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Aquecimento especial e 'cria da casa' garantem fôlego do Grêmio

Rogério Dias está no Grêmio desde 2000 e chegou ao time principal em 2011 - Lucas Uebel/Grêmio
Rogério Dias está no Grêmio desde 2000 e chegou ao time principal em 2011 Imagem: Lucas Uebel/Grêmio

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

15/12/2017 12h00

O Grêmio chega à final do Mundial de Clubes, contra o Real Madrid, carregando na bagagem 78 jogos disputados ao longo da temporada. Apesar do cansaço, o Tricolor segue à risca a ideia de jogar de forma ofensiva e para isso requer fôlego. E esse gás é garantido por um nome bem conhecido nos corredores da Arena: Rogério Dias. Preparador físico formado dentro do clube, ele ganhou espaço com Roger Machado e se tornou vital pelo método diferente.

O aquecimento do Grêmio, seja no dia a dia ou antes do jogo, é especial. Voltado para as ideias da comissão técnica. Além disso, o Tricolor sustenta seu preparo físico com cargas individualizadas e um diálogo constante junto aos atletas.

“A gente tenta otimizar o tempo. O meu entendimento de jogo é isso: a gente precisa ter já no aquecimento momentos do jogo. Campo reduzido para atacar, defender. Trabalhar transição. Abordar a estratégia do jogo. Quando vamos jogar com posse, procuro direcionar o aquecimento para deixar o time pronto. A gente procura especificar os trabalhos. Isso vem de leitura, troca de experiências. Eu procuro buscar muita coisa, conversar com pessoas de fora. A ida à seleção me ajudou muito também, eu troquei ideias com preparadores e atletas. A gente bebe muito do que é feito lá fora, como eles treinam e recuperam. Como pensam. A gente procura adaptar tudo isso a nossa realidade do Brasil. Calendário, estruturas, demandas”, disse Rogério Dias, chamado no clube apenas de Rogerinho.

Depois do título da Libertadores, o Grêmio viajou ao Mundial com fadiga física e mental. A folga geral de quatro dias aliviou um pouco a condição de todos e no longo deslocamento houve cuidado grande para evitar um problema indesejado. Em solo árabe, o trabalho é de manutenção física.

“Nessa época do ano não tem como melhorar performance. É manutenção”, comentou. “A parte física, nesse período, é recuperador físico (risos)”, completou depois.

Além dos índices durante os jogos, atestando o preparo e resistência do time, o Grêmio celebra o fato de chegar com todo elenco à disposição. Só não jogam os lesionados, mas nenhum deles com problema muscular.

“Como foi o primeiro ano de um calendário estendido, a gente fez um programa de treinos para atingir o ápice e depois faz trabalho de manutenção. Isso com a maioria do grupo, mas existem trabalhos pontuais em déficits e que exigem algo específico. A gente fez manutenção e chegamos bem ao final da competição. Botamos 95% do plantel à disposição e isso é muito satisfatório. É gratificante”, contou Rogério Dias.

Para Rogerinho, o momento atual é ainda mais especial. A trajetória dele dentro do Grêmio faz a conquista da América e a presença no Mundial de Clubes ter outro sabor.

“Para a gente que vem do clube... Eu comecei em 2000, cheguei ao profissional em 2011 e um título assim parecia muito distante. Mas a gente foi chegando, beliscamos o Brasileiro. A Copa do Brasil chegamos perto, depois ganhamos. E a Libertadores é uma emoção enorme. Ajudar na campanha de um título desses, que o clube não tinha há 22 anos, é muito legal. É muito emocionante e gratificante. O clube apostou nos profissionais criados em casa”, vibra.

Na final, o Grêmio terá ônus e bônus. Ao contrário do Real Madrid, está com mais ritmo de jogo. Mas também tem a fadiga acumulada de toda uma temporada cheia de partidas. O segredo para manter o time inteiro? Equilibrar e individualizar.

“A gente chega com ritmo de jogo. Isso estamos à frente dos demais. Mas a contrapartida é estarmos com 70 jogos na temporada. Tem o desgaste físico aí, claro. Mas o segredo é termos bem claro e saber individualizar bem as cargas de trabalho. Respeitar individualidades biológicas dos nossos atletas. O treinamento de um não é igual ao do outro. Com isso, mantendo o equilíbrio, podemos conduzir bem e vamos tentar na melhor condição possível”, explicou Rogério Dias.

No sábado, em Abu Dhabi, Rogerinho vai fazer o aquecimento especial. Estará ao lado do Grêmio e vai torcer e trabalhar garantindo que o fôlego não falte. Com ar nos pulmões e pernas não tão pesadas, o Tricolor tentará bater o Real Madrid.