfo sobre o Qarabag, ele foi titular em Londres.

No Campeonato Inglês, do qual o Chelsea defende o título e está na terceira colocação após 12 rodadas, o meia-atacante amargou o banco na metade dos jogos, incluindo os clássicos com Manchester United e Manchester City. A única vez em que esteve entre as primeiras opções em um duelo grande foi diante do Tottenham. Ou seja, no balanço geral, foi preterido na maior parcela das partidas importantes da atual campanha.

Isso também vale para trajetória até o título da Premier League na última temporada – o camisa 22 começou apenas 15 das 38 rodadas. Vale a ressalva que, em outubro de 2016, Willian sofreu  o maior baque da sua vida: a morte da mãe, vítima de câncer. Naturalmente, o astro sentiu muito o abalo emocional e levou tempo para se recuperar psicologicamente.

Willian e Conte - Tony O'Brien/Reuters - Tony O'Brien/Reuters
Imagem: Tony O'Brien/Reuters

Momento turbulento no Chelsea

Atualmente, o dono do Chelsea, o magnata russo Roman Abramovich, tenta controlar uma crise nos bastidores do clube. No início de novembro, o pedido de demissão do diretor técnico Michael Emenalo abalou o ambiente. O nigeriano estava no clube havia 10 anos, durante os quais exerceu diferentes cargos.

Como de costume, o fim de ano reserva calendário recheado no futebol inglês, a única liga entre as grandes da Europa que não tem pausa. Os resultados de dezembro e a reabertura do mercado de contratações, em janeiro de 2018, podem ser um bom parâmetro de como será a postura dos Blues após a saída de um dos homens de confiança de Abramovich. Em agosto deste ano, Conte se irritou com a cúpula ao ver Romelu Lukaku se transferir do Everton para o Manchester United.

Enquanto isso, Willian segue à espera de mais oportunidades em sequência. “Haja paciência com o treinador”, desabafou uma pessoa próxima do meia. “Primeiro temos de esperar para ver se o técnico fica no clube para tomar uma decisão, porque ele (Conte) quase saiu na metade do ano”, acrescentou outra fonte ligada ao atleta.

De acordo com parte da imprensa inglesa, a personalidade forte de Antonio Conte contribui para o ambiente agitado da agremiação londrina. O histórico de conflitos com jogadores corrobora esta versão.

No início do mês, David Luiz foi barrado do clássico com o Manchester United após discussão com ex-comandante da Itália. Diego Costa, brasileiro naturalizado espanhol, entrou em rota de colisão com o treinador na temporada passada, foi dispensado mesmo após ter papel fundamental na conquista da última Premier League e agora aguarda 2018 para reestrear pelo Atlético de Madrid.

William no banco de reservas - Stu Forster/Getty Images - Stu Forster/Getty Images
Imagem: Stu Forster/Getty Images

A respeito de Willian, nenhum problema de relacionamento foi ouvido pela reportagem em contato com integrantes da comissão técnica. Pelo contrário. Os relatos são só elogios sobre o comportamento do meio-campista, mesmo descontente com menos minutos em campo do que gostaria.

No entanto, em entrevista ao UOL Esporte no começo de novembro, o meia admitiu que “Conte não conversa quase nada” com os atletas fora dos treinamentos. Além disso, acrescentou que “às vezes fica chateado por não estar jogando, não por não gostar do clube ou das pessoas que trabalham lá”. Willian e família amam o clube, a torcida e a vida em Londres.

Ainda sobre o bate-papo exclusivo, ele também contou que foi procurado pelo Manchester United na última janela de transferências. Os Red Devils têm José Mourinho no comando técnico. O português foi o responsável, em 2013, por atravessar o Tottenham e assegurar a chegada de Willian ao Stamford Bridge, por cerca de 32 milhões de libras, pagos ao Anzhi Makhachkala, da Rússia. Campeões da Premier League em 2014/15, os dois compartilham afeto mútuo. 

Com contrato até junho de 2020, Willian acumula 34 gols em duas centenas de partidas pelo Chelsea. Ele é agenciado pelo iraniano Kia Joorabchian, ex-poderoso da parceria Corinthians e MSI. O vínculo de Antonio Conte vai até metade de 2019.