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Bilhetes indicam propina a Marin, Del Nero e Teixeira, diz testemunha

Marco Polo Del Nero e José Maria Marin - Daniel Marenco
Marco Polo Del Nero e José Maria Marin Imagem: Daniel Marenco

Eduardo Graça

Colaboração para o UOL, em Nova York (EUA)

08/12/2017 14h34

Em depoimento prestado nesta sexta-feira na Suprema Corte do Brooklyn, em Nova York, no caso que apura esquemas de corrupção no futebol, o agente da Receita Federal dos Estados Unidos (IRS, na sigla em inglês) Steve Berryman contou que bilhetes escritos à mão que foram encontrados no cofre da Klefer, em ação da Polícia Federal em 2015 no Rio de Janeiro, indicariam pagamentos de propina aos últimos três presidentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Na sede da empresa, de propriedade de Kleber Leite, ex-presidente do Flamengo, os investigadores encontraram, segundo Berryman, anotações de pagamentos de US$ 1 milhão, relativo à Copa do Brasil, e US$ 3 milhões, ligados à Copa America. Ao lado, aparece a sigla MPM, que na interpretação da acusação simboliza os nomes de Marco Polo Del Nero e José Maria Marin, réu no processo.

Em outro bilhete escrito à mão, também aparece menção a MPM, relativo a "vários negócios", com a anotação US$ 3 milhões para cada C.A. (interpretada pela Procuradoria como Copa America). Havia indícios também, de acordo com a testemunha, de US$ 1 milhão relacionado à Copa do Brasil.

Além de detalhar o que considera ser o caminho da propina para Marin, em dois depósitos de US$ 900 mil, referentes a suborno pela liberação de direitos de transmissão para TV e broadcast para a Copa Libertadores, e um de US$ 3 milhões, para a Copa America, o agente da Receita também mencionou nesta sexta o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira.

No mesmo bilhete, na área referente à Copa America, havia menção a um pagamento de US$ 1 milhão para "Miami". Teixeira mudou-se para o estado norte-americano da Flórida após deixar a entidade, em 2012.

O procurador perguntou à testemunha se havia investigado algum dirigente brasileiro com negócios ou bens em Miami. Ele respondeu que "sim, Ricardo Teixeira".

Foram apresentados, então, documentos da compra, por Teixeira, utilizando uma de suas empresas, a Ochab, da casa da ex-tenista russa Anna Kournikova, no valor de US$ 7,425 milhões, em 2012.

Antes do início dos depoimentos desta manhã, a defesa de Marin voltou a salientar que o código criminal dos Estados Unidos é diferente dos do Brasil e Paraguai, onde fica a sede da Conmebol, e gostaria de expor a situação de forma detalhada ao júri, mas a Procuradoria recomendou que não fossem validados os argumentos desta linha de raciocínio.

A juíza Pamela Chen ainda não decidiu se permitirá o uso da estratégia, mas não permitiu que a defesa fizesse questionamentos à testemunha nesta sexta-feira. A responsável pelo caso também dispensou os jurados, que voltarão à Corte apenas na segunda-feira (11).