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Kannemann conquista Grêmio com jeito "viking" e pagode anos 1990

Argentino com jeitão de brasileiro, Kanemann conquistou o Grêmio fora de campo - Lucas Uebel/Grêmio
Argentino com jeitão de brasileiro, Kanemann conquistou o Grêmio fora de campo Imagem: Lucas Uebel/Grêmio

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

12/12/2017 04h00

Grêmio e Kannemann estão em um relacionamento sério. Nesta terça, às 15h, o xerifão argentino será um dos pilares do time que inicia a disputa do Mundial de Clubes contra o Pachuca, do México. Campeão da Libertadores, o Tricolor enxerga no zagueiro um de seus coadjuvantes mais vitais para o time. Muito bom no campo, melhor ainda fora dele. O argentino já fala português fluente, gosta de pagode anos 1990 e nas férias foi ao Rio de Janeiro assistir ao Carnaval.

O estilo de jogo se complementa com uma personalidade carismática. “Ele está plenamente adaptado. Quando estávamos no caminhão [durante desfile pelas ruas de Porto Alegre em virtude do título da Libertadores] eu brinquei: 'Tu não pareces argentino'”, disse Romildo Bolzan Jr., presidente do Grêmio. “Ele era o mais alegre e empolgado na festa”.

Kannemann dá banho de espumante em torcedores do Grêmio na volta a Porto Alegre - Divulgação/Grêmio - Divulgação/Grêmio
Imagem: Divulgação/Grêmio

No caminhão, Kannemann pegou uma garrafa de espumante e virou para o público. Antes, já havia festejado com goles de cerveja ao lado de Barrios e Luan. Ainda no vestiário do La Fortaleza, foi um dos primeiros a puxar as músicas da torcida entre os jogadores.

Kannemann tem seu lado argentino, sim. Um destes vértices portenho foi flagrado pelas câmeras e viralizou nas redes sociais. As imagens mostram o zagueiro dando tapas no próprio corpo segundos antes de entrar em campo.

“Ali cada um se prepara do seu jeito”, comentou o próprio xerifão. “Ele é contagiante, essa é a verdade. Ele é competitivo e sempre ativo. Quem está por perto não fica indiferente”, relatou Rogério Dias, preparador físico do Grêmio.

Outra filmagem registrou orientações dele ao time, contra o Lanús-ARG, na final da Libertadores. Suspenso, o gringo viu a partida em uma cabine que era para ser de imprensa e acabou virando camarote.

“Ele é um argentino brasileiro. Em uma semana de clube foi parar na rouparia do clube para tomar chimarrão. Ele foi abraçado pelo grupo e abraçou todo mundo”, contou Dias.

Fato. No Instagram, um dos primeiros registros de Kannemann foi ao lado de funcionários da rouparia do Grêmio escutando ‘Só Pra Contrariar’. Na conta do zagueiro ainda aparece um vídeo na Marquês de Sapucaí com a bateria da Grande Rio durante o Carnaval de 2017. O apreço pela festa vem desde a infância e por conta da cidade natal.

Kannemann cresceu no Nordeste da Argentina, quase na fronteira com o Brasil. Lá, ficou ouvindo muita coisa da cultura brasileira e gostou. Quando chegou ao Grêmio, no ano passado, teve a chance de viver tudo mais de perto e não pensou duas vezes.

O Grêmio encontrou Kannemann a partir de um trabalho profundo de prospecção. Campeão da América com o San Lorenzo, ele estava no Atlas-MEX e vivia dias difíceis. O clube pagou cerca de US$ 1 milhão e já negocia renovação contratual. Um aumento gordo ao ‘viking’, apelido recebido pelos colegas, antes mesmo da conquista da Libertadores.

"Vamos valorizar o contrato dele, fez por merecer. Ele se entusiasma por conta própria. Ele é autossustentável", resumiu Bolzan Jr.

Provocação ao Inter nasceu com ele

Depois do tri da Libertadores a torcida do Grêmio foi apresentada a uma música que alfineta o rival. “Um minuto de silêncio... Shhhhh. Para o Inter que está morto”, cantaram os jogadores. A canção foi criada por Kannemann, no ano passado.

O zagueiro trouxe o ritmo do futebol argentino, onde a canção é bem comum. Em 2016 ela foi adaptada para a rivalidade Gre-Nal, mas havia ficado restrita ao vestiário. Neste ano, Edilson gravou a cantoria e jogou nas redes sociais. Foi a senha para se tornar hit entre os gremistas.

Nos Emirados Árabes, a partir do dia 12, o Grêmio vai ter novos episódios de um relacionamento sério com seu zagueiro. Torcida, elenco e direção. Se o ritmo for mantido, a relação entre Kannemann e o Tricolor ficará ainda mais forte.