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Bressan engorda lista de redenções no Grêmio: "Morreria feliz"

Bressan, com a taça da Libertadores, comemora tricampeonato do Grêmio - Lucas Uebel/Grêmio
Bressan, com a taça da Libertadores, comemora tricampeonato do Grêmio Imagem: Lucas Uebel/Grêmio

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

03/12/2017 04h00

Marcelo Grohe, Bruno Cortez, Léo Moura, Maicon, Douglas, Jael, Fernandinho, Barrios... O Grêmio campeão da Libertadores, com autoridade e bom futebol diante do Lanús, reúne vários nomes que conseguiram dar a volta por cima. No meio dessa seleção de redenções também está Bressan. O zagueiro sofreu tanto, ou até mais, que os outros nomes e por ironia do destino jogou a segunda partida da final como titular. Foi importante ao anular José Sand e depois de ganhar a medalha e erguer a taça, até pensou que a vida estava completa.

“Se eu tivesse que morrer agora, bem aqui, morreria feliz”, disse Bressan ao UOL Esporte.

Contratado em 2013, Bressan caiu em desgraça perante parte da torcida por atuações irregulares entre 2014 e 2016. Foi emprestado ao Flamengo e ao Peñarol e neste ano voltou até antes do final do contrato em Montevidéu. Ficou no grupo a pedido de Renato Gaúcho e teve de encarar as críticas da torcida.

A atuação na semifinal da Copa do Brasil, diante do Cruzeiro, foi o início da virada. Seguro, o zagueiro não teve responsabilidade na derrota que acabou culminando com queda nos pênaltis. O desempenho firme e sólido naquele jogo rendeu mais pontos internamente.

“Se eu tive a paciência de esperar meu momento, ouvir certas coisas e ver pessoas próximas de mim enfrentando o que enfrentaram, eu tenho que agradecer. Tudo isso me fortaleceu. Eu não tenho a dimensão ainda, talvez demore, mas nem dá para acreditar... Saí de Caxias do Sul, estou aqui agora. Campeão da Libertadores. Todo mundo que chega, chega com história. Cada um sabe da sua caminhada e eu sei da minha”, contou o zagueiro.

No ano passado, Bressan ficou marcado por uma partida entre Grêmio e Vitória, em Porto Alegre. Ele foi expulso depois de um pênalti bastante discutível e antes falhou no gol do time baiano. A situação se tornou insustentável e o empréstimo foi a saída encontrada.

“Eu sempre soube que não sou craque, mas me dediquei demais. Trabalhei muito. E todo mundo que me ajudou tem meu amor, minha gratidão”, afirmou. “A medalha de campeão da América já está no peito do meu pai e vai ficar com ele para sempre. Ele merece”, completou.

Bressan herdou a vaga na equipe depois da suspensão de Kannemann. E a presença no jogo em solo argentino, dentro do caldeirão de La Fortaleza, foi a chance perfeita para redenção. O camisa 22 começou a partida atento e ajudou o Tricolor a anular o ataque do Lanús. Não foi à toa. O zagueiro defenestrado semanas antes por grande parte da torcida já conhecia (e bem) o adversário. Dos tempos em que defendeu o Penãrol.

“Eu já tinha jogado contra ele quando estava no Peñarol. Jogamos com Lanús aqui na Copa La Plata. Vi vídeos que o CDD passou, lembrei desse jogo, mas me preparei muito”, explicou. “Ele é forte, experiente, sabe jogar. Causa dificuldade mesmo sendo pesado. Ele faz o time jogar, mas o primeiro tempo foi digno de campeão. A gente surpreendeu eles, imprimiu nosso jogo. Pegamos ele lá em cima, jogamos sem sobra e indo contra aquilo que o Renato sempre priorizou. Deu mais do que certo”, acrescentou em seguida.

Bressan carrega com ele a história de reviravoltas. Da base do Juventude ao Grêmio muito jovem, em um pacotão de reforços. Da estreia no time principal de forma açodada, na pré-Libertadores de 2013, aos altos e baixos no elenco. Da volta em 2017 pelas mãos de Renato Portaluppi a Lanús. E de Lanús para a história.