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Após "montanha-russa" de perfis, Palmeiras deve ter continuidade com Roger

Roger Machado será o treinador do Palmeiras em 2018 - José Edgar de Matos/UOL
Roger Machado será o treinador do Palmeiras em 2018 Imagem: José Edgar de Matos/UOL

Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

16/12/2017 04h00

O ano do Palmeiras terminou com o vice-campeonato brasileiro, mas é consenso dentro e fora do clube que as altíssimas expectativas traçadas no início da temporada 2017 não foram alcançadas. A eliminação nas oitavas de final da Libertadores e a distância para o rival Corinthians no Brasileirão foram golpes duros para uma equipe que investiu pesado e tinha a meta de pelo menos um grande título. Um problema que prejudicou o time ao longo de todo ano, entretanto, tende a não se repetir.

Desde a saída de Cuca no final de 2016 após a conquista do título brasileiro, o clube alviverde viveu uma verdadeira "montanha-russa" de estilos de comando e de perfis da comissão técnica. Eduardo Baptista, o próprio Cuca na segunda passagem e Alberto Valentim levaram ao clube maneiras diferentes e às vezes até opostas de se relacionar com o elenco e de entender o futebol, o que pode explicar boa parte do desempenho irregular na temporada.

Com Roger Machado, porém, a transição de treinador deve ser bem menos brusca do que as três trocas sofridas em 2017. A nova comissão técnica viu com bons olhos o trabalho do interino Alberto Valentim, que substituiu Cuca e comandou o Palmeiras em 11 jogos na reta final da temporada, e deve manter, pelo menos no início, vários elementos introduzidos pelo antecessor, que não vai continuar no clube em 2018.

Valentim - Cesar Greco/Ag. Palmeiras - Cesar Greco/Ag. Palmeiras
Ideias do trabalho de Valentim devem ser aproveitadas
Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Entre as ideias de Valentim que se encaixam com a visão de futebol de Roger e seus auxiliares estão a marcação por zona, a ocupação do campo adversário com muitos jogadores próximos e a valorização da posse de bola, com trocas rápidas de passes. Já a avaliação sobre a linha defensiva bem adiantada - que se tornou uma espécie de marca negativa do trabalho de Valentim, após gols sofridos nas costas dos zagueiros - é que se trata de uma boa ideia, mas que faltou tempo de trabalho para ela funcionar corretamente.

Em comparação, as trocas anteriores de treinador trouxeram mudanças muito mais radicais para o modo de jogar do Palmeiras. Após Cuca ser campeão com um estilo baseado em perseguições individuais na marcação, um jogo muito físico e ataques diretos, Eduardo Baptista tentou fazer o time ser mais paciente, circular mais a bola no meio-campo e correr menos na marcação. Alternou atuações boas e ruins, até ter o trabalho interrompido pela demissão em maio.

O próprio Cuca assumiu novamente, em mais um choque de estilo. Desta vez, as apostas que levaram ao título em 2016 não deram certo, e novamente a equipe foi irregular, com um desempenho coletivo bem abaixo do ano passado; jogadores como Borja e Felipe Melo perderam espaço. Por fim, a partir de outubro, outro trabalho recomeçando do zero, com o interino Valentim tentando modificar rapidamente o estilo de Cuca e deixar o time com sua cara antes do final do ano.

A avaliação interna na comissão técnica, portanto, é que aproveitar a base deixada por Valentim em vez de fazer mais uma revolução na maneira de jogar do Palmeiras significa uma vantagem no começo do ano. Sem tempo de trabalho, qualquer estilo de jogo fica muito mais difícil de ser bem executado.