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Medalha sempre junto e alô de Jesus e Neymar. Luan conta vida após título

Meia é grande destaque do time gaúcho que ganhou a Libertadores e vai ao Mundial - Lucas Uebel/Grêmio
Meia é grande destaque do time gaúcho que ganhou a Libertadores e vai ao Mundial Imagem: Lucas Uebel/Grêmio

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

06/12/2017 04h00

Luan vive dias de êxtase. Campeão e eleito melhor jogador da Libertadores, o camisa 7 do Grêmio se divide entre a comemoração, preparação para o Mundial de Clubes e a agenda cheia de quem se isolou como principal destaque do time gaúcho. No meio de tudo isso sobrou tempo para definir uma prática: não desgrudar da medalha de campeão da América. Entre os risos, treinos e programas de TV, houve até o contato de "parças" importantes.

Daniel Alves, Gabriel Jesus e Neymar foram alguns dos amigos feitos na seleção brasileira que enviaram mensagens de parabéns depois da vitória em cima do Lanús-ARG.

Em entrevista ao UOL Esporte, Luan revela que ainda não ‘caiu a ficha’ pela conquista da Libertadores, que rechaçou a oferta milionária do Spartak Moscou, da Rússia, em agosto, por convicção no título e conta detalhes o dia a dia com Renato Gaúcho.

“Ainda está caindo a ficha... Vai demorar, né? Não caiu, essa é a real (risos)”, conta Luan.

Luan comemora o segundo gol do Grêmio diante do Lanús na final da Copa Libertadores - AFP PHOTO / EITAN ABRAMOVICH - AFP PHOTO / EITAN ABRAMOVICH
Imagem: AFP PHOTO / EITAN ABRAMOVICH

Se o camisa 7 ainda não se deu conta de toda a dimensão, pôde adicionar algumas peças a mais nesse quebra-cabeça ao olhar para o celular e ver jogadores que estão na Europa chamando e felicitando pelo grande momento dele e do time.

“Depois do jogo o Neymar, Gabriel Jesus e Daniel Alves mandaram mensagens. Os mais próximos falaram mesmo. Eles deram parabéns pelo gol, pelo título”, completou.

Luan ergue taça da Libertadores durante festa na Arena do Grêmio - Divulgação/Grêmio - Divulgação/Grêmio
Imagem: Divulgação/Grêmio

Luan está inserido no turbilhão que se tornou o Grêmio. Campeão na quarta-feira à noite na grande Buenos Aires, de volta ao Brasil com carreata e festa gigante na Arena no dia seguinte. Folga geral no fim de semana e viagem aos Emirados Árabes nesta quarta (6). Uma maratona que tira horas de sono, mas não tira o sorriso do rosto e a medalha de campeão do bolso.

“Eu vou guardar a medalha, igual o que fiz com a da Copa do Brasil e das Olimpíadas. Vou pensar se vou fazer quadro ou não, mas está guardada. Anda sempre comigo, não me desgrudo dela”, diz o meia-atacante.

Com cavadinha. Luan faz o segundo gol do Grêmio sobre o Lanús - REUTERS/Agustin Marcarian - REUTERS/Agustin Marcarian
Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian

Na segunda, Luan foi a São Paulo participar da premiação ‘Bola de Prata’ da ESPN. Depois, foi ao ‘Bem, Amigos’ do Sportv e na terça-feira de manhã viajou de volta para treinar na Arena. Dentro do avião ou pelas ruas do país a cabeça viajou no tempo e lembrou dos últimos dias de agosto. À época, o Spartak fez uma proposta milionária ao Grêmio e ao jogador. A saída foi considerada certa pelo estafe do próprio Luan e pelo clube, mas ele disse ‘não’.

“Pelo o que a gente estava jogando, por tudo que a gente estava fazendo [não quis sair]. Tínhamos muitas chances de sermos campeões e conseguimos. Esse era o nosso desejo, já tinha batido na trave antes, mas dessa vez deu certo. Eu sabia que dava para ser campeão e por isso não quis sair. Fiquei e ganhamos”, lembra.

O atacante Luan em ação na final da Libertadores entre Grêmio e Lanús, em Porto Alegre - Jeferson Guareze/AGIF - Jeferson Guareze/AGIF
Imagem: Jeferson Guareze/AGIF

Depois de recusar a oferta, Luan renovou com o Grêmio e botou fim a uma longa novela. Na ampliação de vínculo, a multa rescisória despencou de 60 milhões de euros para cerca de 18 milhões de euros. A saída em janeiro é bem possível, mas ainda sem nenhum sinal concreto.

“Vou sair no momento certo. Se for agora, vou sair tranquilo. Com sentimento de dever cumprido, sabendo que contribui para dar o título importante ao clube. Mas por enquanto, não teve nada. Nem comigo e nem com o Grêmio”, garante Luan.

Provocação mesmo

Depois da vitória em cima do Lanús, 2 a 1 no estádio La Fortaleza, Luan aproveitou e alfinetou Eduardo Sasha, atacante do Internacional. Para muitos, a provocação era uma espécie de brincadeira entre a dupla – que poderia alimentar amizade fora de campo. Mas não é isso.

Luan durante jogo entre Grêmio x São Paulo, em Porto Alegre - Divulgação/Grêmio - Divulgação/Grêmio
Imagem: Divulgação/Grêmio

“Eu não tenho relação com ele, nada. Mas aquilo ali foi uma resposta para eles. Foi dada e pronto, está lá. Está tudo tranquilo, já foi”, aponta Luan.

Renato amigo

Luan aparece no grupo principal do Grêmio em 2014, mas apenas no ano seguinte se tornou peça-chave da equipe. Sob os comandos de Roger Machado evoluiu taticamente e com Renato virou mais goleador ainda. O segredo está na relação.

“Ele deixa a gente sempre bem à vontade. Dá liberdade para falar sobre tudo e isso ajuda, a relação é de amigo mesmo. A gente se ajuda, ele passa experiência dele para nós e nós ajudamos no campo. Ele é assim com todo mundo, faz parte e é importante no vestiário”, revela o meia-atacante do Grêmio.

Agora, Luan tem mais duas semanas pela frente em um ano que já é histórico na carreira. Aos 24 anos, ele nunca havia feito tantos gols como agora. Também não tinha conquistado a Libertadores e mesmo badalado, passava ao lado de toda a afirmação com prêmios e até convocação para a seleção brasileira. Resta se abraçar na medalha, continuar olhando o celular e correndo atrás da bola para fechar a temporada com chave de ouro.