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Fluminense revive política de sucesso dos anos 70 para reforçar o time

Gustavo Scarpa é moeda de troca valorizada no Fluminense - Nelson Perez/Fluminense F.C
Gustavo Scarpa é moeda de troca valorizada no Fluminense Imagem: Nelson Perez/Fluminense F.C

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

16/12/2017 04h00

Sem grana em caixa, resta ao Fluminense criatividade para montar o seu elenco para a temporada de 2018. Com alguns excelentes ativos no elenco, o Flu negocia trocas com Inter e Palmeiras. Com o Colorado há a possibilidade de Sasha, Valdivia ou Fernando Bob entrarem em um negócio que envolve Wellington Silva. Já com o Alviverde o negócio envolve Gustavo Scarpa, que pode protagonizar uma transação com Roger Guedes e Hyoran. O São Paulo também acenou com reforços pelo camisa 10, mas as conversas seguem.

A tática não é novidade nas Laranjeiras e resultou na formação da Máquina Tricolor, talvez o mais célebre tima da história centenária do clube. Em 1975, o então presidente Francisco Horta radicalizou: propôs uma mudança de peças entre os quatro grandes do Rio de Janeiro.

Cedeu aos rubro-negros o goleiro Roberto, o lateral Toninho e o ponta esquerda Zé Roberto. Em troca, o Tricolor ficou com o goleiro Renato, o lateral esquerdo Rodrigues Neto e o atacante Doval. O Vasco foi reforçado com o zagueiro Abel, o volante Zé Mário e o lateral Marcos Antônio, recebendo como compensação Miguel e um valor em dinheiro. Com o Botafogo, o negócio foi Manfrini e Mário Sérgio por Dirceu.

Passados 42 anos das transações que revolucionaram o futebol carioca, Horta relembra com carinho a iniciativa mas prefere não comparar as épocas. Apesar das diferenças, o ex-presidente saúda a iniciativa do clube de coração.

"A gente tem de se adaptar aos tempos. O troca-troca dos anos 70 foi de craque por craque, o que não é possível. É uma questão de sobrevivência, mas é indispensável para clubes que passam enorme dificuldades, assim como o Rio de Janeiro. Precisamos reconhecer que nosso futebol não é mais o melhor do mundo", opinou Horta.

A política de reforçar o time utilizando a estratégia é admitida inclusive pelo presidente Pedro Abad, ciente de que as dificuldades financeiras são gigantescas. Como os outros clubes também não nadam em dinheiro, salvo raríssimas exceções, os "pacotões" estão em alta.

"A única saída é fazer time, não trocar jogador modesto por outro modesto. Mas montar time leva tempo. Criticar é fácil, fazer é que é difícil", disse o ex-presidente.

O Flu estuda as ofertas e pretende "arrancar" dos rivais o maior número de jogadores que possam chegar com status de titular. Sem um gerente desde a demissão de Alexandre Torres, os tricolores ainda buscam um profissional com intimidade com o mercado para ajudar nas transações. Por ora, as possibilidades são discutidas entre Abad, Abel e Marcelo Teixeira, gerente geral do Flu.