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Mundial de Clubes tem futuro indefinido e diferença abismal para Europa

Times brasileiros não conseguem enfrentar europeus de igual para igual - François Nel/Getty Images
Times brasileiros não conseguem enfrentar europeus de igual para igual Imagem: François Nel/Getty Images

Luiza Oliveira

Do UOL, em Abu Dhabi (EAU)

17/12/2017 11h04

O Mundial de Clubes chegou ao fim com o título do Real Madrid sobre o Grêmio em Abu Dhabi. A competição, que será sediada novamente nos Emirados Árabes em 2018, tem futuro incerto e pode mudar o seu formato. Além disso, comprovou a diferença abismal entre europeus e o resto do mundo ainda que a vitória tenha sido apertada.

A cada edição, a disparidade aumenta. Nos últimos dez anos, apenas uma equipe fora do continente europeu conseguiu chegar ao topo do mundo. O Corinthians de Tite foi a única exceção ao desbancar o Chelsea em 2012.

Desde que o formato foi estabelecido com o fim da Copa Continental, apenas três times desbancaram os europeus. Todos brasileiros. O São Paulo em 2005, o Inter em 2006, além do Corinthians. Neste período, Milan, Manchester United, Barcelona (três vezes), Inter de Milão, Bayern de Munique e Real Madrid (três vezes) levantaram a taça.

Os brasileiros têm enfrentando muitas dificuldades e mostram como está cada vez mais difícil medir forças contra poderosos. Em 2011, o Santos até foi a final, mas parece não ter entrado em campo na derrota acachapante por 4 a 0 para o Barcelona.

A rivalidade tem sido apertada até com times sem expressão. Inter, em 2010, e o Atlético, em 2013, não chegaram sequer à final e deram vexame ao serem eliminados por Mazembe-Con e Raja Casablanca-Mar. Neste ano, o Grêmio também sofreu diante do Pachuca-Mex e por pouco não caiu na semifinal. 

A disparidade vai além do resultado e é visível em campo com times que não conseguem duelar de igual para igual. Em 2005, o São Paulo foi campeão ao bater o Liverpool por 1 a 0 graças à atuação brilhante de Rogério Ceni, mas sofreu o jogo inteiro sem conseguir criar e tendo que se segurar atrás. Com o Grêmio neste sábado, não foi diferente. Ainda que o placar tenha sido mínimo, o time foi totalmente dominado pelo adversário que chegou a ter 20 finalizações contra apenas uma. O Grêmio conseguiu chutar a gol uma única vez em um lance com Edilson.

O atacante Jael comentou sobre as dificuldades. “A diferença é que é o time mais rico do mundo, com melhores jogadores do mundo, é difícil. O orçamento do Real e do Grêmio é um absurdo de diferença. O Real tem os melhores do mundo. A gente foi com a mentalidade de ganhar, mas não é fácil ganhar do melhor do mundo. É trabalhar, esquecer isso aqui e pensar no ano que vem”, comentou ele após o jogo.

Novo formato

Esse formato do Mundial de Clubes também pode estar com os dias contados. Para lucrar mais e tornar o torneio mais atrativo, a Fifa estuda transformar o torneio em quadrienal, sempre realizado no ano ímpar antes da Copa do Mundo, com 24 clubes. A ideia é que substituía a Copa das Confederações que não emplacou.

Segundo o blog do Marcel Rizzo, a entidade máxima do futebol analisa a situação com cuidado por causa dos europeus e dos sul-americanos. Enquanto a Uefa quer criar seu torneio de seleções extra à Eurocopa, a Conmebol se interessa mais pela volta da Copa Continental, formato que existiu até 2004 em que o campeão sul-americano enfrentava o europeu.

Outro problema do atual formato do Mundial é o calendário. Neste ano, os dois finalistas foram prejudicados e não chegaram em suas melhores condições para a disputa. Com o esticamento da Libertadores, o Grêmio se mostrou extremamente desgastado depois de uma temporada de mais de 70 jogos. Perdeu peças importantes pelo caminho como Arthur, lesionado, que nem viajou aos Emirados. Na própria final, Luan, um dos maiores destaques da temporada, admitiu a dficuldade. “Estava meio esgotado”, disse ao final do jogo.

O calendário também não foi bom para o Real Madrid. A equipe poupou alguns jogadores na semifinal e só na final teve o retorno de Sergio Ramos, Tony Kroos e Carvajal. Agora, a equipe está mais preocupada com o super clássico contra o Barcelona que acontece nos próximos dias e é fundamental para os planos do clube na temporada.