Topo

Jornal: Cartas põem em xeque ação de Infantino em escândalo na Turquia

Alexander Nemenov/AFP
Imagem: Alexander Nemenov/AFP

Do UOL, em São Paulo

15/12/2017 08h05

Os jornais “The Guardian” e o "Estado de S. Paulo" publicam nesta sexta-feira uma reportagem em que mostram uma troca de cartas em 2012 entre o atual presidente da Fifa, Gianni Infantino, e o secretário-geral da federação turca, Ebru Koksal, que indica conivência do então dirigente da Uefa para a aplicação de penas mais leves em escândalo de manipulação de resultados na Turquia.

Segundo o "The Guardian", a “firmeza da postura de Infantino está em xeque" por ele não se opor, de acordo com correspondências datadas de janeiro de 2012, que a federação local aplicasse penas mais brandas do que as previstas no próprio regulamento disciplinar da entidade. Ele era secretário-geral da Uefa na época,

O centro da polêmica está na conquista do título nacional pelo Fenerbahce, em 2011. O time superou o Trabzonspor no saldo de gols, mas posteriormente 36 funcionários e jogadores do clube campeão, incluindo o presidente Aziz Yildirim, foram condenados por manipulação de resultados.

Na época, a Uefa aplicou sanções ao clube, o tirando de duas temporadas de competições europeias. Porém, de acordo com o jornal, houve um relaxamento na aplicação das penas de âmbito local depois que Ebru Koksal entrou em contato com Infantino, em 19 de janeiro de 2012.

Na carta, de acordo com os jornais, o dirigente turco questionava sobre a possibilidade de, em vez de decretar o rebaixamento automático conforme estipulava o regulamento geral, o Fenerbahce tivesse apenas 12 pontos deduzidos da competição seguinte, além da perda do título de 2011. A medida seria uma tentativa de evitar prejuízos financeiros com a presença do Fenerbahce na Série B nacional.

O “The Guardian” informa que Infantino respondeu a Koksal no dia seguinte, 20 de janeiro de 2012, assegurando que não infringiria as regras da Uefa para que as menores penalidades fossem aplicadas. "A tarefa de lidar com este assunto é principalmente da responsabilidade da federação".

Porém, o jornal revela que o então secretário-geral foi além e escreveu. "Podemos dizer, em nome da Uefa, que, levando em consideração todas as circunstâncias, sua proposta parece constituir uma razoável, proporcional e apropriada resposta para abordar este assunto", disse.

O presidente da federação turca na época, Mehmet Ali Aydinlar, disse publicamente, após sua renúncia em 2013, que um acordo com a Uefa foi alcançado para evitar que os clubes turcos perdessem muito dinheiro com um rebaixamento do Fenerbahce. Istambul sediou um congresso da entidade dois anos depois.

O Trabzonspor, porém, nunca foi declarado oficialmente campeão da competição sob suspeita e ainda tenta conseguir o título via CAS (Corte Arbitral do Esporte), Uefa e agora Fifa. Ao "The Guardian", o advogado Erdem  Egeme falou em nome do clube.

"Ainda estamos discutindo a decisão da TFF (federação turca) de não aplicar suas próprias regras disciplinares e vamos pedir que o Fenerbahce seja despojado do campeonato, que deve ser concedido ao Trabzonspor. A TFF violou seus próprios regulamentos e os princípios da Uefa de fair play e tolerância zero. Não podemos explicar ou justificar a abordagem da Infantino ou a cooperação da Uefa com isso ", disse.

O jornal diz que, em comunicado, Infantino afirmou que tem um forte histórico sobre o combate à manipulação de resultados, mas não falou diretamente sobre o conteúdo da carta. "Na época, a Uefa estava na vanguarda na erradicação manipulação de resultados, com medidas pioneiras sendo implementadas. Uma estreita cooperação com autoridades policiais e judiciais foi iniciada e implementada em toda a Europa. Finalmente, foram tomadas decisões disciplinares fortes. Estes são os fatos e são claros ", disse.